"Eu estava parado vendo eles levantando o troféu. Eu, Giggs e Scholes estavamos juntos com as mãos sobre a boca e eu disse: 'Me sinto envergonhado, rapazes'". Nove anos depois, as memórias daquela final da Liga dos Campeões ainda incomodam Rio Ferdinand.
Wembley foi palco de uma das melhores performances de um dos melhores times da história do futebol, liderados pela dupla Pep Guardiola e Leo Messi. Naquela tarde de maio, o argentino se confirmou como o melhor jogador do mundo naquele momento.
"Messi foi um assassino", relembra Ferdinand em entrevista ao Copa 90. "Ronaldinho era irreal, um mágico que flui livremente. Mas com Messi, ele fazia tudo isso, mas sempre havia um gol ou uma assistência para terminar".
Dois anos antes, em Roma, o Barcelona de Pep Guardiola já havia vencido a Liga dos Campeões contra o Manchester United. Vitória por 2 a 0 com uma das cenas mais raras e icônicas do esporte: o gol de cabeça de Messi.
Sob Guardiola, os catalães haviam aperfeiçoado o conceito de futebol de posse de bola em uma forma quase artística, com a dupla de Xavi e Iniesta apoiada pela magia de Messi e pelas explosões de Dani Alves pela direita.
O United de Sir Alex Ferguson, claro, tinha um estilo diferente e foi à Wembley para vencer os blaugranas jogando da sua maneira: pressionando alto e tentando impedir qualquer tentativa dos triângulos de passes fatais do Barcelona. A estratégia deu certo nos primeiros 10 minutos.
Mas os ingleses ficaram decepcionados que esse desconforto causado aos catalães não durou muito. Quando Xavi achou seu ritmo, se tornando uma presença quase que onipresente no gramado, o Barcelona se tornou imparável. Naquela final, Xavi completou 141 passes, 39 a mais do que o meio campo titular inteiro do United em toda partida.
Embora o gol de Wayne Rooney pudesse ficar como o grande momento daquele jogo, Messi respondeu à altura no segundo tempo e o estádio explodiu em admiração ao que fazia o argentino. Mais perto do final do jogo, o camisa 10 ainda deixou David Villa na cara do gol para matar o jogo.
"Este Barça é o melhor time do mundo", disse Hugo Sanchez, lenda do Real Madrid, ao jornal Marca da manhã seguinte àquele conquista. E não haviam muitos argumentos para rebater a afirmação do ex-atacante.
Ao longo dos nove anos que separam aquele jogo do dia de hoje, o Barcelona nunca mais conseguiu ser tão encantador, nem Messi, como afirmou o treinador do Ajax, Erik ten Hag. Nem mesmo quando venceu a triplice coroa em 2015, com o trio MSN comandando o time.
Pep Guardiola chegou à dizer, ao final daquele jogo, que Messi era único e nunca haveria outro. A mesma afirmação pode ser feita para aquele time: foi único e nunca mais haverá outro.