Grandes administradores, mas atrapalhados no que diz respeito ao futebol, a diretoria do Flamengo tomará novamente medidas paliativas para resolver um problema interno bem maior: a demissão do Zé Ricardo. O técnico será o alvo para a não solução de uma gestão que ano após ano se atrapalha nas escolhas e cede às pressões. Agora, com apenas quatro derrotas na temporada, pagará pelos erros de todos.
Em 2016, a diretoria deu ao Muricy carta branca para montar o 'Rubro-Negro'. Sem sucesso, foi o novato do Sub-20 quem de fato fez um grupo se tornar uma equipe e a levou até a Libertadores, mesmo sem nenhuma perspectiva. Zé Ricardo se notabilizou por ter conseguido dar um padrão a uma equipe que era um fracasso absoluto no começo do ano passado, chegando a perder para equipes de todas as divisões do Brasileirão, como Confiança, Volta Redonda, Fortaleza e Vasco.
E essa chance a um iniciante causou desconforto às velhas figuras da Gávea. Seu apoio passou apenas pelo grupo de jogadores, que apoiam incondicionalmente o treinador ainda hoje e são contra as mudanças, Rodrigo Caetano e o presidente Bandeira de Mello. A coluna apurou com pessoas próximas ao treinador e que vivem o ambiente interno que até entre a comissão permanente, essa chance dada ao Zé nunca agradou. Segundo os que sempre foram contra, outros "mais antigos" deveriam "estar à frente" do técnico. O que se comprova com declarações à imprensa ou comentários de velhos ídolos do clube, sempre se referindo de forma ácida ao trabalho do Ricardo.
Com os resultados a seu favor, conseguiu dobrar os duvidosos e ganhar apoio de imensa maioria dos torcedores. Para 2017, a conquista de títulos se tornou vital para a sobrevivência do Zé. Campeão Carioca mas eliminado de forma vexatória da Libertadores, viu a pressão de vez sobre as suas costas.
Para piorar a situação, ainda teve que conviver com a má fase de alguns jogadores, lesões e algumas insistências equivocadas. As apostas erradas em alguns jogadores também é debate interno. Sem as "costas quentes" de outros medalhões, virou alvo fácil da torcida e insatisfeitos pela oportunidade lhe dada. Uma reunião nesta quinta-feira com o CEO Fred Luz, o diretor Rodrigo Caetano e o presidente Bandeira de Mello dará sobrevida ao Zé Ricardo até domingo, contra o Avaí. Sem um nome à vista, diretoria não teria tempo suficiente para troca enquanto fecha negociação com Geuvânio e Rhodolfo.
O nome que parte da diretoria quer é o de Marcelo Oliveira. Bicampeão, seria mais um escudo para as pressões internas que atrapalham treinadores há anos no Flamengo. Mas em termos táticos e efetivos, será um desastre. Apesar dos títulos nacionais, Marcelo tem se notabilizado por péssimos trabalhos em termos de padrão de jogo e qualidade de futebol. Foi perseguido pelas torcidas do Palmeiras e Atlético-MG, nos últimos dois anos, após desempenhos muito ruins. Com o Galo, inclusive, chegou a ter a quarta pior defesa do Brasileirão, mesmo com a equipe mais cara do torneio.
A resposta agora está nas mãos do presidente Bandeira de Mello sobre o que fará: voltar a contratar um medalhão que sirva de escudo, agrade a política interna e da torcida, não tenha padrão tático e seja demitido ao final do ano ou assumir o controle da situação e conseguir manter o futebol nos rumos profissionais que teve neste último ano.