Março de 2017. O Barcelona precisa de um milagre para avançar às quartas de final da Champions League após ser goleado por 4 a 1 pelo PSG na França. No Camp Nou, Neymar assumiu para si a responsabilidade: fez dois gols e deu uma assistência em uma virada tão polêmica (por conta de algumas decisões da arbitragem) quanto incrível. Após o apito final do árbitro, a foto que estampou os jornais foi a de Messi sendo louvado pelos torcedores.
Foi a gota d’água para Neymar reparar que, enquanto ficasse na sombra do argentino, dificilmente concretizaria o sonho de receber o prêmio de melhor jogador do mundo. Não que isso tenha abalado de alguma forma a grande amizade nutrida entre os membros do Trio MSN (Messi, Suárez e Neymar), mas o brasileiro ficou mais suscetível à ideia de deixar a Catalunha. Quando o PSG chegou com € 222 milhões, o ex-santista não resistiu: daria o salto definitivo para ser o grande protagonista de uma potência europeia.
Neymar foi apresentado pelo Paris Saint-Germain como maior contratação na história, o craque que faltava para o salto final: o tão sonhado título da Champions League. Passados dois anos, entretanto, os parisienses não conquistaram o troféu europeu e o brasileiro sequer é o protagonista do time. O grande herói do PSG no título de Ligue 1 conquistado no último domingo (21) foi Kylian Mbappé, o jovem francês que meses antes ainda apareceu como grande sensação do título mundial conquistado pela França. Nos gramados da Rússia o Brasil caiu nas quartas de final, e as quedas de Neymar transformaram o camisa 10 em piada mundial.
O jogo da festa foi o retrato desta situação. O brasileiro fez seu primeiro jogo em meses ao entrar no segundo tempo, mas quem brilhou foi Mbappé, que marcou os três gols do triunfo por 3 a 1 sobre o Monaco em casa.
Em defesa a Neymar, vale o registro de que ele não perdeu o protagonismo no PSG pelo seu futebol. As lesões sofridas no pé direito, tão repetidas que pareceram déjà-vu, minaram suas duas primeiras temporadas justamente no momento de maior definição: justamente na hora do mata-mata da Champions League. Mas não há dúvidas de que o protagonismo do time é de Kylian Mbappé. Levando em consideração os jogos disputados pelos principais campeonatos domésticos da Europa, o francês campeão do mundo só não fez mais gols do que Lionel Messi no Barcelona.
21 de abril de 2019
No primeiro turno da Ligue 1 2018-19, antes da lesão de Neymar, Mbappé também havia sido mais decisivo: fez 15 gols e deu quatro assistências na metade inicial contra 11 tentos e cinco assistências do brasileiro. Elogiadíssimo pelo técnico Thomas Tuchel, Neymar teve um peso importantíssimo na óbvia conquista nacional do Paris: contribuiu diretamente em 20% dos gols de sua equipe na Ligue 1 (19 de 92 anotados até a oficialização do título, após 32 partidas). Somente um jogador contribuiu mais em número de gols: Kylian Mbappé fez 27 gols e deu sete assistências.
Futebol é um esporte de equipe e o mais importante é ganhar, mas hoje é inegável que Neymar está na sombra de Mbappé no Paris Saint-Germain.