Juninho Pernambucano é indiscutivelmente um dos maiores ídolos do Lyon, mas, internamente, tem sido cada vez cobrado. Hoje no cargo de diretor de futebol, o brasileiro há meses sofre forte pressão de diversas alas do clube, sobretudo entre os opositores do presidente Jean-Michel Aulas, e até mesmo dos torcedores. A nona colocação do time na liga francesa e os recentes reforços que ainda não vingaram são os principais motivos da insatisfação.
No cargo desde maio do ano passado, Juninho ainda é criticado por prontamente ter apostado no compatriota Sylvinho. Na primeira experiência como treinador principal, o ex-lateral-esquerdo, que antes trabalhava com Tite na seleção brasileira, fracassou e acabou demitido em outubro - durou apenas 11 jogos, tendo conquistado três vitórias.
Referência na França por revelar e vender jovens de qualidade, entre eles Alexandre Lacazette (Arsenal), Corentin Tolisso (Bayern de Munique), Mouctar Diakhaby (Valencia) e Nabil Fékir (Betis), o Lyon, logo após regresso do ex-meia no papel de responsável pelo departamento de futebol, passou a investir pesado no mercado.
No início da atual temporada, os Gones gastaram mais de 70 milhões de euros em somente três reforços, todos agora na casa dos mais caros na história do clube: Jeff Reine-Adélaïde (25 milhões de euros), Joachim Andersen (24 milhões de euros) e Thiago Mendes (22 milhões de euros). Até o momento, nenhum deles convenceu.
Sem sucesso nos primeiros nomes que ajudou a escolher, Juninho resolveu fazer uma nova aposta pessoal na reta final mercado de inverno europeu, desta vez num jogador de uma posição que conhece como poucos. Convenceu Jean-Michel Aulas a desembolsar mais 20 milhões de euros e contratou Bruno Guimarães, que estava sendo disputado por Arsenal, Atlético de Madrid e Benfica.
"Pesou o Juninho me ligar. Ele me falou que vai me fazer o melhor volante do mundo, acreditei muito nas palavras dele. Ele sempre foi super sincero comigo, jogou aberto", destacou o volante de 22 anos, logo após assinar contrato válido até 2024.
Destaque do Athletico Paranaense e capitão da seleção brasileira pré-olímpica (Sub-23), Bruno Guimarães é visto como uma espécie de possível "ponto de viragem" no Lyon, que está cada vez mais distante do PSG, responsável por erguer seis dos últimos sete troféus da liga nacional. Juninho se enxerga bastante no novo contratado e quer fazer dele... um novo Juninho.
"Virgem" em títulos na França até o início dos anos 2000, o Lyon passou a ser "imbatível" curiosamente depois da chegada de Juninho Pernambucano. Recém-contratado do Vasco, o já experiente meia, então com 27 anos, liderou o time no histórico e inédito heptacampeonato consecutivo (2001/02, 2002/03, 2003/04, 2004/05, 2005/06, 2006/07 e 2007/08). Neste período, contou ainda com a ajuda de alguns compatriotas, como Cris, Caçapa, Edmilson, Sonny Anderson, Élber, Nilmar e Fred.
Pressionado, Juninho sabe que interromper a hegemonia do poderoso PSG, de Mbappé e Neymar, é praticamente impossível no momento, mas espera que, com a contratação de Bruno Guimarães, o Lyon possa recomeçar uma remontada.