26 de setembro de 2019, com menos de dez jogos, Rogério Ceni foi demitido do Cruzeiro. Exato um ano depois, o time está longe de ter melhorado e continua com os mesmos problemas extra campo de antes.
A passagem relâmpago de Rogério pelo Cruzeiro - e sua saída, também - ficou muito marcada pelas polêmicas. Medalhões da equipe não se davam bem com o treinador, que acabou não resistindo à pressão.
Desde sempre Thiago Neves foi apontado como um dos principais responsáveis pela queda de Rogério, junto de sua "panela". Se à época o Cruzeiro era bastante criticado por esta e outras situações que não combinam com o futebol, hoje é muito mais.
O portal 'Goal' fez um apanhado deste um ano desde de a demissão de Rogério, e já adianta: muito mudou, mas nada para melhor.
Técnicos
1, 2, 3, 4. Foram quatro técnicos à frente do Cruzeiro desde a saída de Rogério. Depois do ex-goleiro, para continuar a missão de evitar a queda para a Série B, o contratado foi Abel Braga, que caiu 14 jogos depois, antes do final do campeonato. Na reta final, foi Adílson Batista o comandante.
Mesmo rebaixado, Adílson resistiu à virada do ano e começou a temporada à frente da Raposa. Depois de uma sequência ruim no Campeonato Mineiro, deu lugar à Enderson Moreira, mais um que durou pouco.
Agora, quem treina a equipe é Ney Franco, que não vem tendo resultados positivos e amargura a parte debaixo da tabela de classificação.
Série B
Quando assumiu a equipe, no lugar de Mano Menezes, Rogério ganhou a missão lutar contra o rebaixamento do Cruzeiro. No fim, nem ele e nem nenhum de seus sucessores conseguiram êxito na tarefa.
Na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2019 o Esporte Clube Cruzeiro foi rebaixado pela primeira vez em sua história. E Rogério garante que, sob seu comando, a queda não teria acontecido: "Lamento não ter conseguido ajudar, mas uma coisa eu te digo: se eu tivesse ficado, com as mudanças que estavam sendo implementadas, o Cruzeiro não iria para a Série B", disse à ESPN.
Elenco
Um dos grandes desafios do ex-goleiro no comando da Raposa foi lidar com os jogadores. Após a queda, grande parte do elenco se despediu do Cruzeiro, inclusive Thiago Neves - apontado como o grande "inimigo" de Rogério no clube - e outro medalhões, dados como culpados pela queda.
Hoje, o Cruzeiro tem um elenco misto entre os ídolos do clube que resistiram à má fase - entre eles o goleiro Fábio, o zagueiro Léo -, jogadores que foram e voltaram - como o volante Henrique, que teve uma passagem rápida pelo Fluminense, e o centroavante Marcelo Moreno - e, por fim, as jovens jóias da base, que figuram a reconstrução da equipe.
Processos e mais processos
Na debandada pós-queda, o Cruzeiro ainda teve outra preocupação. Parte do elenco de 2019 foi à justiça pedir rescisão indireta de contrato, alegando que o clube tinha meses de salários atrasados. Foram mais de dez ações trabalhistas movidas contra o clube, com Thiago Neves e Fred como os casos mais notáveis.
Além de jogadores, ex-membros das comissões técnicas do próprio Rogério e de Abel Braga também foram à justiça.
Extra campo
O grande problema do Cruzeiro atualmente vem de fora do campo - o que logicamente influência lá dentro. Escândalos e mais escândalos surgem nos bastidores da Raposa desde antes da chegada de Rogério, e continuam depois de sua saída.
A gestão de Wagner Pires de Sá foi uma tragédia para o Cruzeiro, elevou a dívida do clube a números absurdos e acendeu as falcatruas ali presentes. Os bastidores da Raposa viraram caso de polícia.
Com várias irregularidades vindo a tona e acumlando cada vez mais dívidas, o clube foi punido pela Fifa em diversos processos movidos contra si. uma das decisões da entidade decidiu que a equipe começaria a Série B com seis pontos negativos, outra proibiu a inscrição de novos jogadores e, além disso, ainda houve o risco de um queda imediata à Série C.
Fala Zezé
Um dos casos mais famosos da crise do Cruzeiro foi o áudio enviado por Thiago Neves - olha ele aqui de novo - ao gestor de futebol Zezé Perrella. Na gravação, às vésperas do jogo contra o CSA na reta final do Brasileirão de 2019, o jogador cobra salários atrasados, que serviriam como motivação para ganhar a partida.
"Fala Zezé, bom dia cara. Deixa eu te falar uma coisa. Eu estou pensando aqui, sei que está difícil para vocês arrumarem recursos, sei que estão correndo atrás, mas estou falando por mim, não falei com ninguém do time, tá? Vê se você não consegue pelo menos pagar esses outros 60% antes do jogo de quinta-feira. Porque aí não precisa nem ter bicho para ganhar jogo. É uma motivação a mais pra gente. Acertar o salário e aí você não precisa arrumar uma premiação para ganhar o jogo, porque é obrigação da gente ganhar esse jogo, tá louco. Se a gente não ganhar do CSA, pelo amor de Deus. Pô, faz esse esforço pra gente aí, até quinta-feira tentar acertar esses 60% que está atrasado do salário".
O Cruzeiro não ganhou do CSA.
Bônus
Rogério Ceni não recebeu nada do que deveria pelo seu trabalho no Cruzeiro, conforme ele mesmo disse em participação em um programa da ESPN.
"Eu paguei para trabalhar no Cruzeiro, é bom esclarecer isso. Eu gastei muito dinheiro para ir para Minas e, vou ser sincero, nunca recebi um centavo por um dia de trabalho até hoje".
O dia de trabalho, aliás, que custaria cerca de R$ 76 mil, considerando o vencimento mensal no pouco tempo de trabalho.