Corre-corre no Hospital Lusíadas, no Porto, numa quarta-feira à tarde. Médicos, enfermeiros e diversos outros funcionários em estado de euforia. Não, não era mais uma emergência cotidiana. Surpresa: era Neymar.
Em 2 de agosto de 2017, acompanhado do pai, de amigos, do empresário Wagner Ribeiro e da alta cúpula do PSG, o craque brasileiro deixou Barcelona e viajou num jato privado para o norte de Portugal para fazer exames médicos e acertar os últimos detalhes da maior transferência da história no futebol.
Pronto para desembolsar 222 milhões de euros, o clube francês queria um “território neutro” para sacramentar o negócio. Porto foi escolhida especialmente pelo diretor esportivo Antero Henrique, que é natural da segunda maior cidade de Portugal e, inclusive, trabalhou durante anos no Porto.
Entre testes físicos e rápidas discussões sobre o futuro, Neymar e PSG definiram ali aquilo que desde então tem sido um árduo alvo de extrema cobiça. Um pacto, na verdade: o tão sonhado título da Liga dos Campeões.
Antero já não faz mais parte da diretoria do clube francês, assim como ex-lateral-esquerdo brasileiro Maxwell, que, na ocasião, era gerente de futebol e também esteve presente na badalada comitiva que passou poucas horas no Porto. Nomes caíram, mas o desejo do PSG nunca diminuiu. Longe disso.
De 2017 para cá, Neymar decepcionou duas vezes na maior competição de clubes do mundo com a camisa 10 da equipe parisiense. Em 2017/18, foi eliminado nas oitavas de final diante do Real Madrid. Já em 2018/19, participou ativamente apenas da fase de grupos e, lesionado, viu de camarote os companheiros serem derrotados pelo Manchester United, também nas oitavas.
As quedas precoces nas fases de mata-mata da Liga dos Campeões consequentemente aumentaram a pressão em cima do atacante brasileiro, que, neste mesmo período, forçou várias vezes uma negociação para retornar ao Barcelona ou até mesmo fechar com o Real Madrid.
Mais maduro, focado e acreditando viver o auge físico, Neymar vê a atual edição do torneio como “questão de honra”. É o melhor - e mais curto - caminho para cumprir o pacto feito há três anos, homenagear o “irmão mais velho” Thiago Silva, que está de saída do PSG, e também cobrar a velha promessa do presidente Nasser Al-Khelaifi, que, em meados de 2018, chegou a combinar que facilitaria uma transferência logo após uma eventual conquista europeia.
Nesta quarta-feira, diante da Atalanta, no jogo único das quartas de final da Liga dos Campeões 2019/20, em Lisboa, coincidentemente em Portugal, onde o surpreendente namoro tornou-se real, Neymar e PSG vão dar o primeiro de três passos decisivos rumo ao êxtase do casamento.