O 98º ano da história do Cruzeiro tenha sido, talvez, o pior de todo o período de existência do clube mineiro. Um ano que começou promissor com a conquista do campeonato estadual, terminou com uma tragédia que relegou o clube à Série B. Tudo isso em meio à pior crise política que o clube já enfrentou. Com o rebaixamento decretado, o clube já se prepara para 2020, mas sabe que será um ano difícil.
Os problemas não acabaram na última rodada do Brasileirão. Na verdade, após o fim do certame, vários problemas apareceram e estão dando as caras agora.
Uma das situações mais complicadas nos últimos meses foi a postura de Thiago Neves. Visto como "paneleiro", o jogador tem sido usado como o símbolo de um grupo de jogadores que parece descompromissado. Neves é visto como o principal pivô da queda de Rogério Ceni, que ficou menos de um mês na Toca da Raposa.
Veterano, Neves recebia R$ 800 mil por mês no Cruzeiro, de acordo com O Tempo. Com contrato até 31 de dezembro de 2020, o jogador pediu rescisão de contrato, o que foi negado pelo clube. Além disso, por alegar pagamentos atrasados e a falta de recolhimento do INSS, o meio-campista de 34 anos entrou na Justiça para cobrar R$ 16,4 milhões do clube.
Outro ponto que exemplifica a psicodelia que se tornou o fim de ano cruzeirense, está no novo fornecedor de material esportivo do clube. A campanha que culminou com o rebaixamento da equipe foi feita com mantos da Umbro. Há poucos dias, porém, a Adidas anunciou os novos modelos para 2020.
Porém, no mesmo dia dia anúncio, o CEO do clube, Vittorio Medioli foi a público e defendeu o fim da parceria com a empresa alemã.
"Temos que encerrar o contrato com a Adidas. O contrato, não sei quais são as cláusulas, mas vai nos deixar falidos. Porque dá um contrato para a Adidas ganhar dinheiro, e o Cruzeiro segurar a brocha, não dá. Hoje tem que partir para uma marca própria. O que vale não é a marca Adidas, e sim a marca Cruzeiro. Para a nossa torcida, o que tem Adidas, Umbro, Nike é um zero à esquerda", falou Medioli, que sugeriu uma "rescisão consensual" com a marca esportiva.
December 26, 2019
Além disso, o clube não tem como nenhuma prioridade para a contratação de jogadores nesse momento. Isso porque, de acordo com O Tempo, o clube está com quatro meses de salários atrasados e precisa arrumar a casa antes de sequer pensar em novos reforços.
O diretor do Cruzeiro, Pedro Lourenço explicou que tentará fazer o pagamento de pelo menos um dos quatro meses atrasados para "ganhar tempo" com os jogadores e tentar negociar uma forma de efetuar o pagamento de parte do 13º para agora.
As dívidas do Cruzeiro estão na casa dos R$ 700 milhões e vão demandar tempo e uma gestão adequada para que seja zerada, enquanto isso, o clube deve chegar para atuar na Série B praticamente sem nenhuma cara nova.
Além disso, será necessária uma violenta redução do teto salarial do clube. Conforme já foi informado, Thiago Neves, um dos maiores salários do elenco, recebia R$ 800 mil por mês. O CEO do clube afirmou que os cortes precisarão ser profundos e estabeleceu R$ 150 mil por mês como novo teto salarial da Raposa.
Em entrevista a 'Globo Esporte', Medioli falou sobre a necessidade dos cortes.
"O clube vai ter, no próximo ano, uma disponibilidade de pagamento de salário que é muito, mas muito mais baixa que a atual. Temos que colocar um limite de salário que caiba no orçamento. Um orçamento de R$ 380 milhões cai para R$ 80 milhões. Imagina o corte. Poderemos manter alguns atletas, mas com um nível salarial que não ultrapasse os R$ 150 mil. Quem quiser ficar, que fique", explicou Medioli.