Sempre foi um dos fortes da coluna Ninho do Urubu defender a renovação de treinadores. E entre os melhores da nova geração está o técnico Zé Ricardo, que com pouquíssimo tempo para treino e ajustes, em 2016, se mostrou um grande estudioso e muito preparado para organizar a bagunçada equipe do Flamengo do Muricy Ramalho. O título ficou no quase, mas a ótima organização pegou.
Em 2017, o ano da afirmação, porém, Zé passou a insistir em peças erradas e pagou por essas escolhas constantemente erradas. Agora, novamente mantendo essa mentalidade, pode estar comprometendo a sua promissora carreira.
É inegável que o técnico Zé Ricardo está entre os mais talentosos da nova safra. Sua equipe tem um padrão tático extremamente definido e uma defesa que, mesmo com absurdos e constantes erros individuais, permanece como como uma das melhores das competições que disputa. Com linha defensiva explícita e coberturas que se destacavam durante um tempo.
Atualmente, no Brasileirão, é a quarta menos vazada, com sete gols. Mas as falhas isoladas ocorrem, principalmente, porque o treinador insiste em peças que já se provaram desgastadas e que não se ajustam mais.
Márcio Araújo veio para o Flamengo em 2014, de graça, na política de poucos gastos e aproveitamento de jogadores livres no mercado. Se mostrou útil em 2016 quando precisava equilibrar defensivamente o Flamengo. Entretanto estamos em 2017 e o Márcio continua titular. Um intocável. Errando, com passes laterais inúteis, falhas e mais falhas... e nunca é sacado. Até quando Zé vai dar soco em ponta de faca? Por que o volante tem tantas chances e Ronaldo, da base, promissor e que já trabalhou com o treinador, não tem uma oportunidade real?
Outro que já se provou superestimado é o colombiano Cuéllar. É um mal do futebol brasileiro, o endeusamento a jogadores estrangeiros. O volante, que na verdade é um meia, é lento e tem pouca efetividade na marcação, apesar de ser infinitamente superior a Márcio Araújo no que diz respeito a qualidade do passe. Novamente o jovem Ronaldo consegue ter tudo isso e ainda ser veloz e ótimo marcador. E por onde anda o Ronaldo?
Na dupla de zaga, mais insistências. Sai dupla, entra dupla, sempre os mesmos: Réver, Juan e Rafael Vaz. Os dois primeiros com idade avançada e lentos, porém extremamente técnicos. O último, contratado igual no caso do Márcio Araújo, numa necessidade em que o elenco precisava de zagueiros. E seguem intocáveis, se revezando nas pífias atuações da equipe. Léo Duarte, que fez boas apresentações, segue esquecido, sem uma sequência necessária para a afirmação ou não.
O time se desestruturou. Hoje o Flamengo é sombra do que foi em 2016. Não tem mais aquele volume e intensidade, nem mesmo criar consegue. Mas parece que as mudanças são mínimas, há uma insistência por jogadores que já se provaram os piores. Zé Ricardo, você é jovem e promissor, mas pode estar jogando fora a chance de ouro de afirmação definitiva.
Texto por Brun Guedes, 'Goal Brasil'.