Neste domingo(15), a Chapecoense estreia no Campeonato Brasileiro com a dura missão de parar a boa fase do Atlético-PR de Fernando Diniz, que vem fazendo um grande trabalho a frente do Furacão, além disso, o time Catarinense também tem a pretensão de voltar a disputar a Copa Libertadores da América, para isso, o time de Chapecó conta com Jandrei, um dos melhores goleiros do futebol brasileiro neste primeiro semestre.
Eleito o melhor arqueiro do Catarinense, ainda que a Chape não tenha faturado o título, Jandrei conta com o apoio de um profissional que chegou este ano no clube mas tem muita história no futebol brasileiro, Wagner Miranda, apelidado carinhosamente de Gigante.
Wagner foi por dez anos goleiro profissional, em seu currículo como arqueiro, carrega consigo o importante título de Campeão Paulista em 1990, pelo Bragantino.
"Foi uma conquista muito importante para a história do clube, porque se trava de um clube com menos investimento, isso ficou marcado na história, foi um título muito pontual".
Além da taça, foi lá no Bragantino que Wagner teve a oportunidade de trabalhar pela primeira vez com Vanderlei Luxemburgo.
"Eu trabalhei com o Vanderlei lá no Bragantino, inclusive ele pediu a minha contratação na época, eu tinha feito um Carioca no Olaria, fui um dos goleiros menos vazados na época, estava muito bem na competição, chamei bastante atenção e ele pediu a minha contratação e foi aí que conheci o Vanderlei".
Quis o destino que anos mais tarde, já como preparador de goleiros, Wagner reencontrou-se Vanderlei Luxemburgo no Flamengo.
"Eu reencontrei o Vanderlei depois de alguns anos no Flamengo, primeiro em 2011, eu estava no Flamengo desde 2005, saí em 2010 e voltei em 2011, na época eu trabalhava com o sub-20, depois ele retornou ao Flamengo e aí trabalhamos juntos no profissional. Conseguimos fazer um grande trabalho, livramos o Flamengo do rebaixamento, estava numa situação difícil na tabela, depois quase chegamos na final da Copa do Brasil".
E foi justamente com Vanderlei Luxemburgo que Wagner Miranda viveu uma das mais importantes experiências de sua carreira, em 2016, o treinador convidou o preparador de goleiros para fazer parte da sua comissão técnica no Tianjin Quanjian, da China.
"Em 2016 eu fui para a China com o Vanderlei, não dava para recusar, para minha vida profissional foi muito importante, é o tipo de proposta que todo profissional do futebol trabalhando na área espera na vida. A decisão foi muito difícil porque a minha história no Flamengo estava muito enrraizada, além da história bonita eu sou flamenguista e isso não nego a ninguém, tenho amor e carinho muito grande pelo Flamengo".
Na China, Wagner levou um choque de realidade ao conhecer de perto o nível técnico dos goleiros chineses.
"Na China uma diferença absurda, totalmente diferente daquilo que você vive no futebol, em termos de preparação principalmente na qualidade dos goleiros porque lá não pode contratar goleiro estrangeiro porque lá eles precisam formar, então eles acreditam que trazer profissionais de fora para capacitar os seus goleiros e a ideia foi muito louvável. Eu lembro que no primeiro dia de treinos com eles, aqui no Brasil, no primeiro dia de treino quando eu vi o nível técnico deles, no outro dia eu tive que descer uniformizado de goleiro, com luva, chuteira tudo, porque quando apresentava um treinamento eu mostrava para eles como tinha que fazer, chegou uma época que não precisou mais, mas no início do trabalho eu voltei a ser goleiro para poder mostrar a eles os movimentos técnicos, foi um trabalho que fiquei feliz, experiencia impar na vida profissional, você pega jogadores muito verdes, precisando muito de treinos e você trabalhar e ver a evolução do seu trabalho, e na época o meu goleiro ganhou o premio de melhor goleiro da Liga Chinesa, e no dia que ele recebeu a premiação ele fez uma homenagem com meu nome, pelo trabalho que fizemos, foi muito boa, crescimento muito grande, muito cansativo mas acabou sendo vitorioso".
Pouco tempo depois da saída de Wagner Miranda, o Flamengo passou por uma crise no gol, algo que o preparador encarou com muita tristeza, mesmo de longe, lá no futebol chinês.
"Quando você tem uma metodologia de trabalho há muito tempo implantada, quando há uma mudança, há uma dificuldade de adaptação no início, há nova metodologia, eu acredito que possa ter acontecido isso com o Victor Hugo que é um excelente profissional, vitorioso. Não que não consiga implantar, mas às vezes, acontece. O que aconteceu com os goleiros lá foi muito lamentável, não adiantar se hipócrita, fou um momento ruim, um período ruim, a gente ficava triste pelo Flamengo, pelos profissionais, mas infelizmente o futebol tem dessas coisas".
Quando retornou do futebol chinês, Wagner não foi procurado pelo Flamengo, onde trabalhou por quase dez anos, hoje na Chape, ele vive uma nova fase na carreira e garante que pretende consolidar Jandrei entre os melhores goleiros brasileiros.
"Aqui na Chapecoense está sendo uma nova experiencia, mais um desafio, estou muito feliz aqui com o Jandrei, o Elias, o Ivan, os goleiros que estão trabalhando comigo diretamente, todos me receberam muito bem, dando confiança ao meu trabalho e liberdade. A Chape tem história de grandes goleiros, visto o Danilo que tem uma grande história e hoje tem o Jandrei que vem fazendo grandes partidas, é uma grande referência, que seja uma grande temporada e que ele possa ser um grande nome no Brasil e virar um goleiro top de linha do Brasil"
A ligação de Wagner Miranda com o gol não se restringe só no trabalho, a paixão pela posição acabou passando pelo sangue e Bruno Miranda, seu filho, também se tornou arqueiro. Apesar de ser um pai babão, ele garante que avalia o talento do filho como profissional.
"Tenho um filho que é goleiro, o Bruno Miranda, eu trabalhei ele sim, não tem como, eu várias vezes peguei ele, principalmente nas férias, eu pegava ele para fazer um treinamento, sempre procurava ajuda-ló, mas durante a temporada não porque respeitava o profissional que trabalhava com ele no clube, hoje ele está no Bangu. Vou falar como treinador de goleiros, ele é um excelente goleiro, quando ele tiver uma oportunidade melhor na carreira eu tenho certeza que ele vai aproveitar e marcar aí como um grande goleiro, estou falando como treinador de goleiros".
No Flamengo, Wagner Miranda lançou goleiros como Wilson, Marcelo Lomba, Paulo Victor e César, o último, inclusive, foi descoberto por ele no Sendas e foi justamente o Gigante quem fez força para que ele fosse contratado pelo Flamengo. Ele também trabalhou com Felipe, quando o arqueiro foi eleito o melhor da Copa do Brasil, conquistada pelo Rubro-Negro em 2013.