A queda de rendimento de Luan após a conquista da Libertadores em 2017, quando inclusive ganhou o prêmio Rei das Américas, levanta uma série de questionamentos sobre como o meia-atacante do Grêmio, tido como o maior craque atuando no Brasil, deixou de ser decisivo. O roteiro atingiu o seu ápice nesta semana, com a péssima exibição na derrota para a Universidad Católica, que deixou o Tricolor respirando por aparelhos no certame continental e acabou decretando o afastamento do camisa 7.
Renato Gaúcho comunicou a decisão nesta sexta-feira (05), passando uma leveza diferente das constantes reclamações que fazia a cada erro de seu outrora grande protagonista no duelo contra os chilenos. Oficialmente, o discurso do treinador faz uma mea-culpa ao afirmar que Luan não estava pronto para jogar constantemente e lembra a fascite plantar que abreviou a sua temporada em 2018, que já vinha sendo abaixo em relação ao ano anterior.
Luan sente o problema na planta do pé, que traz fortes dores a cada pisada, desde 2014. Na temporada passada, foi o grande marcador do atleta, que ficou sem jogar desde outubro. O camisa 7 desfalcou o Grêmio exatamente nas semifinal de Libertadores perdida para o River Plate, e desde então repousou para se recuperar de vez da fascite plantar. A lesão nem chegou a ser a sua grande preocupação no início da temporada 2019, e sim a surpresa ao ver o seu status no clube mudar: o Tricolor colocou o meia-atacante no mercado e cogitou até mesmo envolve-lo em uma troca com Thiago Neves, do Cruzeiro, oito anos mais velho.
“Eu estou treinando, estou sem dor. Tive isso por mais de dois anos, joguei e não foi fácil. Nunca botei a culpa no meu pé. Tentei sempre dar o meu melhor e ajudar. Este tempo que fiquei parado foi importante para recuperar, estou 100%. Quero jogar todos os jogos”, afirmou o jogador no início do ano. A temporada começou até mesmo com sinais positivos para o meia-atacante. Ao menos em relação aos gols: foram cinco no Campeonato Gaúcho, média superior ao que vinha fazendo no estadual desde 2016.
Só que o Gauchão é muito fácil para o Tricolor, que evidentemente foca tudo na Libertadores. E ali os péssimos resultados da equipe casaram não apenas com um desempenho individual ruim. Tanto Luan quanto o Grêmio estão muito abaixo das expectativas. Em três rodadas na fase de Grupos, a equipe treinada por Renato não venceu nenhuma – acumula um empate e duas derrotas. Precisa de um milagre para avançar às oitavas de final. Nomes como Maicon e o próprio Everton Cebolinha também não estão à altura do que já fizeram, Diego Tardelli ainda não engrenou, mas o caso de Luan é emblemático.
A sua participação na Libertadores 2019, o torneio que importa em meio aos estaduais, é irreconhecível em relação às edições anteriores. Não apenas pelo fato de não ter feito gols ou dado nenhuma assistência. Além de não ter sido decisivo, Luan vem participando cada vez menos das ações de jogo em relação ao que fazia. Troca menos passes em média e chama menos o jogo para si. É um ídolo do clube e já escreveu o seu nome entre os maiores da rica história gremista. Não há dúvidas de que precisa fazer mais, mas também não adianta ao Grêmio usá-lo como bode expiatório se não melhorar não apenas os resultados, mas o desempenho no torneio continental.