O enigma de Neymar na seleção: a queda dramática pós-Qatar e a polêmica com Ancelotti

Enquanto o Brasil - já garantido na Copa do Mundo de 2026 - se prepara para enfrentar o Chile em 5 de setembro, uma sombra paira sobre a convocação: a ausência chocante de Neymar. O craque não figura na lista de Carlo Ancelotti, e sua exclusão reacende um debate fervoroso sobre seu papel na Seleção.

O técnico italiano tentou dissipar as dúvidas, declarando: "Neymar teve um pequeno problema de lesão e não precisamos testá-lo". Uma justificativa que, no entanto, foi prontamente contestada pelo próprio jogador. Em um movimento que incendiou a polêmica, Neymar disparou: "Acho que me deixaram de fora por razões técnicas. Não acho que tenha algo a ver com minha condição física", disse. O palco estava montado para um confronto de narrativas.

Desde a conturbada Copa do Mundo do Qatar, a presença de Neymar na Seleção tem sido um capítulo de escassez. De 27 partidas possíveis, ele esteve em campo em apenas quatro, uma taxa de participação pífia de 14,81%. Um contraste gritante com o passado, quando o craque ostentava uma média de 73,37% de presença em 124 das 169 partidas, desde sua estreia. A estrela que antes brilhava com intensidade agora parece ofuscada.

Mesmo ausente, o brilho intenso: os números de Neymar pós-Qatar

Apesar da diminuição drástica de oportunidades, Neymar ainda conseguiu deixar sua marca nos poucos minutos em que esteve em campo:
9 de setembro de 2023: Brasil 5-1 Bolívia (2 gols, 1 assistência, 1 pênalti perdido) – Um show de bola.
13 de setembro de 2023: Peru 0-1 Brasil (1 assistência) – Decisivo na vitória apertada.
13 de outubro de 2023: Brasil 1-1 Venezuela (1 assistência) – Fundamental para o empate.
18 de outubro de 2023: Uruguai 2-0 Brasil (o fatídico dia de sua grave lesão no joelho) – Onde a sorte virou azar.

A dependência do camisa 10 pelos pentacampeões mundiais é inegável nos números. Sem ele, o Brasil anotou 34 gols em 23 jogos, desde a Copa do Mundo, uma média de 1,48 por partida. Com Neymar em campo, essa média salta para impressionantes 2,20 gols por jogo, totalizando 281 tentos em suas 128 atuações pela Seleção. Um abismo estatístico que revela o impacto do craque.

O recorde que resiste: Neymar pode se tornar o mais convocado da história?

Neymar carrega em seus ombros a chance de gravar seu nome para sempre como o jogador com mais partidas na história do Brasil. Com 128 jogos, ele está a apenas 14 de se igualar à lenda Cafu (142). No entanto, a realidade de suas recentes ausências, somada à idade (33 anos) e ao histórico de lesões, lança uma sombra de dúvida sobre essa conquista.

A trajetória do ex-astro do Barcelona sempre foi marcada por um talento inquestionável, mas também por um fantasma constante: as lesões. Esse azar crônico o impediu de alçar voos ainda maiores e quebrar recordes que pareciam ao seu alcance, um roteiro que se repete dolorosamente em sua carreira pela Seleção. É um fato amargo que, sem a grave lesão no joelho sofrida no Al Hilal, Neymar poderia ter disputado todas as 23 partidas pós-Qatar, já tendo se sagrado o jogador com mais convocações na história de seu país.

Com 33 anos e um calendário de seleções cada vez mais enxuto, um Neymar já não tão 'fresco' precisaria de cerca de dois anos para alcançar esse feito histórico, supondo, claro, que Ancelotti (ou o próximo técnico) continue a contar com ele e que seu corpo permita. Mas há uma cartada final, um derradeiro trunfo nas mãos do craque que pode não apenas selar o recorde de Cafu, mas coroar sua carreira na Seleção: a Copa do Mundo de 2026.

Se o Brasil brilhar na Copa do Mundo de 2026, a ser realizada nos EUA, México e Canadá, e avançar até as fases finais, Neymar pode ter a chance de disputar até oito partidas cruciais. É nesse grande palco que suas chances de ultrapassar Cafu e se tornar o jogador com mais convocações pela 'Seleção' serão definidas. Um desfecho dramático aguarda a saga de um dos maiores talentos do futebol brasileiro.