João Félix, contratação recorde do Atlético de Madrid (126 milhões de euros), falou em entrevista à plataforma 'Benfica Play' sobre os tempos em Portugal e sobre as novidades na Espanha, além de lembrar episódios que viveu como um jogador no começo de carreira.
Festa ou futebol?
"Os outros miúdos tinham catequese e eu nunca tive, não tinha tempo. Também não queria, não gostava, mas não tinha tempo. O fim de semana era sempre a jogar futebol, por vezes tinha jogos ao sábado e domingo. Para aí nos meus 14, 15, 16, 17 anos, quando a malta começa a sair à noite, eu não podia. Depois acordas de manhã e eles mandaram-te vídeos na noite. E tu pensas "eh pá, isto é fixe".
"Mas na verdade eu preferia ter jogo do que ir para uma festa. Na altura custa, gostava de ter estado em algumas festas, mas agora olho para trás e penso que valeu a pena".
Atlético de Madrid, a realização de um sonho
"O sonho de qualquer jogador é jogar numa das melhores equipas do mundo e o Atlético é uma delas. Tive vários clubes interessados, mas acabei por escolher o Atlético porque era o que mais me agradava e acho que é o que me vai dar as melhores condições para poder evoluir."
Passagem no Benfica e gol contra o Porto
"Foi dos golos mais marcantes. Tinha jogado lá, as pessoas falavam muito nas redes sociais por ter saído do FC Porto para o Benfica. Os portistas não gostam de mim e nesse jogo, se ganhássemos passávamos para o primeiro lugar. Marquei e foi na baliza grande deles. Aquele festejo foi mesmo... Foi pena não ter durado mais tempo, porque o Rafa puxou-me para trás. Foi ao VAR e estava a ver que não era golo. Marquei em Alvalade, Dragão, melhor era impossível e passámos para primeiro".
Gol em Júlio César
"Quando havia seleção, chamavam os miúdos da B e dos juniores, aos 16 anos fui chamado e estava a jogar com o Luisão, André Almeida, Lisandro, Júlio César... Ganhámos 1-0 e fiz o golo. Quando acaba o treino é que pensamos, 'vejo-os no fim de semana e fiz o golo ao Júlio César'. Quando chego a casa, conto ao meu pai e amigos e eles não acreditam, ficaram histéricos como eu."
Mas houve um gol mais especial do que os marcados contra o Porto e contra Júlio César. Foi no Real Madrid pelas Youth League em 2017: "Dois golos numa meia-final contra o Real Madrid. Quem não gostava de fazer. Até houve invasão de campo. O meu pai estava lá a ver e veio ter comigo. Quase nunca o vi a chorar e nesse dia ele chorou."
Hat-trick na Liga Europa
"Foi como libertar todo o peso que tinha sobre mim. Ninguém sabe disto, vou só contar agora. Uma vez no balneário, já não sei porquê, ouvi umas boquinhas, na brincadeira, mas na atura estava mesmo em baixo, fui para a casa de banho e comecei a chorar. Nem os meus pais, nem o meu colega de quarto soube disto. Dois dias depois, fiz o hat-trick e libertei tudo, a raiva que tinha, a pressão. Nem fiz mais nada no jogo."
Fugir para comer hambúrgueres
"A namorada do Diego (colega no Benfica) já tinha carta e ele ligou-lhe a meio da noite, porque de vez em quando dava-nos fome. Fomos para a parte de trás do centro de estágio, porque havia câmaras e tínhamos de ir pelas partes escuras buscar fast food. E fizemos assaltos ao bar do estádio. À noite eu e o Pedro Álvaro fomos à máquina da comida e depois vimos um carro de golfe, fomos ver se estava lá a chave e estava. Andámos com o carrinho de golfe pelo campo e não fomos apanhados. Depois ele foi outra vez com outro colega e foi apanhado. Faz parte, estamos ali fechados e apanhamos seca", concluiu.
April 18, 2020