Com a ausência dos jogos de futebol, por causa da pandemia do novo coronavírus, acabamos encontrando nas reprises de jogos do passado uma maneira de matarmos a saudade de ver a bola rolando nos gramados.
Acaba sendo, também, uma chance de revisitar alguns conceitos e detalhes que a passagem do tempo acaba por tirar de nossas memórias, assim como relembrar algumas polêmicas que hoje acabam não sendo tão discutidas.
A escolha de Lionel Messi como melhor jogador do Mundial de 2014, quando a Argentina foi vice-campeã, sendo derrotada pela Alemanha dentro do Maracanã, é uma destas polêmicas.
O Mundial de Messi no Brasil
Para recontarmos esta história e o seu debate, vale relembrar a caminhada do craque argentino até a decisão no Maracanã.
Lionel Messi chegava ao Mundial realizado em terras brasileiras já consagrado, pelos feitos no Barcelona, e considerado um dos maiores de todos os tempos. Tinha 27 anos, idade que muitos consideram representar o auge de um atleta.
Foi titular nos sete jogos disputados pela equipe então treinada por Alejandro Sabella: fez quatro gols em três encontros da fase de grupos – garantindo vitórias sobre Bósnia e Irã, além de marcar duas vezes contra a Nigéria.
Queda de rendimento no mata-mata
Nas oitavas de final, deu a assistência para Di María garantir, na prorrogação, a vitória por 1 a 0 sobre a Suíça. O duelo contra a Bélgica, na sequência, talvez tenha sido o seu pior jogo – sendo Higuaín o dono do único tento da disputa – e o camisa 10 também esteve apagado na semifinal contra a Holanda, ainda que tenha criado uma ótima chance que foi desperdiçada por Palacio antes do empate sem gols levar para a disputa de pênaltis – na qual sua equipe levou a melhor.
O melhor contra a seleção alemã
Na decisão contra Alemanha, nenhum jogador em campo arriscou mais finalizações no total (4, uma delas com boas chances de marcar) ou criou tantas chances (2) quanto Messi. Uma destas oportunidades, aliás, foi um lindo passe nos pés de Higuaín, que protagonizou um dos gols mais perdidos da história das finais de Mundial.
Mario Götze, na prorrogação, fez o único gol e o título ficou com a Alemanha. Em meio à decepção (que não seria a sua última com a Albiceleste), Messi foi eleito o craque daquela Copa e muitos não concordaram.
O camisa 10 foi o artilheiro da Argentina naquele torneio (4 gols), ainda que não tenha sido o máximo goleador da competição – honraria esta que ficou com James Rodríguez (6).
Dentre os finalistas, o alemão Thomas Müller foi quem mais vezes estufou as redes no total (5), somando ainda três assistências - contra apenas uma de Messi.
A discórdia com a definição da FIFA não se limitou apenas a torcedores. Comentaristas conhecidos aqui no Brasil também se mostraram contrários à escolha por Messi. O holandês Robben – autor de três gols e uma assistência para o time que ficaria com a terceira posição – e o colombiano James Rodríguez, que caiu nas quartas de final, foram outras opções lembradas à época.
Opiniões de ontem e hoje
Dentre os jornalistas que, na época, discordaram da escolha por Messi, estão Bruno Formiga, do Esporte Interativo, e Rafael Oliveira, do DAZN.
July 13, 2014
Seis anos depois, Formiga mudou sua opinião e justifica: “Distanciado hoje da Copa, o título me parece justo. James caiu nas quartas, não dá. Messi foi o melhor em campo em cinco dos sete jogos. Inclusive na final”.
July 13, 2014
Já Rafa Oliveira mantém a opinião de que Robben merecia mais: “Continuo achando sim. Não que tenha sido um absurdo (a escolha por Messi), mas não era o meu voto. Acho que a Copa do Messi foi boa, mas o Robben seria o meu voto”.
Messi foi o craque da Copa de 2014?
No final das contas, cada um sempre terá uma opinião. Thomas Müller, artilheiro da Alemanha, teve ótimos números, mas a ausência de um membro da seleção campeã também se explica pelo fato de o grande protagonista daquele título ter sido toda a equipe alemã.
James e Robben brilharam individualmente e também colocaram seus nomes com destaque naquele Mundial. Lionel Messi foi o melhor do torneio? É possível discordar sem considerar que a definição tenha sido absurda. De qualquer maneira, não há dúvidas de que o craque argentino teria trocado este prêmio individual pela taça naquele 13 de julho de 2014.