Contratado para liderar uma mudança de conceito em relação ao futebol praticado pelo Internacional nos últimos anos, o técnico espanhol Míguel Angel Ramírez enfrenta o pior momento desde a sua chegada, que ocorreu no dia 5 de março. O treinador está indo para o quarto mês no comando colorado, e os resultados são apenas discretos, oscilando com raros momentos positivos com momentos preocupantes, como a goleada sofrida para o Fortaleza, por 5 a 1. Uma demissão é possível em caso de eliminação na Copa do Brasil.
É bem verdade que o treinador não teve muito tempo para treinar e colocar em prática os seus conceitos de um futebol de posicionamento, algo completamente diferente do que o Colorado vinha jogando nos últimos anos. Para muitos especialistas, o Inter não tem no elenco jogadores com características para que possam cumprir o que pede Ramírez.
E o pior, jogadores como Patrick, Edenílson, Rodrigo Dourado e Victor Cuesta, que foram destaques na campanha do Inter vice-campeão Brasileiro em 2021, com o técnico Abel Braga, caíram de produção e alternam titularidade com o banco de reservas.
A frustração no Gauchão
No Campeonato Gaúcho, o colorado disputou três clássicos contra o Grêmio, perdeu dois e empatou um. Na decisão, contra o Grêmio, o Colorado perdeu o primeiro jogo por 2 a 1, saiu ganhando o clássico, mas permitiu a virada tricolor dentro do Estádio Beira-Rio. No jogo da volta, o empate em 1 a 1 foi suficiente para o Grêmio dar a volta olímpica e levar a taça.
O vacilo na Libertadores
Na Copa Libertadores, o Colorado ingressou no Grupo B, com Olímpia-PAR, Always Ready-BOL e Deportivo Táchira-VEN, em tese um grupo relativamente fácil, em que o time brasileiro poderia passar sem maiores dificuldades.
Porém, na prática o Inter acabou tendo problemas. Dos 12 pontos disputados contra os bolivianos do Always Ready e os venezuelanos do Táchira, o Inter fez apenas quatro , sem conseguir marcar gols contra o fraco Always Ready - perdeu a primeira na altitude e empatou em zero no Beira-Rio. Ainda assim conseguiu a classificação em primeiro da chave.
A péssima arrancada no Brasileiro
O início do Campeonato Brasileiro do Inter causou calafrios no mais otimista dos colorados. Um empate dentro do Beira-Rio contra o Sport, sendo que o Inter saiu ganhando de dois a zero e mais uma vez caiu de rendimento durante o segundo tempo, permitiu o empate do rubro-negro pernambucano.
O segundo jogo, contra o Fortaleza, foi um verdadeiro vexame, em que o Colorado acabou sendo goleado por 5 a 1. O planejamento do técnico Miguel Ramírez foi de preservar os titulares para o jogo de volta da Copa do Brasil. Após a derrota, o próprio treinador reconheceu que foi um equívoco poupar o time.
Mesmo com o time colorado a cada jogo se mostrando cada vez mais perdido em campo, a direção segue mantendo o apoio e assegurando o treinador no cargo.
“Peço desculpas ao torcedor, foi o maior vexame que eu passei na vida como dirigente do Inter, mas seguimos com o planejamento e o Miguel segue com o apoio da direção para a sequência do trabalho”, destacou João Patrício Herrmann, vice de futebol do Inter, após a goleada sofrida pelo Fortaleza.
Derrota, pressão nos bastidores e a zona de rebaixamento
A derrota para o Fortaleza e a combinação de resultados paralelos acabou deixando o Inter na 17ª colocação, o primeiro time na zona do rebaixamento, e é nesta situação que o time abre a semana para decidir o seu futuro na Copa do Brasil.
Mesmo com a garantia do vice de futebol na permanência de Ramírez, a pressão da torcida é muito forte para que o presidente Alessandro Barcellos demita o treinador e toda a sua comissão técnica.
Enquanto a reclamação vinha só por parte dos torcedores e de alguns segmentos da imprensa, o presidente conseguia manter o apoio ao técnico. O grande problema é que pela primeira vez muitos dirigentes e apoiadores da gestão estão pressionando para que ocorra a troca do comando técnico.
“Os jogadores não estão entendendo o que o técnico pede, o time está perdido e cada vez jogando menos. É hora de corrigir o rumo, temos que reconhecer que o projeto não está saindo como o esperado e é preciso corrigir”, destacou em anonimato um dos dirigentes da atual gestão para a reportagem da 'Goal'.