Por Cleisson Lima - Premier League Brasil
Madrugada de quinta para sexta, quartas de final da Copa do Mundo de 2002, jogavam Brasil contra Inglaterra. Desde esse fatídico 21 de junho que se ouve falar que a Seleção inglesa sempre monta bons times, mas nunca chega. Justo. Afinal de contas, só Bobby Charlton e sua trupe tiveram a honra de erguer a taça do Mundial entre seleções. Desde o histórico time de 66, as gerações seguintes de súditos da rainha tentam retornar ao topo do pódio, sem sucesso.
Nomes como Gary Liniker, Alan Shearer, David Beckham, Frank Lampard, Steven Gerrard e até o ativo Wayne Rooney encerraram suas carreiras no selecionado britânico sem levantarem um caneco sequer.
A frase de Fernando Calazans caberia bem para lamentar a ausência de títulos ingleses mesmo com gerações brilhantes: azar da Copa do Mundo (e da Eurocopa). O debate sobre o futebol britânico é recorrente nas mesas redondas de lá e em algumas por aqui.
Lá como cá, discute-se com frequência sobre as safras de jogadores. A brasileira chegou a ser a pior da história até Tite assumir e carimbar a passagem para a Copa. A inglesa, por outro lado, não é lá uma potência, mas nadou de braçada nas eliminatórias europeias.
Esta talvez seja a geração de menor talento da Inglaterra nas últimas décadas. Mas a ótima campanha nas eliminatórias, a grande fase de jogadores, como Harry Kane e Raheem Sterling acendem uma luz no fim do túnel. Kane vive momento esplendoroso, não à toa ele foi o homem que mais marcou gols em 2017, superando Lionel Messi. Sterling, por sua vez, é peça fundamental para assombrosa campanha do Manchester City na Premier League.
Soma-se ainda os retornos de Jack Wilshere e Ross Barkley - apontados como os futuros líderes técnicos da seleção inglesa após as retiradas de Gerrard e Lampard.
Wilshere e Barkley voltaram às notícias nesta semana. Wilshere pelo grande desempenho no meio de campo do Arsenal nas últimas partidas. Já o holofote sobre Barkley se deu pela transferência para o Chelsea e a oportunidade de recuperar seu futebol tão falado quando surgiu das categorias de base do Everton.
Ambos já demonstraram talento, mas as lesões e até time mal ajustados fizeram com que os dois não alcançassem o que se esperava. Mais maduros e com boas apresentações (caso de Wilshere) eles podem fazer com que a Inglaterra alcance outro patamar.
Como foi dito, não é nenhuma potência, mas tem ótimos valores individuais e até boas opções para o banco de reserva. Além disso, a Inglaterra tem se mostrado ser competitiva desde que Gareth Southgate assumiu o comando do time.
O maior goleador do planeta no último ano, um meia vital para a equipe mais elogiada da temporada, mais a solidez defensiva de Cahill, Keane e Stones, mais o que já foi demonstrado por Alli, Rashford e Lingard, sem contar os retornos de Barkley e Wilshere. Com isso, a Inglaterra pode até ser um pouco mais do que se espera.
Brasil e Inglaterra podem muito bem se encontrarem em uma fase mais avançada desta Copa do Mundo. Quem sabe se até lá as mesas redondas daqui e de lá não compararão os números de Kane e Jesus? Quem sabe até lá Liniker não estará rasgando elogios a Neymar e defendendo a ótima temporada de Sterling?
Quem sabe se até lá Caio Ribeiro não estará destacando a recuperação de Jack Wilshere e Ross Barkley e o ressurgimento da força do futebol inglês de Seleção? Será?