A temporada 2020 foi uma das mais vitoriosas em toda a história do Palmeiras, campeão paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores. No caminho rumo a estas conquistas históricas, sendo as duas últimas sob o comando do português Abel Ferreira, os alviverdes reforçaram a imagem de um time efetivo acima de tudo – se nem sempre encantava, constantemente passava segurança. Atualmente, no entanto, se há algo que o time palmeirense não passa é justamente confiança.
Pode parecer uma conclusão absurda, afinal de contas o Palmeiras está na final da Libertadores que será disputada no final de novembro de 2021 contra o Flamengo. Mas depois de ter eliminado o Atlético-MG na semifinal da competição continental, contando com a regra do gol qualificado após dois empates, o time de Abel Ferreira viu despencar o seu desempenho no Brasileirão.
E desta vez os resultados passaram a não ajudar ou a servir como desculpa. Com sete jogos sem vitórias, o Alviverde vive seu maior jejum de triunfos desde o início da “Era Crefisa” em 2015 e corre risco de se afastar do Top 4 na classificação do Campeonato Brasileiro – que garante a vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2022. Atualmente o time de Abel ocupa a quinta posição.
No jejum de vitórias estão inseridos os dois empates contra o Atlético, que levaram os atuais campeões da Libertadores para mais uma final do certame continental. Dentro do corte também está inserido o período de Data Fifa, que ceifou a opção de contar com jogadores como o goleiro Weverton e o zagueiro Gustavo Gómez, sempre decisivos e importantes. Mesmo assim, o saldo é bem negativo. Mas o que explica um rendimento tão abaixo de um dos elencos mais poderosos do nosso futebol?
Em relação ao desempenho em campo, o ataque palmeirense segue sem inspirar grande confiança. Mas nos últimos duelos válidos pelo Brasileirão, os alviverdes ainda desperdiçaram mais oportunidades com a bola rolando do que era comum – foram apenas cinco gols marcados no mesmo número de partidas pela Série A.
O que mais têm assustado, contudo, são os gols fáceis que a equipe vai sofrendo. Se a parte defensiva de seu jogo vinha sendo, nos últimos anos, o ponto alto de um time que foca seu modelo de jogo nos contra-ataques, o momento atual mostra fragilidade – no empate contra o Bahia, por exemplo, o goleiro Jailson foi o melhor em campo. Nos últimos cinco encontros de Brasileirão os alviverdes sofreram nove tentos.
Ainda assim, é impossível não questionar como é possível um dos melhores elencos do Brasil seguir jogando tão mal mesmo contra times que lutam na parte de baixo da tabela do Brasileirão. A explicação aí pode ser um cansaço físico e até mesmo mental: neste ano de 2021 o Palmeiras já entrou em campo 77 vezes, mais do que qualquer outro time profissional de futebol em todo o mundo.
Um ataque que não consegue criar e converter tanto quanto os de Flamengo e Atlético-MG, uma defesa que passou a sofrer mais gols do que estava acostumada e todo um elenco de futebol cansado pelo enorme número de partidas disputadas. O Palmeiras tem várias razões que podem explicar a sua grande queda recente nos jogos do Brasileirão. Mesmo assim, fica a sensação de que um dos melhores elencos do nosso país pode fazer mais.
"Sabemos que podemos melhorar muito, isso faz parte do nosso trabalho. Estamos trabalhando para melhorar. Antes da cobrança externa existe a nossa cobrança interna. Eu me cobro muito, nossos companheiros também são autocríticos. A gente sabe que temos que melhorar e sabemos que vamos melhorar. Estamos fazendo de tudo para isso já no próximo jogo", disse o meio-campista Felipe Melo, em entrevista coletiva, ao comentar o momento atual do clube.