Nos últimos três jogos foram seis gols, manutenção de uma grande vantagem no campeonato nacional e vaga garantida para a decisão da Copa da Liga. Mas Neymar está longe de viver um sonho em Paris. Ao menos é o que aparenta, sob uma perspectiva distante.
Desde o fatídico 8-0 contra o Dijon, pela 21ª rodada da Ligue 1 francesa, quando fez quatro gols e deu passe para outros dois, mas deixou o gramado vaiado pela própria torcida – que desejava testemunhar Cavani se tornar, naquele momento, o goleador maior na história do clube antes de uma cobrança de pênalti – o brasileiro parece estar diferente em campo.
É claro que a sua habilidade descomunal ainda se faz presente, algo realçado frente ao desequilíbrio técnico que existe entre o PSG e a grande maioria dos outros times da França. Mas Neymar parece distraído desde então.
Interpretação subjetiva, claro. Porque embora tenha corrido para abraçar Cavani, depois que o uruguaio lhe deu passe açucarado para fazer o seu segundo tento nos 4-0 sobre o Montpellier, sábado (27), o abraço no maior artilheiro do clube não foi com a emoção/intensidade que Ney fazia no Barça ou faz na Seleção Brasileira.
Foi uma intenção de mostrar que as polêmicas atuais com o uruguaio talvez sejam muito mais fruto da nossa imaginação, que há respeito e bom entendimento entre as partes. Amizade, carinho... aí é outra história. E não há nada de errado nisso. O olhar, entretanto, parecia um pouco mais distante.
E se distanciou ainda mais na terça-feira (30). Neymar participou de um dos gols na difícil vitória por 2-3 sobre o Rennes, que colocou o PSG na final da Copa da Liga Francesa, mas além de ter encontrado dificuldades para decidir o jogo com gols ou assistências, foi quem mais sofreu faltas no gramado do Parque dos Príncipes. E quando o cenário une dificuldades para decidir e uma situação na qual é caçado pelos adversários, o resultado é óbvio quando se trata de Neymar: polêmica, destempero.
Nada de errado com a matada de costas, seguido por um lindo chapéu sobre o meio-campista Benjamin Bourigeaud. O jogador mais caçado [6 faltas sofridas] deu o castigo no que mais caçou [5 faltas cometidas]. O vacilo veio no cartão amarelo recebido após cometer falta e, com nervos à flor da pele, chutar o esférico em revolta. Desnecessário.
Neymar, após o jogo: "O futebol está chato"
Após a partida, ao explicar alguns lances do jogo – como quando fingiu que iria ajudar um adversário a se levantar, antes de deixar claro que era um blefe – Neymar reclamou daquele que, sim, é o seu verdadeiro grande marcador: a polêmica. O camisa 10, craque indiscutível com a bola aos pés, tem condições de driblar isso. Ao menos, é o que precisa fazer no caminho para desenvolver absolutamente o talento que possui. Mas a frase que marcou foi quando disse que “o futebol está chato”. Porque a impressão é de que a desilusão não é com o esporte, e sim com o seu atual momento no PSG.