Um dos maiores problemas enfrentados pelo São Paulo em 2019 é o baixo número de gols, que dentre os 20 times participantes da Série A é o pior do ano (42) até aqui. No ataque, Alexandre Pato ainda não convenceu e Pablo lutou contra algumas lesões. Um cenário muito diferente na comparação com o Bahia, adversário desta quarta-feira (09) pela 24ª rodada do Brasileirão, que soma bons números ofensivos e conta com o vice-artilheiro do certame.
Gilberto tem 11 gols em 19 jogos, menos apenas em relação aos incríveis 18 que Gabigol já marcou pelo Flamengo. Alagoano de Piranhas, município localizado no sertão, o atacante de 30 anos vive no Bahia a melhor fase de toda sua carreira - uma espécie de renascimento tanto na sua qualidade quanto na postura profissional que passou a tomar justamente depois de sua passagem pelo São Paulo, entre 2016 e 2017.
Ofuscado por dois argentinos
Dentre os principais clubes do Brasil, foi no Internacional onde Gilberto apareceu primeiro com maior destaque. Também vestiu a camisa do Sport e Portuguesa até aceitar oferta do Toronto FC, clube canadense que disputa a MLS ao lado de times estadunidenses. Em 2014, foi emprestado ao Vasco, onde seu nome cresceu especialmente por causa do título carioca daquela temporada. O atacante passaria 2015 defendendo o Chicago Fire, na MLS, até ser apresentado pelo São Paulo em 2016.
Naquela época, o Tricolor era comandado pelo argentino Edgardo Bauza e havia acabado de se despedir do também argentino Jonathan Calleri – autor de 16 gols em 31 jogos, e que rapidamente caiu nas graças da torcida. Embora o discurso oficial não fosse de comparações com o xodó que acabara de ir embora, a não fazer a comparação era algo impossível. Da metade para o final da temporada, foram dois gols em dez jogos.
A temporada 2017 começou sem Bauza e com Rogério Ceni no comando do São Paulo. Sob o comando do ex-goleiro, Gilberto viveu sua melhor fase no Morumbi: fez nove gols no Campeonato Paulista e terminou a competição como artilheiro e titular absoluto. Só que a chegada de Lucas Pratto, argentino contratado a peso de ouro junto ao Atlético-MG, diminuiu o seu espaço no time. Já sob o comando de Dorival Júnior, sucessor de Ceni no comando, a falta de oportunidades acabou irritando o atacante.
Saída com polêmica
“Estava um pouco mais estressado por não ter recebido tantas oportunidades. Pelo Estadual, merecia ser mais aproveitado. Queria na verdade, e falei com a diretoria, que me contentaria em jogar seis ou sete jogos como titular e deixar o Pratto jogar o Brasileiro todo. Só queria isso e não aconteceu. Aí tomei a decisão de sair procurar outros ares”, afirmou Gilberto em entrevista concedida ao Lance! em 2018. Naquele momento, o atacante no modesto Yeni Malatyaspor, da Turquia.
Nos dois anos em que vestiu a camisa do São Paulo, Gilberto foi titular apenas quatro vezes nos 26 jogos disputados pelo clube. Somou quatro gols. A vontade de se provar um pouco mais titular é, nos números, justificada. O problema era a competição com Pratto, dono de sete tentos naquela sua única temporada de Brasileirão pelo Tricolor do Morumbi.
Mas dentre a saída com pedidos por mais chances, ao bom momento vivido atualmente, Gilberto se arrependeu das polêmicas que criou ainda quando estava no São Paulo (como quando curtiu um meme que ironizava a posição do time, na zona de rebaixamento) e as declarações dadas, já longe do Morumbi, sobre o clube.
“Voltei para o Brasil, em um momento em que não estava tão bem psicologicamente, e o São Paulo me deu um tratamento especial, de clube mesmo, coisa de família que te motiva a cada dia a melhorar. Eu peço desculpas, porque quando fui embora falei besteira. Deveria ter segurado um pouco mais a minha boca. Hoje, com a maturidade que eu tenho, vejo isso. Respeito a entidade, o clube São Paulo, assim como respeito o meu clube hoje que é o Bahia”, disse após o empate sem gols no primeiro turno.
Gilberto está no Bahia desde 2018, mas é neste 2019 que deslanchou a marcar gols – algo especialmente relacionado à chegada de Roger Machado para o comando do time. Com cicatrizes fechadas em relação ao passado, o vice-artilheiro do Brasileirão agora torce para estar em boas condições para conseguir enfrentar, às 21h desta quarta, o São Paulo e dar o melhor presente para os torcedores baianos que estarão presentes na Fonte Nova.
Atual quinto colocado (39 pts), o São Paulo vem demonstrando rápida evolução desde a chegada de Fernando Diniz e quer entrar no G4. Já o Bahia, sétimo (37), quer primeiro entrar no G6 para brigar de vez com os paulistas por uma vaga na próxima edição da Libertadores da América.