Não há teoria convincente neste mundo que explique a grandiosidade do futebol. Portanto, logo aviso que este texto não desfruta de explicações infalíveis, matemáticas virtuosas e lógica sublime. É uma tentativa quase pedante de resgatar um respiro de romantismo no oceano mórbido das escritas esportivas, um berro das manchetes no universo oco dos cliques maçantes.
O gol é raro. O coração da minha tese pulsa aqui. Justamente por isso ele concentra o maior fluxo de emoções que a natureza oferece. Se alguma força superior realmente nos concebeu, presumo que tenha se empenhado com afinco quando criou a oportunidade de viver um gol. De perto, de longe, abraçando desconhecidos no estádio, colado no radinho em algum beco, acordado de madrugada num país distante. É o máximo da abundância emocional que podemos gozar, a simultânea presença de todos os sentidos em seus ápices.
Em outras modalidades esportivas o ponto é recorrente. Perde relevo justamente pela assiduidade de seu aparecimento e pela desvalorização do seu apogeu. É bola pra lá, rede pra cá, linha acolá, tudo harmonizado fazendo a torcida vibrar sistematicamente, todavia sem o fervor que um tento verdadeiro suplica. No futebol é diferente: a bola ultrapassa a linha de fundo da baliza com um esplendor singular, vezes decidindo um campeonato importante, em outras dando esperança aos desolados perdedores. Faz chorar ou faz sorrir, tal como resguarda o ineditismo de seu instante.
Não existe aquela história de cento e quinze a noventa e quatro. Três sets a um, com parcial de vinte e cinco a dezoito. Melhor de cinco, tiro livre, vantagem. Quando se vive o futebol - leia-se torce, acompanha, joga, vibra ou sente - é necessário incorporar que ele contempla essa nobreza suprema da celebração incomum e vigorosa. Um a zero pode ser inesquecível. Dois a um chorado, desempate nos acréscimos.
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Milhões de amantes se desdobram para acompanhar um jogo de futebol. Uma bola ultrapassa a linha, um pedaço de rede balança. Tudo vale a pena.
O gol é raro e magnânimo. E isso explica o tamanho do futebol.
PS: autor sugere que toda partida com o placar de zero a zero deverá ser disputada até o primeiro gol ser marcado