Kaká chegou ao Real Madrid, em 2009, com a expectativa de virar um grande ícone do clube madridista, que gastou 65 milhões de euros (cerca de R$ 180 mi na cotação da época) para tirá-lo do Milan – onde o brasileiro já havia sido eleito melhor jogador do mundo e enfileirado títulos, como a Champions League. Entretanto, as coisas não aconteceram como os dois lados imaginavam.
Lesões e faltas de oportunidades por parte do técnico madridista da época, José Mourinho, foram apontados, pelo próprio Kaká, como os motivos que o impediram de render no Real Madrid o que ele já havia rendido por São Paulo e Milan.
“Eu tinha uma convicção que iria dar certo, que era até algo fora do comum”, afirmou em entrevista ao programa Grande Círculo, do SporTV. “Eu acho que fui persistente, fui até onde eu podia, até o meu limite” seguiu. Perguntado sobre por que não teve sucesso na Espanha, o ex-jogador brasileiro não fugiu da resposta.
“No Real, foi continuidade. Primeiro, por questão de lesão. No primeiro ano, com seis meses, tenho um problema no quadril. Aí vou empurrando, chego na véspera da Copa, tenho uma lesão no adutor (...) Após Copa [de 2010] opero o joelho, fico seis meses parado, toda a volta. Aí quando eu volto, tem o Mourinho. Meu problema de Real Madrid é continuidade. Primeiro por questão física, lesão, e depois por escolha do treinador”.
“Passei três anos tentando convencer o Mourinho de que eu podia ter mais oportunidades. Aí era uma escolha dele, estava fora do meu controle. O que eu fazia era ser um excelente profissional. E hoje é com grande alegria que eu posso chegar lá no Real Madrid e as portas estão abertas, o Florentino fala que eu fui um dos atletas mais profissionais que passaram lá”, explicou, deixando claro que hoje não tem nenhum tipo de problema com o treinador português.
Olhando em retrospectiva, Kaká talvez esteja ao lado de Didi como uma das maiores decepções com a camisa do Real Madrid – levando em conta a expectativa gerada pelo talento que ambos tinham. Curiosamente, dois brasileiros. Entretanto, se no caso do maestro da Seleção Brasileira bicampeã mundial em 1958 e 62 o motivo de sua saída (um retorno ao Botafogo) foi o relacionamento ruim com Alfredo Di Stéfano, astro maior dos Blancos na época, Kaká não tem nada de ruim para falar sobre Cristiano Ronaldo.
“Cristiano é um cara fora de série, realmente. No dia a dia, é um cara nota 10, super atencioso com todo mundo. Tem o jeitão dele, que todo mundo entende, dentro no vestiário de atletas a gente sabe como é que é, essa vaidade, todo mundo pegava no pé, brincava. Mas é um cara dez. A gente ia fazer pré-temporada em Los Angeles, ele pedia para alguém comprar 15 telefones e distribuía para o pessoal que trabalhava no clube. Coisas do dia a dia muito básicas, mas que ele demonstrava muito do ser humano que ele é”.
“Ele sempre me ajudou muito, sempre que podia nas entrevistas estava me ajudando, me incentivando. Os atletas lá viam o sacrifício que eu estava fazendo para poder jogar. Nunca tive problema com nenhum. Ao longo da minha carreira nunca tive problema com ninguém”.