O São Paulo enfrenta nesta quinta-feira o Deportivo Binacional, do Peru, pela estreia na Copa Libertadores da América, com as atenções voltadas para a incrível altitude de quase 3.900m que o espera em Juliaca, local do embate. Aproveitando a oportunidade, a 'Goal' conta para você o que esperar do adversário, e como o clube superou a pior tragédia da sua história para chegar ao patamar em que está hoje.
Fundado em 2010, o Binacional apareceu pela primeira vez no cenário peruano em 2017, quando foi vencedor da Copa Perú, uma espécie de segunda divisão no país. Dono desse nome por estar situado bem próximo à fronteira com a Bolívia, no Altiplano Andino, o time viu começarem ali algumas das suas dificuldades.
"Como o seu estádio não tinha condições de receber jogos da primeira divisão, precisou deslocar seus mandos a Arequipa, uma das grandes cidades do país. Com a altitude apenas na casa dos 2.300m, fez campanha mediana, indo para a Copa Sul-Americana", conta Jorge Moreno, editor do jornal Depor, uma das referências peruanas no esporte.
Depois de uma série de reformas no estádio Guillermo Briceño, porém, conseguiu levar os jogos para a sua sede no ano seguinte, onde tornou-se praticamente invencível. Na campanha do título de 2019, por exemplo, foram 15 vitórias, três empates e apenas uma derrota jogando como mandante no torneio, um aproveitamento na casa dos 84%.
Para efeito de comparação, os números decaem absurdamente quanto a equipe é visitante. No mesmo campeonato, foram cinco vitórias, quatro empates e oito derrotas ao deixar a altitude, com um aproveitamento de 37%, uma diferença bastante significativa.
Dor e superação
A altitude, no entanto, não foi a única responsável por marcar a trajetória dos peruanos. Uma tragédia apenas cinco dias antes da final do Campeonato Peruano matou o meio-campista Juan Pablo Vergara, de 34 anos.
Vergara, acompanhado dos companheiros Donald Milan e Jeferson Collazos, perdeu o controle da sua caminhonete e capotou a caminho do treino da equipe. Os primeiros reportes diziam que o trio passava bem, mas uma reviravolta agravou o quadro de Vergara.
Enquanto os amigos foram liberados, ele precisou ficar no hospital ao ser diagnosticado com uma ruptura no fígado, que causava grande hemorragia interna. Apesar da tentativa de intervenção, porém, ele acabou morrendo dez horas depois da batida do veículo.
Os jogadores, no entanto, não se deixaram abater pela perda do companheiro. Diante de um gigante nacional, golearam o Alianza Lima por 4 a 1 em casa e, na capital Lima, seguraram um 2 a 0 contra para erguer a primeira taça da primeira divisão na sua história.
Enfraquecido
De acordo com Moreno, porém, o Binacional não é mais aquele que amedrontou os adversários pela capacidade de usar a altitude a seu favor. Donald Milán, um dos sobreviventes do acidente, hoje atua pelo Universitário, da capital Lima.
Roberto Mosquera, técnico campeão com o clube, pediu demissão após a campanha e deu lugar ao colombiano Flavio Torres, que está a apenas um mês no cargo.
"O melhor do time é o atacante Andy Polar. Raúl Fernández, ex-goleiro da seleção peruana, e o uruguaio Sebastián Gularte são os outros principais nomes", contou Moreno, dizendo o que espera do Binacional no grupo com São Paulo, River Plate e LDU.
"Pode somar nove pontos na altitude, que é muito difícil. E deve perder os três fora. Se o São Paulo se defender bem e atacar pouco, pode ter sucesso. É muito importante que (o São Paulo) não tome um gol no começo", concluiu.