“Jogamos bem? Não! Ganhamos? Sim! Então f@d@$ €, segue o baile. Seguimos fazendo história”. Foi com esta mensagem que Neymar, através de suas redes sociais, respondeu às críticas sobre a sua forma física (inclusive dizendo que ia pedir camisa tamanho M no próximo jogo) e sobre a atuação da seleção brasileira na vitória por 1 a 0 sobre o Chile, em duelo válido pela nona rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022.
O Brasil segue 100% e isolado na liderança do torneio classificatório para o Mundial do ano que vem, no Qatar, mas não é preciso ser um mestre da interpretação de texto para notar, através das palavras de Neymar, que a exibição da equipe treinada por Tite não agradou nem um pouco. E é verdade. Em que pese as ausências dos jogadores da Premier League, que apesar de terem sido convocados foram impedidos pelos seus clubes ingleses de viajarem à América do Sul para defenderem a seleção, o Brasil jogou muito mal contra os chilenos.
Em um jogo sem grandes oportunidades criadas pela equipe de Tite, justamente quando o treinador mais insistia que seu time precisava se mostrar mais criativo no ataque, a seleção sofreu e o resultado não refletiu o que foi a partida. Foram vários os pontos que levantaram preocupação - deixando claro que em boa parte isso também deveu-se às ausências de jogadores importantes como Gabriel Jesus, Richarlison e outros. Vamos a alguns deles.
Vinícius Júnior “preso” na responsabilidade defensiva
Autor de três gols nos seus três primeiros jogos pelo Real Madrid na temporada, Vini Júnior foi escalado por Tite no seu habitual lado esquerdo de ataque. Entretanto, ficou muito mais focado na parte defensiva do jogo, sempre de olho no chileno Mauricio Isla, do que no ataque – onde costuma ser um bom escape, oferecendo dribles e situações de perigo.
Não que Vini não tivesse desempenhado a função antes: na última temporada Zinedine Zidane, então técnico do Real Madrid, pediu o mesmo do brasileiro em duelo contra o Chelsea, pela Champions League, e o resultado não foi dos melhores, com os espanhóis caindo eliminados. Vinícius foi substituído por Tite, no intervalo, por Everton Ribeiro, autor do gol que garantiu o triunfo canarinho.
Neymar um pouco acima... e muito abaixo
Grande referência técnica da seleção, Neymar foi um dos principais pontos negativos – apesar de sua participação no gol, finalizando em cima do goleiro antes de Everton Ribeiro aproveitar o rebote. O camisa 10 não conseguiu completar muitas jogadas, perdeu muitas vezes a bola e não demonstrou muita intensidade. Um pouco acima do peso, esteve muito abaixo do que costuma entregar com regularidade.
Weverton em noite de herói
O Brasil ganhou, Everton Ribeiro fez o seu gol... mas a impressão foi de que o goleiro Weverton saiu como melhor em campo. O palmeirense efetuou boas defesas, especialmente no primeiro tempo, quando os chilenos foram amplamente superiores. No total, foram três defesas importantes do arqueiro – que segue passando confiança debaixo das traves.
Falta de força no meio-campo
Com Lucas Paquetá mais avançado e Bruno Guimarães em uma noite mais apagada do que o comum, especialmente em relação às suas boas exibições pelo Lyon, faltou encaixe no meio-campo brasileiro, que concedeu muitos espaços aos chilenos pelo lado direito.
Tite conseguiu equilibrar as coisas no intervalo, colocando Everton Ribeiro naquele setor e jogando Paquetá para a esquerda, após a saída de Vini Jr, e o Brasil melhorou. Mas a seleção terminou o jogo com sua menor posse de bola (39.2%) nestas Eliminatórias, e com o maior número de finalizações totais sofridas (12) em sua participação no certame até aqui.
Chile: seleção envelhecida e em crise
Fosse o Chile aquela seleção bicampeã continental de 2015 e 2016, não seria um absurdo completo ver os donos da casa tendo boas chances. O problema é que o selecionado chileno envelheceu e não conseguiu se renovar.
Apesar de contar com bons nomes, como Arturo Vidal, o Chile está longe de viver sua melhor fase e ocupava a sétima posição na tabela antes do apito inicial – ou seja: fora da zona de classificação para o Mundial no Catar. É possível imaginar que se a fase do adversário fosse melhor, dificilmente eles teriam desperdiçado tantas finalizações.
A justificativa de Tite
Depois da vitória, o técnico da seleção brasileira falou sobre a partida e disse que a atuação abaixo do comum (e do esperado) foi mais por causa da falta de entrosamento entre as partes.
"Oportunidades nós tivemos, mas faltou um pouquinho de coordenação dos movimentos. Faltou um pouquinho mais de entrosamento, numa equipe que mal se ajustou, que nunca jogou junto, no primeiro e no segundo tempo", disse o técnico.
Um argumento válido, dentro do contexto desta convocação em que vários dos principais nomes não puderam vir. Mas, ainda assim, é preciso melhorar.
Ah, o gramado também estava péssimo.