Longe dos holofotes na base, Paquetá explode e vira sexto jogador mais caro do país

Desde os primeiros passos no Flamengo até o sub-15, Lucas Paquetá foi titular absoluto na base do clube. A forma física, no entanto, foi uma grande inimiga do jovem ao longo de todo esse tempo. "Baixinho" e franzino, o jogador ficou bem próximo de ser dispensado da Gávea.
Sem desistir, Paquetá fez diversos tratamentos que foram dar resultados apenas quando já estava no juniores. Nas categorias de base, então, a vida do atual camisa 11 esteve um pouco longe da realidade de Vinicius Júnior, estrela desde os primeiros passos com a camisa do Flamengo.
Hoje, a forma física de Paquetá é uma referência para o sucesso do jogador. Altura, explosão e força, combinadas com técnica apurada, fizeram do garoto uma das maiores promessas do futebol brasileiro nos últimos dois anos. Além disso, as grandes atuações, atreladas à personalidade, lhe renderam não só a chegada na Seleção Brasileira como um contrato de quatro anos com o Milan, fechado nesta quarta.
Em janeiro, o garoto do Ninho deixará o clube e vai se juntar ao time italiano numa negociação de cerca de 35 milhões de euros, o que faz dele o sexto mais caro da história do futebol brasileiro.
É o capítulo decisivo de uma história que começou em 2015, quando Oswaldo de Oliveira, então treinador do Flamengo, levou Lucas Paquetá para treinar entre os profissionais pela primeira vez. No ano seguinte, em janeiro, o meia foi titular da equipe que faturou o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Com moral, ele passou a frequentar de vez o time principal e até disputou alguns jogos do Campeonato Carioca, mas sem chamar tanto à atenção da torcida. A afirmação veio mesmo no ano passado. Seu primeiro gol como profissional do Flamengo foi sobre o Madureira, em uma goleada por 4 a 0, no Campeonato Estadual, em fevereiro.
Técnico do Flamengo na ocasião e velho conhecido de Paquetá nos tempos de base, Zé Ricardo escalou uma equipe mista e deu espaço para os jovens talentos que haviam faturado o título da Copa São Paulo. Já dando demonstrações de sua técnica, o camisa 11 recebeu a bola a 34 metros de distância do gol e mandou por cobertura, fechando o placar.
A regularidade, o amadurecimento o "algo a mais", no entanto, viriam apenas meses depois, já sob o comando de Reinaldo Rueda. Desde que chegou ao clube, o colombiano viu algo de diferente no jogador e quando mais precisou decidiu apostar nele como centroavante.
Reinaldo Rueda escalou Lucas Paquetá de falso nove, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Naquele momento não podia contar com Paolo Guerrero nem Felipe Vizeu, os dois centroavantes da equipe. No Maracanã lotado e diante de um grande adversário, o camisa 11 mostrou qualidade e personalidade.
Foi dele o gol que deu esperança ao Flamengo no jogo da volta no Mineirão. Embora o time tenha perdido o título para o Cruzeiro, a boa atuação lhe garantiu mais e mais espaço na equipe. Ele terminou o ano como o principal destaque do time Rubro-Negro e começou 2018 melhor ainda.
(Números de Lucas Paquetá em 2018)
Nesta temporada, Paquetá assumiu de vez o protagonismo do time, pegou a camisa 11 e virou o termômetro no meio-campo. Versátil, ele pode atuar em várias posições: falso 9, meia centralizado, pelo lado esquerdo, direito e até como volante, como jogou em boa parte deste ano.
Há quem defenda, porém, que o melhor de Paquetá é próximo do gol, já que o meia tem bom passe, finalização, força física e muita visão de jogo. Não à toa é o artilheiro do Flamengo na temporada com 11 gols e sempre que esteve ausente não conseguiu ser substituído à altura.
Em um momento de renovação na Seleção Brasileira, Paquetá foi acompanhado de perto pela comissão técnica de Tite e quase esteve na Copa do Mundo da Rússia, citado na lista de suplentes do treinador. Após o Mundial, finalmente, foi chamado pelo treinador para os confrontos contra Estados Unidos e El Salvador, agradou bastante e só ficou de fora da convocação seguinte por uma opção do treinador, que decidiu não chamar atletas que estivessem envolvidos na Copa do Brasil.
O crescimento nos últimos anos foi coroado como uma grande proposta do Milan, que saiu na frente de outros clubes como PSG e Manchester City, que haviam sondado a situação do atleta. Agora, o garoto do Ninho vai seguir os passos do ídolo Kaká, de quem nunca escondeu ser fã.