Por que o Irão proibia a presença de mulheres nos estádios de futebol?

A última vez, e também uma das poucas vezes, que as mulheres iranianas puderam ver uma partida de futebol da seleção iraniana de futebol masculino, no estádio Azadi de Teerã, foi em 2019, contra o Cambodja.
Após dois anos de proibição, as torcedoras poderão comparecer ao jogo entre Irão e Coreia do Sul, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022 .
Se dois anos, ainda durante a pandemia, parece muito tempo, é porque você não sabia que, na verdade, desde 1979, após a Revolução Islãmica, as mulheres são limitadas a irem aos jogos nos estádios para "protegê-las do modo pouco educado" dos homens nas partidas.
Em 1979, o governo autoritário de xá Reza Pahlevi foi colocado em oposição pelo grupo de revolucionários comandados por Ruhollah Khomeini.
Os confrontos estouraram e alguns meses depois do início da revolução, o governo foi deposto e o Irão acabou se tornando uma República Islãmica.
Por isso, o radicalismo islãmico acabou trazendo diversas proibições, incluindo maquiagens e minissaias, e a liberação de castigos corporais e penas de morte.
A partir disso, o grande machismo vindo de pressões religiosas e alguns políticos fez com que as mulheres fossem proibidas de diversas atividades, incluindo a presença dessas em estádios de futebol, em 1981.
Em 2019, Sahar Khodayari, com 29 anos na época, se vestiu como um homem para entrar num jogo de futebol. No entanto, ao tentar entrar na partida do Esteghal, para quem torcia, foi detida e presa por três dias.
Sahar foi convocada para responder ao "crime" no tribunal, mas o evento acabou sendo adiado. No mesmo dia, a torcedora ouviu, quando foi ao escritório do promotor recuperar seu celular apreendido, que poderia ficar na prisão por seis meses. Segundo a irmã de Sahar, a iraniana sofria de transtorno de bipolaridade, e acabou piorando pelos poucos dias que ficou presa.
Ao ouvir que poderia ser presa por tanto tempo, a iraniana queimou a si mesma na frente de um tribunal religioso. Com 90% do corpo queimado, não resistiu e acabou falecendo em 9 de setembro de 2019.