Uma das principais promessas das categorias de base do Corinthians, o meia Fabrício Oya é definitivamente um jogador diferente e tem tudo para em breve trazer muitas alegrias para o torcedor 'alvinegro'. Clássico camisa 10, o “japa”, como é chamado por alguns de seus companheiros, chama a atenção por conta do seu talento para bolas paradas, sua técnica apurada e sua personalidade dentro e fora das quatro linhas.
Em entrevista exclusiva à 'Goal Brasil', o badalado jogador, que completou 18 anos no último dia 23 e tem contrato avaliado em 50 milhões de euros (cerca de 186 milhões de reais na cotação atual), falou sobre o seu sonho de se destacar no time profissional do clube do seu coração.
“Quem não queria estar aqui? Quem não queria vestir a camisa do Corinthians e entrar na Arena lotada com 40 mil torcedores gritando o seu nome? Acho que isso é um sonho para qualquer um e não só para mim, mas acho que fica ainda maior por ser corintiano e estar aqui há sete anos. O amor por esse clube é muito grande, então espero que daqui um tempo, quando eu estiver preparado, possa subir e deixar a minha história aqui também”, afirmou.
Fabrício Oya chegou ao 'Timão' aos 12 anos precisando provar para muitos que estava ali por conta da sua qualidade e não por ser “filho do dono” de quatro unidades da escolinha do clube, a Chute Inicial, em Campinas. Com talento e maturidade, porém, o meia foi vencendo o preconceito até chegar ao status atual de joia da base.
“Graças a Deus, meus pais puderam me dar uma condição boa. Acho que isso foi um dos motivos que levou até para o lado contrário. Muita gente questionava o motivo de eu estar jogando bola, diziam que eu deveria deixar essa oportunidade para outras pessoas ou até mesmo que estava no Corinthians por causa das escolinhas do meu pai. No fim, acho que isso me serviu não como uma coisa ruim, mas como um incentivo, porque queria mostrar que eu merecia estar aqui e vestir a camisa 10. Acho que consegui provar isso e tenho muito mais ainda para dar e mostrar”, contou o garoto que já conquistou 12 títulos na base.
Mantido no elenco sub-20, mas já participando de treinamentos com o time profissional desde o ano passado, Fabrício Oya também falou sobre a ótima campanha da equipe comandada por Fábio Carille, contou que sempre que pode está na Arena Corinthians e ainda disse esperar em breve estar atuando na casa corintiana com a 'Fiel' gritando o seu nome.
“Vou treinar bastante agora (com os profissionais). Acho que o que explica esse grupo estar tão unido e forte é isso de que quando vou subir eles me acolhem muito bem, todos querem me ajudar a estar lá, você vê todo mundo sorrindo e feliz e um querendo ajudar o outro. Isso explica o Corinthians estar assim hoje e o motivo de todos estarem querendo jogar como o Corinthians... Só se alguma coisa muito diferente acontecer, mas acho difícil o Corinthians não levar o título neste ano”, declarou.
“Lógico (que nas folgas vou assistir o time principal). Tem que ir, porque, querendo ou não, é um sonho estar lá e quando vejo aquela torcida gritar eu me arrepio inteiro e falo: ‘Caramba, um dia tenho que estar aqui e um dia vou estar aqui’”, ressaltou.
Goal – Você começou a jogar bola em uma das escolinhas Chute Inicial do seu pai lá em Campinas e passou por várias etapas até chegar onde está hoje. Conta um pouco pra gente da sua história.
Desde pequeno eu sempre brinquei de bola, até também por influência da família, que sempre está no meio e gosta de ver futebol. Comecei nas escolinhas Chute Inicial do Corinthians, em Campinas, que são do meu pai, e depois, vim fazer o teste aqui no Corinthians. Tentei duas vezes e na terceira consegui passar. Sou muito feliz aqui, agradeço a todos que fizeram parte da minha história aqui, que me ajudaram e seguem me ajudando a crescer cada vez mais no clube.
Goal – Agora, como é viver tão perto de realizar o seu sonho de chegar aos profissionais, mas ao mesmo tempo ver vários companheiros ficando pelo caminho?
Com o tempo vai afunilando e ficando os que querem e podem dar mais... Não que os que saíram não pudessem dar mais, mas acho que quem faz um pouco mais se sobressai e para chegar lá em cima você precisa ser melhor do que os que já estão lá. Acho que isso me dá mais motivação, porque você vê o pessoal que estava do seu lado há anos no clube ser mandado embora e pensa: “Imagina se fosse comigo?”. Eu acabo dando apoio para eles e uso isso como incentivo para trabalhar para que isso não aconteça comigo.
Goal – Apesar da rotina corrida, você sempre conciliou a vida de jogador com os estudos e procurou aprender outros idiomas. O quanto isso foi e está sendo importante?
É muito importante. Querendo ou não o estudo te dá uma segunda opção. Isso sem falar que melhora o seu raciocínio e faz trabalhar com outras partes do cérebro, então ajuda dentro de campo a pensar mais rápido e saber o que fazer com a bola. Sobre os idiomas, hoje o inglês é a primeira língua do mundo, então ajuda na hora de um clube te ver e ainda te valoriza. Acho que estou cada vez mais fluente no inglês e procuro também aprender outras línguas, que também são importantes e vão me valorizar como atleta.
Goal – Depois do título da Copinha, inclusive, você passou no vestibular e chegou a iniciar a Faculdade de Educação Física, mas acabou precisando trancar. Pensa em voltar?
