A pressão em cima da Seleção Brasileira para vencer a Copa América existe. É facilmente sentida na opinião dos torcedores, na imprensa, nas últimas entrevistas dos jogadores... e também na cabeça de Tite.
Apesar de não tratar publicamente a competição como "obrigação", o treinador sabe que precisa do título em casa para recuperar parte do prestígio que perdeu depois da eliminação na Copa do Mundo da Rússia. Aliás, sempre que pode transmite isso aos membros da comissão técnica. Alguns atletas, sobretudo os mais experientes, também receberam a mensagem.
A CBF, por sua vez, segue confiante e satisfeita com o desenvolvimento do trabalho de Tite, principalmente agora que passou a abrir espaço para os jovens, como Vinicius Júnior, Lucas Paquetá e David Neres. Apenas um fracasso monumental, como cair ainda na fase de grupos, pode vir a colocar em xeque a permanência do comandante gaúcho que, recorde-se, tem contrato até 2022.
O desejo de levantar a primeira taça com a Seleção é tamanho que o treinador não abre mão de algumas convicções, como, por exemplo, estar rodeado de veteranos de confiança. Daniel Alves (35 anos), Miranda (34 anos) e Filipe Luís (34 anos) ainda são vistos como fundamentais para o grupo. Marcelo (30 anos) continua prestigiado, mas já recebeu um aviso: precisa melhorar a forma física e voltar a jogar no Real Madrid.
O caminho do sucesso, no entanto, passa mesmo por Neymar, que está na reta final da recuperação da lesão no pé direito (fratura no quinto metatarso do pé direito). É o craque do time. É o capitão. É o jogador que recebe a atenção especial de Tite. Não à toa Ricardo Rosa, preparador físico que normalmente é convocado para compor a comissão técnica canarinha, ficou em Paris para cuidar do jogador.
Sem o camisa 10, Tite tem pela frente dois adversários antes da Copa América: Panamá, neste sábado, no Porto, e República Tcheca, na terça-feira, em Praga. Mas uma perda muito mais significativa abalou o treinador antes dos amistosos: a mãe Dona Ivone faleceu aos 83 anos no último dia 9.
Nos treinos em Portugal, onde a Seleção tem feito a preparação desde o início da semana, Tite, de fato, está mais reservado. Sem muitos sorrisos, passa boa parte das atividades em campo sem falar muito, apenas observando as orientações dos auxiliares Cléber Xavier e Sylvinho. Internamente, no entanto, a força e o foco dele têm sido alvos de elogios, por isso não é exagero pensar que o eventual título da Copa América pode ser colocado como uma homenagem de todos para a mulher que foi a grande incentivadora do treinador.