A escalação do time titular do Real Madrid para o segundo jogo contra o Chelsea, pela semifinal da Champions League, chamou atenção desde o início. A impressão geral foi de uma aposta daquelas em que tudo daria certo (com os espanhóis conseguindo se recuperar após o empate por 1 a 1 no duelo de ida, em Madri) ou de que daria tudo errado. No final das contas, a tentativa de Zidane foi um fracasso e a forma como montou sua equipe foi um dos temas que levantaram críticas após a derrota por 2 a 0 no Stamford Bridge.
Zidane mudou três peças me relação ao jogo de ida: Sergio Ramos, recuperado de um quadro de Covid, voltou a ser titular apesar da falta de ritmo de jogo; Ferland Mendy, recuperado de lesão, retornou para a esquerda e Eden Hazard, um substituto sem impacto na Espanha, foi titular no estádio onde, pelo Chelsea, viveu seus melhores momentos como futebolista. Saíram Marcelo, Carvajal e Varane.
A dúvida maior, contudo, estava no papel delegado a Vinícius Júnior. Como ele funcionaria ao lado de Hazard, que também atua pela esquerda do ataque? A estratégia de Zidane foi jogar o belga no lado esquerdo de ataque e colocar o jovem brasileiro na ponta direita, onde ainda não havia jogado como titular nesta temporada - com o agravante de ser como um ponta, muito mais longe do ataque do que o habitual.
E aí nada deu certo: Hazard apareceu mais pela polêmica após o apito final, trocando brincadeiras e gargalhadas com seus ex-companheiros de Chelsea após a derrota, e Vini Jr não conseguiu decidir como vinha fazendo. Se o Madrid levou perigo no primeiro tempo, foi por causa do brilho individual de Karim Benzema. E só.
Vinicius Júnior já não havia decidido no jogo de ida, em Madri, mas ali o que tinha chamado a atenção havia sido o ótimo desempenho do meio-campo londrino para evitar que Toni Kroos acionasse o brasileiro em velocidade – como no lance do gol de Vinícius contra o Liverpool, na fase anterior. Neste confronto de volta, em Stamford Bridge, ficou evidente a dificuldade de Vinícius em atuar pela direita do campo: como é destro, perdia a opção de trazer a bola para dentro buscando a tabela com Benzema ou a finalização. Vini se dedicou, mas praticamente não contribuiu em lances importantes de ataque.
O camisa 20 deixou o gramado na metade do segundo tempo para a entrada de Marco Asensio. Se esforçou, mas o experimento de colocá-lo na ponta direita em um 3-5-2 se mostrou um sacrifício inútil: longe de Benzema, do terço final e de suas principais características foi como se o jovem de 20 anos fosse outra pessoa.
"Eu joguei como ala, não de lateral. É uma posição um pouco diferente, mas o Míster me disse antes do jogo tudo o que eu tinha que fazer", disse Vini Jr após a derrota. "Agora temos que ganhar La Liga", completou.
"Jogamos uma semifinal e os jogadores estavam preparados. Se jogaram, foi porque estavam preparados. Podemos ficar orgulhosos dos meus jogadores, nós tentamos e chegamos até aqui. A um passo da final", avaliou Zidane após a eliminação, sem demostrar arrependimentos.