Em poucos dias, a torcida do Atlético-MG interferiu diretamente nas contratações do clube pelas redes sociais. Thiago Neves, até então sem clube, e Sebastian Villa, atacante do Boca Juniors, foram "barrados" no clube após pressão dos torcedores.
O Twitter se tornou a principal ferramenta para as torcidas julgarem possíveis novos reforços de seus clubes e demonstrarem a revelância que os torcedores têm na internet. E não é só a torcida atleticana que causa esse tipo de pressão. Outros casos semelhantes já aconteceram no Brasil e no exterior.
Na segunda-feira, 14, a notícia da negociação entre Atlético-MG e Thiago Neves pegou os torcedores do Galo de surpresa, que prontamente reagiram fortemente contra a possível contratação do ex-Cruzeiro e Grêmio. O jogador de 35 anos não foi barrado por ser ídolo no maior rival, mas sim por sua conduta.
Em sua passagem pelo Cruzeiro, Thiago Neves sempre que pôde provocou o clube alvinegro. E em muitas delas, não foi apenas uma brincadeira saudável, mas foram ofensas pesadas que chegaram a ultrapassar a barreira do esporte. O meia até fez piada com o Atlético relembrando a tragédia de Brumadinho.
A repercurssão negativa foi tanta que as negociações foram encerradas, embora o acordo já estivesse avançado, como apontou a imprensa mineira. Como se não bastasse, dois dias depois do caso de Thiago Neves, a mesma torcida do Atlético se manifestou contra a contratação de Sebastian Villa, mas por motivos totalmente diferentes.
O colombiano foi acusado de agredir a sua namorada e parte da torcida atleticana, mais uma vez, conseguiu barrar a possível contratação. A repercussão negativa foi tanta que até o presidente do Galo, Sergio Sette Camara, se manifestou sobre o caso, utlizando uma hashtag usada em manifestações contra a violência à mulher.
"O Atlético do futuro precisa de pilares sólidos que estão além das quatro linhas. Comissão e departamento de futebol têm independência para avaliar e indicar, mas a palavra final é minha. Não vai vir também. #vireessejogo", publicou Camara.
Não é só a torcida do Atlético-MG que conseguiu barrar negociações. Recentemente, a torcida do Goiás provocou algo parecido quando o clube negociava com Alberto Valentim para o cargo de treinador. A diretoria do clube esmeraldino "acatou" às manifestações das redes sociais e contratou outro treinador, Thiago Larghi.
No entanto, não é apenas em tempos de pandemia, onde a presença da torcida nos estádios é proibida e a manifestação nas redes sociais aumenta ainda mais, que esse tipo de pressão acontece.
Em 2016, são paulinos conseguiram que o clube rescindisse com o atacante Getterson poucas horas depois do anúncio de sua contratação. A torcida do São Paulo resgatou tweets de 2011 e 2012 do jogador se declarando corintiano e chamando o Tricolor de "bambi", apelido pejorativo e homofóbico usado pelos rivais para se referir ao clube.
Em uma oportunidade, o jogador, que hoje defende o Marítimo, de Portugal, tuitou: "Meu sonho é jogar no Corinthians, meu time de coração. Se Deus permitir, ainda chego lá. Vou me preparar para isso". Na postagem mais polêmica, Getterson escreveu: "Agora joguinho dos bambi. Boa sorte para eles".
Também não é apenas no Brasil que manifestações assim acontecem. Em 31 de agosto, o Tottenham anunciou a contratação de Matt Doherty de uma forma inusitada. O jogador havia publicado diversos tweets falando que era torcedor do Arsenal, maior rival do Spurs.
Antes mesmo da torcida do Tottenham resgatar tais tweets para criticar o novo reforço, o clube gravou um vídeo em que Doherty apagava tais tweets, levando a situação com mais leveza e "encerrando" as polêmicas.