Uma das boas novidades do Fluminense neste começo de temporada atende pelo nome de Fernando Pacheco. O mesmo peruano, que apenas sete meses antes de animar a torcida com uma boa atuação no Fla-Flu, em pleno Maracanã, conhecia o estádio carioca e acompanhava seu país na histórica decisão da Copa América, contra o Brasil.
"A marca que me patrocina me deu duas passagens para ver o jogo, vim com o meu melhor amigo, fazer turismo com ele. Conhecemos um pouco dos lugares do Brasil por quatro dias e fomos (embora)", disse o prodígio do Tricolor à Goal.
O duelo entre Brasil e Peru, que terminou 3 a 1 para a Seleção, foi disputado em 7 de julho do ano passado. Sete meses depois, o jovem de 20 anos, que havia se encantado ao ver um estádio cheio em um jogo decisivo, foi acionado por Odair Hellmann para mudar o que parecia ser um massacre do Flamengo sobre o Fluminense.
Com 3 a 0 para o atual campeão brasileiro e da Libertadores no placar, Pacheco conseguiu colocar pressão no adversário, deu um passe para o segundo gol e teve um tento anulado pelo VAR. No fim, o árbitro de vídeo ainda lhe tirou um pênalti sofrido, também por impedimento.
"O Flamengo vinha ganhando de 3 a 0, mas deixamos de pensar neles e pensamos na gente, pensamos em como podíamos fazer dano a Flamengo. Não vimos mais o Flamengo como os melhores, os companheiros mudaram a mentalidade e fizemos o nosso jogo sem nos preocupar com o que víamos pela frente", contou Pacheco.
Sozinho no Brasil durante a quarentena causada pela pandemia da Covid-19, o garoto explicou como tem passado seus dias e falou a respeito do que espera para o seu futuro tanto no Flu quanto na seleção peruana.
Goal: Como tem passado a quarentena?
Pacheco: É uma situação complicada a que se vive no mundo todo. Complicado para mim pelo momento, mas que passe tudo isso, que as coisas se resolvam de uma maneira importante. Tento sempre azer algo diferente para não ficar entediado, fazer um treino à tarde, exercício. Trato de jogar videogames. Tento sempre falar com a família. Mas é complicado.
Goal: Está se adaptando bem ao Fluminense?
Pacheco: Antes que eu chegasse ao Brasil já tinha sentido muito carinho da torcida do Fluminense, sempre me escreviam pelo Instagram, senti o carinho dos companheiros, do comando técnico.
Goal: E como foi estrear no Maracanã?
Pacheco: Para mim foi importante, vim para a final da Copa América no ano passado, foi a primeira vez que vi um jogo com tanta gente. E que em tão pouco tempo eu chegue a jogar no Maracanã, sem palavras. Foi uma partida muito importante, contra um rival muito importante. Te enche de motivação. Só fiz o que faço sempre, desfrutar, viver o jogo
Goal: Você veio como torcedor?
Pacheco: A marca que me patrocina me deu duas passagens para ver o jogo, vim com o meu melhor amigo, fazer turismo com ele. Conhecemos um pouco dos lugares do Brasil por quatro dias e fomos. O resultado foi incômodo, mas fiquei orgulhoso dos meus amigos, não é qualquer um que chega à final da Copa América.
Goal: Já tinha amigos na seleção peruana?
Pacheco: Eu tive contato com jogadores do meu clube, Pedro Aquino, Luis Abram, Advincula, Yoshimar Yotun. Pelo mesmo empresário, conheci ao Flores e Tapia. Eu também era um dos jovens da base que sempre subia para jogar com a seleção. Quando isso acontece já há um afeto e um carinho com o grupo.
Goal: Alguns deles chegaram a jogar no Brasil. Pediu conselhos?
Pacheco: Conversei com o Yotun, me felicitou, disse que aqui se vive o futebol a 100%.
Goal: Acompanhou os jogos do Guerrero quando estava no Peru?
Pacheco: Eu sempre acompanhei os jogos do Guerrero, sabia que tinha jogado aqui no Flamengo, tem um nome muito grande aqui no Brasil. É algo que me motiva para que eu possa ser reconhecido no futuro também.
Goal: Lembra de algum jogo especial?
Pacheco: Ver um peruano jogando um Mundial de Clubes (com o Corinthians, em 2012), te enche de orgulho como peruano, como país. Todo mundo se sente identificado com o feito do Paolo ter marcado aquele gol, foi algo que alegrou a todos.
Goal: Como torcedor, como foi ver o Peru na Copa do Mundo de 2018?
Pacheco: Nós treinamos como sparring (jovens das seleções de base utilizados em treinos da seleção de cima) deles, jogamos sempre com eles a cada treino. Isso enche de orgulho, ver amigos, companheiros, colegas de campo. É importante. Nós viajamos com eles para a Rússia, vimos os jogos no estádio. Foi uma experiência incrível.
Goal: Daqui a pouco chega a sua vez...
Pacheco: Creio que sim. Venho fazendo as coisas bem, fomos bem no Pré-Olímpico com a sub-23, tenho demonstrado que estou à altura de qualquer jogador. Creio que gostaria de ter uma oportunidade na seleção de cima, sim.
Goal: Você seria o líder de uma nova geração, isso te pressiona?
Pacheco: Sabemos que na seleção há muitos que estão chegando à etapa final de seleção, porque já não se consegue mais manter, se pede outro ritmo. Mas eu sempre disse que a pressão é pessoal. O tema é sempre entrar, desfrutar, não se carregar de pressão. A pressão sempre prejudica. Tenho que ficar alegre com os jogos, gols e aprender nas derrotas.
Goal: Jogando contra o Brasil, no Pré-Olímpico, algum rival te impressionou?
Pacheco: Em todos os aspectos o Brasil nos complicou, eram bons em todos os setores do campo, em todos os lados. Mas sabíamos que a única maneira de fazer dano ao Brasil era jogando. Demonstramos que estamos para jogar de igual para igual com eles. Não me preocupo em ver quem é o melhor do outro lado, não.
Goal: Aqui nos impressionamos com o Flamengo de 2019. Você, em campo, também sentiu isso?
Pacheco: Vi alguns jogos do Flamengo pela TV, é distinto ver um jogo de um time que ganha sempre por 3, 4, 5, era surpreendente. Mas ao chegar aqui e ver a realidade do futebol brasileiro creio que nenhum time é superior a outro. Não tem altitude, como tem no Peru, que muda o jogo. Contra eles, o Flamengo vinha ganhando de 3 a 0, mas deixamos de pensar neles e pensamos na gente, pensamos em como podíamos fazer dano a Flamengo. Não vimos o Flamengo como os melhores, os companheiros mudaram a mentalidade e fizemos o nosso jogo sem nos preocupar com o que víamos pela frente.