Um técnico novo no Corinthians, contratado depois de um ótimo trabalho no clube em que saiu de auxiliar, virou interino e acabou efetivado após bons resultados. A descrição poderia ser perfeita para Tiago Nunes, atual comandante do Timão, mas se refere a Jair Ventura. Treinador alvinegro em 2018, com uma final de Copa do Brasil no currículo, ele conversou com a Goal e disse acreditar que Tiago Nunes merece mais tempo para demonstrar sua capacidade , principalmente para conhecer tudo no mesmo nível do trabalho anterior, no Athletico.
"No Botafogo, por exemplo, eu tinha dez anos de casa. Tem que dar tempo, não só o treinador está chegando, jogadores estão conhecendo a metodologia. Treinador precisa de tempo para saber onde poderia usar um jogador em outras posições, por exemplo. Foi o que eu fiz com Bruno Silva no Botafogo. Tinha Victor Luis e Diogo Barbosa, e eu consegui utilizá-los como uma dupla na esquerda porque sabia da capacidade”, exemplificou.
“O Tiago fez a pré-temporada, chegaram bons nomes, ele tem um bom time. Teve a contratação do cara que foi o melhor jogador da América já, mas para ter alternativas, precisa de tempo", emendou Jair, considerando acertada sua decisão de comandar o Corinthians.
"Hoje eu não me arrependo, disputei uma final de Copa do Brasil. Perder a final é ruim, mas ficar na frente de 68 times é bom. Jogo grande como Flamengo x Corinthians, enfrentar um cara como o Mano [Menezes, então no Cruzeiro]. Foi uma grande experiência poder jogar uma final nacional", ponderou.
Parado desde que saiu do Corinthians ao fim do Brasileiro daquela temporada , Jair Ventura afirma que tirou 2019 para ser um ano sabático, com a ideia de retomar a carreira em 2020 depois de curtir a filha recém-nascida. O problema, para ele e todo o mundo do futebol, foi a pandemia do coronavírus, que paralisou as atividades e atrasou os planos.
"Eu vinha tentando ser pai havia alguns anos e consegui quando estava no Santos. Era um momento de retribuir, poder curtir minha filha. Tirei o ano passado de estudo, reflexão, para pensar bem na vida também, quando você está no futebol se entrega 1000%. Graças a Deus, por ter começado a carreira tão jovem, não precisava atropelar. Tem o momento de saber dizer não", contou o treinador, que por outro lado reconhece que poderia aceitar convites anteriores se fossem feitos agora.
"Esse ano [2019] foi um aprendizado muito bom, com conversas diárias, semanais com a minha comissão, vendo o que passou e o que poderia ser diferente. Espero que possa normalizar tudo, não só o futebol, mas a vida como um todo para todo mundo. As coisas que apareceram no ano passado eu aceitaria neste ano. O que não aconteceu espero que tenha sido a escolha certa", concluiu.
Estrangeiros sempre bem-vindos
Jair ainda teve na entrevista a oportunidade de explicar uma fala de 2017. Na ocasião, ao comentar a chegada do técnico Reinaldo Rueda ao Flamengo, disse que os brasileiros estavam perdendo espaço interno e não poderiam brigar por esse espaço fora do país. Segundo ele, a ideia era reivindicar que as licenças brasileiras fossem aceitas fora do país, um objetivo seu na carreira.
"Eu falo francês, inglês, então é uma vontade que eu tenho de trabalhar fora do país", comentou o treinador, que espera uma oportunidade em uma liga menor europeia para, dali, tentar subir na carreira. Confiante que conseguiria trabalhar nos principais centros pela capacidade própria e por dominar tais idiomas, ele tentou concluir o raciocínio de três anos atrás.
"Eu falei da reciprocidade, só agora a nossa licença é aceita, antes não era. A CBF regularizou e nós podemos trabalhar com a PRO. Posso trabalhar na Ásia, na Europa com cinco anos de Série A já pode também. Foi interpretado de uma maneira errônea, minha mãe é polonesa, meu avô é português. Já morei na Irlanda Grécia, Gabão. Não tenho nada contra os estrangeiros", disse, valorizando bastante o desempenho de Jorge Sampaoli e Jorge Jesus no país.