Presos no Paraguai há mais de dez dias, Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto Assis já tiveram três pedidos de apelação negados pela justiça e o jogador deve passar o aniversário de 40 anos atrás das grades.
O promotor do caso alegou que os dois apresentam risco de fuga e, em entrevista concedida ao Esporte Espetacular, ainda disse acreditar que outros crimes possam ter sido cometidos: "Ainda não podemos adiantar sobre os passos das investigações, mas há indícios que outros crimes foram cometidos", afirmou para o programa da TV Globo.
A Justiça havia decretado que Ronaldinho Gaúcho e Assis fossem presos no Paraguai. A medida foi tomada para evitar a saída da dupla durante as investigações sobre os documentos falsos encontrados com eles.
Depois de prestarem depoimento, Ronaldinho e Assis não foram indiciados pelo Ministério Público do Paraguai. No entanto, o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias, não aceitou essa resolução e deu dez dias para que os promotores investiguem o caso após audiência com os irmão na sexta. Foi então que o Ministério Público pediu a prisão preventiva de Ronaldinho e Assis para evitar que eles saiam do Paraguai.
Assim, Ronaldinho e seu irmão foram levados para a Agrupación Especializada de Assunção, sede da força policial. Vale destacar que a detenção é de caráter preventivo, segundo o Ministério Público local.
Agora, Gustavo Amarilla, juíz do caso, marcou para terça-feira (12), a perícia nos telefones celulares dos dois irmãos, no entanto, estima-se que até o dia 25 de março nada tenha sido concluído ainda. Isso significa que até lá eles não poderão deixar o Paraguai.
A defesa tentou apresentar um recurso para transferir os dois para prisão domiciliar por duas vezes, mas sem sucesso. Na quinta-feira (12), os advogados tentaram pela terceira vez tirar os brasileiros do complexo de segurança máxima em que estão presos desde o dia 6.
No momento, Ronaldinho está em meio a 25 policiais condenados por crimes diversos, políticos acusados de corrupção e membros do crime organizado. A presença do ex-jogador também é celebrada pelos outros detentos, principalmente pelo campeonato interno de futebol que acontece no presídio. O brasileiro participou da competição interna de futebol.
De acordo com relatos de pessoas que foram visitar o jogador, ele não aparenta estar deprimido e que ele está sendo muito bem tratado, especialmente pelos outros detentos, que inclusive o ofereceram comida típica brasileira. Além disso, segundo a ESPN, Ronaldinho está trabalhando na marcenaria, para ocupar a cabeça.
Entenda o caso
Em Assunção, no Paraguai, onde participariam de compromissos comerciais, Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto de Assis Moreira, ficaram sob custódia policial por suspeita de estarem portando documentos falsos, inclusive passaportes. Os dois alegam terem sido enganados, segundo a defesa de Ronaldinho.
No domingo (08), em entrevista ao Esporte Espetacular, da TV Globo, o promotor do caso, Osmar Legal, confirmou que os irmãos Assis utilizaram os documentos.
"Temos informações que eles já receberam os documentos falsos ainda no Brasil e também sabemos que eles utilizaram esses documentos para entrar no Paraguai. Os passaportes têm registros e assinaturas deles, então para nós fica claro que foram utilizados", afirmou.
Já o advogado de defesa dos ex-jogadores, Sergio Queiroz, garantiu que Ronaldinho e Assis não sabiam que os documentos eram falsos: "Eles não sabiam que os documentos eram ilegais. Eles apresentaram os documentos de boa fé e na total ausência de má intenção. Ronaldo e Assis não sabiam que os documentos eram irregulares. O Ministério Público entendeu isso", disse em entrevista coletiva no domingo (08).
Na coletiva concedida na quinta-feira, após o depoimento de Ronaldinho, o promotor Federico Delfino afirmou que os números dos passaportes encontrados no quarto de hotel dos irmãos Assis existem, mas pertencem a outras pessoas. “São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano", disse.
March 5, 2020
A versão da promotoria local, no entanto, diverge da contada por eles. De acordo com o jornal ABC Color, Ronaldinho e Assis alegaram em um primeiro momento que os documentos lhes foram entregues ainda no Brasil.
Segundo Delfino, os dois argumentaram que os documentos foram um presente e responsabilizaram o empresário Wilmondes Sousa Lira pela entrega, relatou o investigador Gilberto Fleitas ao ABC Color.
Adolfo Marin, advogado de Ronaldinho e Assis, prometeu esclarecer o caso e declarou à rádio ABC Cardinal que os dois se dizem vítimas no caso: “Ronaldinho e seu irmão disseram que eram praticamente vítimas. Eles podiam entrar tranquilamente com a identidade brasileira. Ele está chocado e surpreso com esta situação. Ele testemunhará perante o Ministério Público e dirá quem enviou o documento”.
Além de Ronaldinho e Assis, outras duas mulheres foram ligadas ao caso e detidas. As duas teriam, em janeiro, solicitado os passaportes que estavam em posse dos ex-jogadores quando eles foram abordados no hotel em que estavam hospedados em Assunção.
Alegações da defesa
De acordo com informações da UOL, a defesa de Ronaldinho e Assis alegou que o ministério público paraguaio teria cometido sete irregularidades no caso.
- Por determinação de Valinotti, Ronaldinho e Assis tiveram negados o "critério de oportunidade", concedido pela justiça do país a pessoas sem antecedentes criminais, que os tiraria do processos em troca de colaboração com a investigação, mesmo preenchendo os requisitados necessários para receberem o benefício;
- Ronaldinho e Assis já teriam admitido o crime por qual são acusados: portar documentos falsos. Assim, o que é previsto no código penal para casos assim é multa, e não prisão preventina. Para a defesa do craque, os acusados deveriam responder ao processo em liberdade;
- Como a dupla não foi acusada por outros crimes, como lavagem de dinheiro, eles não podem ser mantidos no país para a investigação de tais delitos sem que fossem autuados;
- Para a defesa, Amarilla não poderia pedir uma perícia técnica no celular dos investigados sem que eles fossem acusados por outros crimes. Além disso, a demora da polícia paraguaia em realizar a perícia estaria prejudicando o argumento do juiz em manter Ronaldinho e Assis presos;
- A prisão preventina dos brasileiros não estaria condizente a um crime considerado "menor", para a defesa dos acusados;
- Na acusação, Amarilla afirmou que o imóvel apresentado pela defesa dos acusados (no requerimento da prisão domiciliar) não poderia ser utilizado, por não estar livre de impedimentos. A alegação da defesa é que não existem obstáculos para o uso da casa;
- Para terminar, a defesa do craque considera que manter os acusados em prisão preventina para que eles continuem colaborando com as investigações representaria uma espécie de coação da polícia paraguaia.