Por Tauan Ambrosio
A partida contra o Bayern Munique, pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League, era aguardada com ansiedade: seria o primeiro desafio deste PSG contra uma grande potência do futebol europeu, e o retorno de Neymar ao lado de Cavani depois da polêmica envolvendo as cobranças de pênaltis.
E se a vitória começou a ser encaminhada logo aos 2 minutos de jogo, com gol de Dani Alves, a polêmica envolvendo os atacantes sul-americanos também começou a ganhar panos quentes minutos depois.
O jogo mal havia começado quando Neymar mostrou o seu cartão de visitas ao Bayern: disparou pelo lado esquerdo, driblando qualquer adversário que aparecesse em seu caminho. O lance atraiu atenção especial de cinco jogadores da equipe adversária, e quando o camisa 10 fez o passe para o espaço vazio do outro lado da área Dani Alves teve plenas condições de estufar as redes.
O cenário ficou favorável logo aos 2 minutos
Era tudo o que a equipe treinada por Unai Emery queria: usar a velocidade para explorar os espaços defensivos deixados pelo Bayern. Mas o PSG começou a levar um sufoco dos alemães, que trocavam constantes passes em seu campo de ataque. A equipe de Carlo Ancelotti – treinador vitorioso também em passagem pelo PSG, entre 2011 e 2013 – ensaiava uma reação.
Ainda que os dois lados tenham entrado em um 4-3-3, a característica dos jogadores de frente mostrava a principal diferença no modo de jogar. Com James Rodríguez e Thomas Müller pelos lados, a tendência do Bayern era de valorizar mais a posse de bola e buscar em Lewandowski a referência. No primeiro tempo, foram 325 passes bávaros contra 175 parisienses. Mas o plano fracassava na hora de transformar a supremacia com a bola nos pés em chances claras de gols.
Bayern não conseguiu levar muito perigo, em relação ao PSG
O Bayern não conseguia entrar dentro da área, graças ao bom trabalho defensivo. Do início ao fim do jogo, Thiago Silva foi um gigante dentro da área, anulando qualquer chance de Lewandowski mostrar o seu poder decisivo. Sobrou para os bávaros apelar para o excesso de cruzamentos: não deu certo, e se acertou 3 arremates na direção do gol apenas em um deles o perigo foi maior.
Já o PSG, mesmo com posse de bola inferior e menos passes trocados entre seus atletas, acertou o mesmo número de chutes a gol. E também levou perigo nos outros dois arremates que saíram pela linha de fundo: chegaram menos, mas sempre levando mais perigo.
Trio 'MCN': eles resolveram o jogo!
Em uma dessas chegadas, Mbappé recebeu passe em profundidade de Dani Alves. Com rapidez, protegeu a bola de dois defensores, girou e serviu Cavani. O uruguaio chegou batendo de primeira, e fez um golaço. O foco deixava o jogo: como seria o comportamento de Neymar? Cavani correu sozinho, enquanto o brasileiro abraçava Mbappé. O cenário não parecia dos melhores, mas depois Neymar cumprimentou o uruguaio.
O primeiro tempo terminou com placar de 2-0 para o PSG, e embora o Bayern tenha melhorado nos 45 minutos finais – principalmente por causa das entradas de Coman, no lugar de James, Rudy na vaga de Tolisso e Robben – não conseguiu, em nenhum momento, contestar a vitória parisiense. O goleiro Areola apareceu com defesas mais complicadas em duas ocasiões, e na última delas o placar já estava em 3-0.
Quem estufou as redes para dar números finais ao confronto foi exatamente Neymar, mas o protagonismo do lance ficou inteiramente com Mbappé. O francês foi o grande nome da noite, distribuindo belos dribles e criando um total de 3 oportunidades para sua equipe. Aos 63’, o francês de 18 anos passou por Alaba e Süle. O arremate bateu em Javi Martínez, mas sobrou para Neymar conferir.
Quando deixou o campo, Mbappé saiu aplaudido de pé. Quando todos os focos estavam na relação entre Neymar e Cavani, foi o futebol do ex-jogador do Monaco que triunfou. Mas tanto Ney quanto Cavani também tiveram seus méritos: cada um com um gol em 4 arremates. E quando um errava, recebia, ainda que timidamente o apoio do outro.
Após a infantilidade, o bom exemplo de profissionalismo
Ainda que tenha feito gol e dado assistência, o comportamento foi o grande ponto positivo de Neymar nesta quarta-feira (27). Talvez seja correto pensar que, antes de chegar ao Parque dos Príncipes, o brasileiro tivesse um peso midiático maior que o de seu novo clube.
Mas a verdade é que, no futebol, um jogador jamais deverá ser maior que a instituição que representa. É uma inversão completa dos valores, não importa quem esteja calçando as chuteiras. Contra o Bayern de Munique, Neymar demonstrou ter entendido isso depois da polêmica infantil e egocêntrica envolvendo a disputa de penalidades com Edinson Cavani. A dúvida agora será quando algum juiz apontar a marca da cal.