Ramires foi anunciado como reforço do Palmeiras, que firmou contrato por quatro temporadas com o meio-campista de 32 anos. Jogador com excelentes passagens por Cruzeiro, Benfica e Chelsea, ele estava livre no mercado desde que rescindiu com o Jiangsu Suning e agora reencontra Luiz Felipe Scolari. Eles estiveram juntos na Copa do Mundo de 2014, e pouca gente sabe: o meio-campista foi um dos principais candidatos a substituir Neymar na semifinal da Alemanha.
O camisa 10 havia sido cortado do Mundial após a vitória nas quartas de final sobre a Colômbia, jogo em que teve lesão na vértebra após sofrer dura entrada de Zuñiga. Na véspera do jogo contra a Alemanha, semifinal daquele torneio, Felipão ainda não fazia ideia de quem iria colocar no lugar de seu principal jogador. A imprensa cogitava a entrada de Willian pela ponta. Já os responsáveis por observarem a seleção alemã, Roque Júnior e Alexandre Gallo, aconselharam colocar força no meio-campo, pressão na saída de bola e velocidade pelos lados – tirando Fred, o centroavante fixo.
Ramires foi um dos jogadores que ganharam força em um rápido momento: o volante dava força de combate ao setor - o que na teoria dificultaria a armação central com Schweinsteiger, Khedira e Kroos - ao mesmo tempo em que também dava a opção de velocidade pelos lados quando fosse necessário. Basta relembrar o momento de maior destaque na carreira internacional do jogador: a semifinal de Champions League contra o Barcelona, na qual arrancou pela ponta-direita antes de fazer o gol que sacramentou a passagem do Chelsea para a final em 2012 [ano do título europeu dos Blues].
No livro “Escolha Brasileira de Futebol”, o jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, diz que Ramires era a opção defendida por Carlos Alberto Parreira. Mas o treinador campeão mundial de 1994 [uma conquista marcada também por um time forte no meio-campo e que esperava primeiro para atacar só depois] era coordenador. A escolha final seria de Felipão. E Scolari optou de acordo com a memória afetiva: lembrou-se de Bernard na Copa das Confederações e o escalou como opção de velocidade pelos lados. Não deu certo, e não por causa de Bernard... mas porque nada deu certo naquele jogo que terminou com a derrota mais vexatória na história do futebol brasileiro.
Kroos, Ozil e Khedira, os meio-campistas da Alemanha, deram assistência e Schweinsteiger ditou o ritmo dos passes. Ramires entrou no segundo tempo, ocupando a vaga de Hulk. Ali, o jogo já estava 5 a 0 para os futuros campeões mundiais. Não dá para adivinhar o que aconteceria se Felipão tomasse escolhas diferentes, mas o roteiro do 7 a 1 nos permite imaginar que, talvez, a escolha pela “espera” antes da “agressão” pudesse ao menos diminuir o tamanho daquele placar. Felipão não escolheu Ramires para aquele momento, mas passados cinco anos agora poderá contar à vontade com o meio-campista. O Palmeiras da melhor defesa de 2019 ganha ainda mais força em seu meio-campo.