O início de 2020 não tem sido dos mais fáceis para alguns dos grandes clubes brasileiros. É o caso do Santos nos dois primeiros compromissos oficiais realizados nesta temporada: após o empate sem gols contra o Red Bull Bragantino, no qual foi inferior, arrancou uma vitória sobre o Guarani nos acréscimos mesmo tendo a superioridade numérica em campo.
É provável que Jesualdo Ferreira, treinador do Peixe na atual temporada, já esperasse um cenário assim por causa do pouco tempo de pré-temporada no calendário brasileiro. Mais provável ainda era imaginar as rápidas comparações de seu trabalho com os dos Jorges Sampaoli e Jesus.
Isso porque, em 2019, Sampaoli levou um Santos que muitos apontavam como “time de meio de tabela” para o vice-campeonato brasileiro. Um conjunto que jogou bonito e somou o maior número de pontos (74) para um segundo colocado na Série A com 20 clubes na disputa. Jorge Jesus, compatriota de Jesualdo, revolucionou o futebol do Flamengo para ser campeão brasileiro e da Libertadores. É inegável que o sucesso do português ajudou a abrir as portas para outros lusos, inclusive para o também consagrado Jesualdo.
Na comparação com os dois primeiros jogos de Sampaoli com o Santos, o de Jesualdo tem desvantagens em todos os quesitos.
Em 2019 foram duas vitórias (sobre Ferroviária e São Bento), um total de cinco gols marcados e nenhum sofrido; 31 chances criadas, 13 finalizações certas e posses de bola de 62% e 59.5%. O Santos do técnico argentino sofreu 15 finalizações, das quais apenas três tomaram a direção da meta.
Em 2020 o Santos de Jesualdo soma um empate sem gols e uma vitória conquistada no último minuto, por 2 a 1, graças a um gol contra tendo um homem a mais, ainda que desfalcado de nomes como Marinho e Soteldo. O Peixe criou 18 chances, acertou sete finalizações e teve posses de bola de 51% e 59% nos respectivos duelos, sofreu 25 finalizações das quais oito tomaram a direção da baliza.
O que a frieza dos números não passa, contudo, é que é muito cedo para tecer qualquer análise aprofundada: tanto do que é quanto do que será este Santos.
Foi por isso que Jesualdo Ferreira mostrou irritação ao ser criticado pelo estilo de “pouca intensidade” apresentado pela sua equipe na comparação com o Santos treinado por Sampaoli.
“Eu só tenho 15 dias (de trabalho)”, respondeu ao questionamento na entrevista coletiva. “O meu time não vai ser igual (ao de Sampaoli), a minha equipe não vai ser igual. Os jogadores não são os mesmos e, portanto, eu vou preparar a minha equipe de acordo com aquilo que são os meus processos”.
January 28, 2020
“Como você quer jogar com intensidade, a esta altura, com 18 treinos? (...) O Santos hoje não foi, na segunda parte, uma equipe, porque não tem condição para ser, que podia e deve ser no futuro.”, continuou antes de ter de responder a uma outra pergunta sobre as comparações que serão feitas com Sampaoli e Jesus.
“Ninguém é igual. No mundo há uma série de campeonatos e há muitos treinadores que ganham os campeonatos. Os campeões, nem todos têm os mesmos processos”.
Em meio aos muitos duelos que ainda tem para jogar, o Santos enfrentará diversos oponentes. Para Jesualdo, um adversário que deverá ser constante é a comparação, ao longo de toda a temporada, com o seu antecessor e com o compatriota. Não é culpa sua, mas faz parte do contexto.