Lucas Hernandez tem apenas 23 anos e já foi campeão da Copa do Mundo como lateral esquerdo titular do Les Blues, depois de conquistar vários títulos e honrarias em sua jovem carreira no Atlético de Madrid. Por isso, foi contratado por R$ 360 milhões pelo Bayern de Munique, contratação esta que é atualmente a 22ª maior transferência da história. Olhando de longe, é até difícil de digerir ou entender. São metas quase inalcançáveis, sonho de muitos garotos e garotas que estão neste momento num campo lamacento chutando uma bola de meia.
Ainda jovem, Hernandez já alcançou um patamar que pouquíssimos sonhadores vão conseguir obter. Portanto, como fãs de futebol, um esporte extremamente líquido e mutável, é comum que, semana a semana, o garoto francês seja ou um ‘ídolo, história de sucesso’, ou um ‘menino mimado criado a berço de ouro’. São poucos que conseguem separar o atleta da pessoa, ou perceber que há um ser humano dentro daquela figura que aparece na TV com a bola nos pés. Essa reação da torcida é incrivelmente e completamente natural.
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O futebol é um esporte popular. É fácil comprovar isso, só ir a qualquer ponto de ônibus ou botequim e ouvir a conversa das pessoas. Não é incomum ouvir homens e mulheres discutindo a rodada da semana, a nova contratação de sua equipe ou até mesmo xingamentos exaltados ao treinador do time. Essas discussões podem estar regadas a uma Beer, uma Cerveja ou uma Cerveza, tanto faz seu idioma. O que importa é a paixão, uma das engrenagens que faz essa máquina do futebol rodar.
Às vésperas de mais uma rodada da Liga dos Campeões, essa máquina está operando a todo vapor. Numa rodada recheada de jogaços, uma coisa é certa: os nervos dos torcedores estão à flor da pele.
Quando o Bayern ir a campo diante do Tottenham, então, as tensões irão se aflorar ainda mais. Tanto o elenco do clube inglês quanto o do do alemão estão entre os dez mais valiosos da Champions e ambos são candidatíssimos a saírem com o caneco. Com Lewandowski, Muller, Kane, Son e um Coutinho ‘brilhante’, grandes craques irão a campo. Hoje, dia 01 de outubro, ás 16h (horário de Brasília), os gigantes vão se enfrentar em um duelo que certamente promete. Na história da jovem carreira de Lucas Hernandez, mais uma página será escrita.
E a história de Hernandez não é qualquer uma. Para se transformar no lateral de R$ 360 milhões, o francês teve que trilhar passos tortuosos. Na verdade, o jovem tem pouco a ver com o ‘ídolo’ ou com o ‘mimado’. Ele tem uma história que deve ser contada, e foi pensando nisso que o campeão do mundo concedeu uma entrevista exclusiva a Goal, para contar um pouco, uma pequena parte, de sua vida e carreira. Confira:
Relação com a família
“Meu pai deixou minha família quando eu tinha cinco anos. Eu, minha mãe e meu irmão nos tornamos um trio após o abandono. Nós vivemos com minha mãe. Ela viveu, trabalhou e fez tudo por nós. Nunca nos faltou nada. Agora que eu e meu irmão se tornamos profissionais, ela pode relaxar e aproveitar a vida. Eu e Theo [Theo Hernandez, irmão] sempre estávamos com uma bola conosco - de manhã, a tarde e a noite. Nós jogávamos juntos o tempo todo. Meu irmão é meu melhor amigo, nós somos muito próximos.”
Infância e adolescência
“Ela nos contou o que aconteceu: eles terminaram. Um dia, meu pai sumiu, e nós nunca ouvimos falar dele de novo. Foi muito complicado crescer sem um pai, mas minha mãe conseguiu nos criar mesmo assim, se desdobrando, fazendo os dois papéis. Meu irmão e eu tivemos uma infância muito complicado, mas muito linda. Meus avós nos ajudaram nas finanças, para que nós conseguíssemos viver em uma casa e estudar. Assim, eu costumo dizer que meu avô é meu pai e minha avó é minha segunda mãe. Eles nos ajudaram muito.”
Contato com o pai
“Eu nunca tentei o contatar. Quando, quando eu era pequeno, eu costumava imaginar onde ele estava e teria gostado de saber mais sobre isso. Mas agora, depois de tanto tempo, eu já não tenho muito esse pensamento. Eu costumo pensar mais sobre eu mesmo, e minha vida. Ficou claro pra mim que ele nos deixou porque não nos amava. E se ele não nos amava, foi melhor que ele tenha ido embora. Fazem 16 ou 17 anos que ele não fala conosco.”
Jogar profissionalmente
“Eu nunca acreditei em mim. Talvez, só fui imaginar isso quando eu tinha 16, 17 anos e estava com a seleção francesa. Comecei a pensar que algum dia talvez eu tivesse essa qualidade. Nessa idade, minha esperança era só chegar aos profissionais. Eu era jovem no Atlético e todos os jogadores ao meu redor eram sensacionais. Eu me perguntava: porque eu terei sucesso e não eles? Tinham muitos bons jogadores lá. No final, para ser atleta profissional, você tem que ser forte, paciente, e acima de tudo, sortudo. E esse foi o meu caso.”
Simeone
“Eu o respeito muito, ele é extraordinário. Mesmo quando eu era bem jovem, sempre fui muito agressivo e tinha muita vontade de evoluir. Simeone me motivou a sempre querer mais. Sua mentalidade estava clara em todos os jogos e até nos treinos. Ele é incomparável mas somos um pouco parecidos: amo vencer, odeio perder. E eu adquiri isso dele.”
“Fora dos holofotes, ele é totalmente diferente, uma pessoa muito legal, aberta para conversar de tudo, muito divertido. Ele é muito próximo de seus jogadores, o Atlético de Madrid era como uma pequena família, e Simeone era nosso pai. Ele não queria que eu saísse. Quando ganhamos a Liga Europa, ele foi com a gente comemorar. Não posso falar mais nada.”
Chegada ao Bayern
“Depois de tudo que eu vivi com minha mãe e meu irmão quando era jovem, fico muito orgulhoso que um clube pague tudo isso por mim. Me orgulha muito, mas é uma grande responsabilidade. Os valores das transferências se tornaram exagerados. Depois de tudo que gastaram em mim, eu tenho que valer a pena, dar meu máximo. O clube tem que estar orgulhoso de ter gastado todo esse dinheiro em mim.”
Jogo contra o Tottenham
“Nenhum jogo na Liga dos Campeões é fácil, nunca será. Essa é a melhor competição na Europa, todos os clubes levam a sério. Vai ser um grande jogo, muito difícil para nós. Mas temos excelentes jogadores, de muita qualidade. Espero que ganhemos.”
Mudanças do Atlético
“O estilo de jogo não mudou, não. Simeone sabe como integrar os novos jogadores e como ensinar o seu estilo para eles. Os jogadores tem que se acostumar. Podem até ter dificuldades no começo, mas assim que eles estiverem integrados, vão ter um time muito bom.”