15 de novembro de 2006. Marcelo, de 18 anos, sem seu peculiar cabelo, entrou no palco de honra do Bernabéu. O Madrid vivia tempos diferentes. Europa resistia, Guardiola ainda não tinha mudado a história do Barcelona e no vestiário eles tinham lendas como Raúl, Beckham, Guti ... e Roberto Carlos.
Precisamente, Marcelo chegou a Madrid para substituir a Roberto Carlos, aquele que passou anos encantando o Bernabéu com os seus mísseis e o seu físico imponente, pelo que a chegada de um rapazinho e com um perfil bastante diferente demorou a ser assimilada pelo Real Madrid.
Ele estreou em 6 de janeiro de 2007 e levou dois anos para fazer seu primeiro gol. Sem fazer barulho, acrescentou minutos e com a saída de Roberto Carlos no verão do mesmo ano, ganhou destaque, mas também colocou muito mais responsabilidade sobre os ombros.
De jogar seis jogos no ano de sua estréia, para superar a barreira de 30 no ano seguinte. Marcelo achou difícil adaptar-se ao que era exigido dele, porque, motivado pelo samba brasileiro e sua maneira alegre de assistir ao futebol, muitas vezes negligenciava a defesa, mas nem críticas nem elogios o afetavam.
Com a mão de Pellegrini acabou por se estabelecer como titular e sob as ordens de Mourinho acabou por ser consagrado. O português foi o primeiro a alinhar em 50 jogos da mesma temporada (algo que Ancelotti mais tarde superou com 53 em 2014-15). Com o italiano no comando, ele também começou (apesar de ter começado no banco na final do 'Décimo') e depois de sua saída foi um pilar fundamental no Madrid de Zidane.
Arriscar para salvar vidas
Se algo pode se orgulho de Marcelo é ter salvado o Madrid em inúmeras ocasiões. A paróquia branca aprendeu a perdoar seus desrespeitos defensivos - cada vez menores. Quando ele ativa seu chip ofensivo, ele perde muito do Madrid atrás, mas ganha o dobro na frente.
Seu primeiro gol na Champions foi nas oitavas-de-final da Champions (10-11) contra um Lyon que intimidou o Real Madrid nos anos anteriores. Naquela temporada, ele até marcou contra o Barcelona nas semifinais, embora seu gol não tenha ajudado a levar o Real Madrid à fase final da competição.
Marcelo tocou o céu na final da 'Décima'. Coentrao tomou o seu lugar, mas o brasileiro saltou para o campo ao minuto 58 'e deu vida a um Madrid que precisava dele. Sergio Ramos conseguiou marcar e forçar a prorrogação e neste, após o cabeceamento de Bale, Marcelo colocou um 3-1 que sentenciava a final antes do gol de Cristiano.
Já como segundo capitão, o brasileiro mostrou seu lado mais decisivo na temporada passada 17-18. PSG (nas oitavas), Juventus (nas quartas) e Bayern (semis) receberam um gol cada um com a assinatura do brasileiro, o que levou o caminho para a 'décimo terceiro'.
Já são 12 anos desde que o '12' foi apresentado. Algo mais que uma década com mais sorrisos do que lágrimas e 462 batalhas com a mesma camisa. 36 gols, 77 assistências e 20 títulos.