Passei em Educação Física, mas acabava faltando muito por causa da rotina corrida e complicada de jogos e viagens. Falei com meus pais e achei que era melhor trancar no momento. Vou esperar minha definição mesmo, ver como vai ser a minha carreira e com o tempo pretendo voltar, talvez, não presencial, mas a distância já seria mais fácil e tranquilo. O momento agora é focar no inglês e depois continuar essa parte da Educação Física, porque carreira de jogador é curta e mais pra frente isso vai ser bom para mim.
Goal – Pra quem não te conhece direito, quais são suas características dentro de campo?
Para quem ainda não me conhece, sou um jogador com muita técnica, acerto de passes, que gosta muito da bola parada, sabe fazer gols e que nunca deixará de demonstrar vontade dentro de campo.
Goal – Quais são os jogadores que você tem como ídolo e se inspira?
Não tive a oportunidade de ver com a experiência que eu tenho hoje do futebol, mas os da infância que eu gostava muito e procuro vídeos e lances hoje na internet são o Pirlo, Ronaldinho, Zidane... Hoje, procuro muito ver o Iniesta, Neymar, Messi. O Neymar e o Messi podem até ter características diferentes, mas o futebol é o mesmo, o jeito de jogar, de ser feliz e procurar a criatividade, então acho que isso me inspira muito. Nas bolas paradas, Pirlo e Ronaldinho acho que nunca terá igual.
Goal – Neto e Marcelinho Carioca foram dois grandes batedores de falta da história do Corinthians, mas creio que você não chegou a acompanhar eles. O Coelho, que é seu treinador no Sub-20, também marcou gols de falta...
Vídeo eu procuro ver toda hora. O Neto e o Marcelinho, porque foram grandes batedores e são ídolos do Corinthians, então tenho que me espelhar nesses ídolos. O Coelho, querendo ou não treinou com o Marcelinho, teve umas dicas e foi um grande batedor de falta e hoje me ajuda muito nessa questão. Não é a toa que também tenho essa qualidade e com ela e as dicas desses grandes jogadores, vou me aprimorando cada vez mais para me tornar um grande especialista nisso.
Goal – Multa alta, interesse de grandes clubes europeus, expectativa alta de dirigentes e torcedores... Como você trabalha para que tudo isso não te atrapalhe?
Deixo isso para fora das quatro linhas, para os meus pais, assessores e assim vai. A decisão final também é minha e tudo isso só vem se eu fizer dentro de campo. Tenho que ficar feliz, jogar tranquilo e leve, porque futebol eu acho que sei jogar. Se eu estiver jogando bem e fazendo gols isso vem, então não é como uma pressão, mas como um incentivo de buscar o melhor Sou bem tranquilo e não encaro isso tudo como pressão.
Goal – Você acha que ter seguido neste ano no sub-20 está te ajudando a se desenvolver ainda mais ou pensa que já poderia ter subido para o time principal depois da Copinha?
Esperar subir todo mundo espera, mas confio no trabalho que o Corinthians está fazendo e no projeto que eles têm pra mim. Enquanto eu estiver no Sub-20 também não é nenhum demérito. Tenho muita coisa para provar e dar aqui ainda. Quando acharem que eu estou preparado e maduro vou subir e darei o meu melhor para ajudar o Carille.
Goal – O quão importante é essa experiência e responsabilidade que você vem tendo no Sub-20?
Sempre joguei numa categoria acima e fui me destacando. Acho que isso me trouxe um amadurecimento maior mais rápido. Já estou há dois anos no Sub-20, então acabo sendo uma influência para quem está subindo agora. Acabo tendo essa responsabilidade e gosto de ter isso em cima de mim, porque na hora que mais precisam quero que contem comigo.
Goal – O fato de mais jogadores da base estarem sendo usados no profissional também anima vocês já que até pouco tempo esse número era bem menor?
Sim. Se você olhar o elenco profissional, muitos são da base, fora os que já saíram e que foram revelados pelo clube. Acho que eles estão sabendo aproveitar e essa integração está muito maior, principalmente agora com o Osmar (Loss) e o Carille, que era auxiliar do Tite e via muitos jogos nossos. Sempre conversamos e nos perguntamos se podemos subir depois de uma campanha boa como foi a da Copinha, mas confiamos muito nos profissionais do clube e eles sabem quem está pronto e quem ainda não está.
Goal – Já consegue imaginar a torcida gritando o seu nome como tem feito neste ano com o Pedrinho e até quem sabe fazer uma parceira com ele no time profissional?
O Pedrinho é um cara que desde o sub-15 estamos juntos. Apesar dele agora estar no profissional continuamos nossa amizade e estamos sempre juntos, então fico muito feliz por escutar o nome dele quando estou na Arena. É um cara que estava do meu lado, o conheço, é uma pessoa do bem, então desejo tudo do melhor pra ele e espero que ano que vem também possa ser a minha vez (risos).
Goal – Quais são seus planos para o futuro?
Tenho meus projetos. Espero em dois anos estar jogando bem e ganhando títulos para ser lembrado na história do Corinthians. Se Deus quiser, jogar na Europa, claro, e buscar uma Copa do Mundo pelo nosso país. Acho que alcançando isso é o auge da sua carreira, o máximo que um jogador pode dar. Esse é o meu sonho e espero poder concretizar isso.
Goal – Então, já dá pra sonhar em estar disputando a Copa do Quatar em 2022?
Tem que buscar sempre o maior sonho do jogador, então espero o Quatar e até antes, em 2020, no Japão, estar nas Olimpíadas representando nossa Seleção.
Goal – Por ser descendente de japonês seria especial pra você estar em Tóquio, em 2020?
Seria diferente. Acho que a família toda estaria lá. Jogando pela Seleção e no Japão, acho que ninguém perderia essa.