Tita dispensa qualquer tipo de apresentação. Meia-atacante e ponta dos mais talentosos, marcou o seu nome no futebol brasileiro do final dos anos 70 até o término da década de 80 com títulos de expressão por Flamengo, Grêmio e Vasco.
Mas o carioca também deixou sua marca no estrangeiro: no México, onde mora atualmente, e especialmente na Alemanha. Embora os desconhecidos Raul Tagliari e Zezé tenham sido os primeiros a representarem o Brasil em clubes alemães (ambos na década de 60, respectivamente por Duisburg e Colônia), Tita foi quem, de fato, abriu as portas para os brasileiros na Bundesliga.
Em 1988, Tita deixou o Vasco da Gama para vestir a camisa do Bayer Leverkusen. Um caminho ligeiramente parecido ao que Paulinho, joia de 17 anos do Gigante da Colina, está prestes a fazer, já que acertou a sua transferência por € 20 milhões [cerca de R$ 85 mi]. Na opinião do ex-jogador, uma decisão muito acertada do meio-campista.
“Eu fico muito satisfeito quando vejo brasileiros indo para o Bayer Leverkusen”, disse com exclusividade para a Goal Brasil. “É parte da cultura deles, ter um brasileiro. Eles gostam de nós. Os que foram tiveram êxito, e felizmente eu fui o primeiro. Consegui marcar, fui o primeiro a conquistar um título pelo Bayer Leverkusen e isso abriu as portas para os brasileiros”.
“É um motivo de muita alegria saber que o Paulinho está indo para lá. Ele é jovem, um garoto de destaque, tem muitas qualidades e tem tudo para se dar bem. O Bayer Leverkusen tem uma excelente estrutura. Eles têm investido muito, e sempre estão nos torneios europeus e chegam com força no Campeonato Alemão. O Paulinho pode ficar tranquilo, porque ele vai chegar em um clube grande, de estrutura e que vai dar todo apoio para ele”.
Considerado, com toda justiça, o melhor do nosso país a ter defendido o clube alemão, Tita foi um dos heróis na conquista da Copa da UEFA – atual Europa League – e recebe homenagens até hoje. Afinal de contas, se a passagem durou apenas uma temporada, foi marcante: o brasileiro marcou gol no jogo do título, sobre o Espanyol, e também ajudou a eliminar o Barcelona nas fases anteriores.
Perguntado sobre a escolha pelo Leverkusen, já que o Bayern de Munique também estava na briga, Tita defende o seu ex-clube: “As pessoas que torcem o nariz, porque o Paulinho vai para o Bayer Leverkusen, não conhecem o futebol europeu.”, afirmou. “É um clube de muita projeção, principalmente no futebol alemão: Jorginho, Juan, Lúcio, Zé Roberto, Paulo Sérgio, Emerson. Todos esses jogadores jogaram no Bayer Leverkusen e depois foram para Bayern, Inter de Milão...”.
Quando o texto começou sob a afirmativa de que Tita dispensava apresentações, não foi por demagogia. Apenas para citar os principais troféus conquistados no futebol sul-americano: duas Libertadores [1981 pelo Flamengo, 1983 pelo Grêmio], e três Brasileirões [dois pelo Fla, um pelo Vasco].
Por isso, o jogador é um dos raros casos de atletas admirados pelas duas maiores torcidas do Rio de Janeiro. E, ao falar sobre Paulinho, também teceu comentários sobre Vinícius Júnior e garantiu: os dois ainda precisam evoluir bastante, apesar do bom futebol.
“Não sei, acho que nenhum dos dois. O Vinícius Júnior tem demonstrado que ainda falta muito pra ele, a gente vê as qualidades, mas ainda falta muita coisa pra ele aprender, desenvolver. Principalmente para ir para um time como o Real Madrid. O Paulinho também, a mesma coisa”.
“Os dois estão no mesmo nível de aprendizado, de comportamento, de ser profissional, representar bem o país. Porque você não vai só por você, você vai pelo seu país, que tem todo um passado no futebol”, avaliou.
“Eu desejo boa sorte, o Paulinho está no caminho certo”, finalizou. Uma bênção que poucos recebem ao chegarem no Leverkusen.