Desde a chegada do técnico Jorge Jesus, o futebol do meia Willian Arão cresceu de forma tão assustadora que passou de perseguido a adorado pela torcida do Flamengo. Por méritos do português e do próprio jogador. Atento às orientações, absorveu ideias diversas, porém simples, que o tornaram peça-chave no time.
Arão viveu os últimos dois anos sob desconfiança e, até certo ponto, perseguição dos rubro-negros. Participando de diversos esquemas táticos que atrapalhavam seu desempenho e com algumas pitadas de exageros nos passes errados, ele se tornou um dos símbolos do Flamengo que não rendia.
Hoje é o inverso. Arão é o grande exemplo de que com trabalho e vontade de mudar, o futebol brasileiro pode aproveitar muito melhor seus bons jogadores. Caso dele próprio. Como vamos explicar mais abaixo, o meia variou conforme as necessidade e compreendeu que o famoso grito "Tá mal, Arão" não era uma simples cobrança, era o mantra da sua mudança.
Em seus primeiros jogos, o técnico colocou o jogador ao lado do Cuéllar, que fazia o papel mais de contenção e pecava muito na parte ofensiva. Por isso, Arão se tornou o dono do meio-campo, sendo crucial nos apoios aos meias-atacantes e na transição ofensiva rápida. Sem falar em sua forte presença na área, algo que sempre carregou nos bons e maus momentos.
Porém, agora, com a saída do colombiano, novamente Jesus muda sua função. Mais preso à marcação, Willian é o grande responsável pela sustentação defensiva quando outros jogadores sobem ao ataque, apoiam ou dão combate. Principalmente Filipe Luis. O lateral esquerdo, cuja pressão sobre a bola é marca maior, sempre cumpre rigorosamente seu papel tático e alguém cobre seus espaços.
Quando sobe ao ataque, Arão é o homem que fecha a linha defensiva na recomposição em caso de contra-golpe ou pressão na frente para tentar recuperar a bola. Pelo lado direito, Gérson também por vezes cumpre essa função. Mas é Arão quem agora faz esse trabalho com mais frequência também pelo setor.
Já com o time recomposto, Arão também fecha a linha defensiva em caso de saída dos zagueiros, principalmente Pablo Marí, cuja velocidade e combate forte vêm rendendo muitos elogios. Mas nunca deixando um vazio para que o adversário ataque por ali. É o meia, então, quem não deixa a equipe desestruturar.
Arão é reflexo do novo Flamengo e vive o auge da sua carreira. Com orientações e muito trabalho cresceu. Ou melhor, está crescendo. Jesus ressuscitou o seu futebol e tornou fundamental sua titularidade. E como diz na Bíblia: os humilhados serão exaltados.
Bruno Guedes é músico, apaixonado por futebol e beisebol. Brasiliense por certidão e carioca de coração, acredita no futebol brasileiro e tem Romário como o maior jogador que viu dentro das quatro linhas.