Análise: está faltando raça ao Flamengo?
Torcida ressalta apatia do time em jogos decisivos e pede raça, mas não é exatamente isso que está faltando.
Depois da fraca atuação do Flamengo contra a Chapecoense, na última quarta-feira, pela Copa Sul-Americana, a torcida Rubro-Negra se revoltou nas redes sociais e apontou a "falta de vontade" como o maior responsável pelo empate fora de casa. Vale ressaltar que, antes disso, no final de semana, o time de Reinaldo Rueda perdeu para o Botafogo por 2-0.
Mas será que realmente o maior problema do Flamengo é a tal falta de vontade como esbraveja a torcida? Apontar isso como um fator determinante para os últimos resultados é um erro. Antes de pensar na falta de vontade é preciso analisar a situação do time 'Rubro-Negro' como um todo.
Engana-se quem achava que Rueda chegaria ao clube e rapidamente faria a equipe "voar". O colombiano pegou o time no meio para o final da temporada, um time desgastado com a torcida pelo fraco primeiro semestre e com a pressão de levantar pelo menos uma taça até o final do ano.
Além de pegar o bonde andado, jogadores que chegaram há pouco tempo no clube também se tornaram um "problema" para o treinador. A maior parte deles não pode disputar a Copa do Brasil, principalmente Éverton Ribeiro, o maior investimento do ano.
Com o dilema entre conquistar pelo menos uma taça, a necessidade de que suas ideias sejam assimiladas rapidamente e a missão de dividir a atenção para três competições que acontecem ao mesmo tempo certamente não é algo que deixa Rueda feliz.
Por outro lado, é preciso que o treinador saiba controlar a situação para que a sua vida no clube não fique cada vez mais complicada. A leitura do que está dando e o que não está dando certo é fundamental e talvez o primeiro problema que Rueda precise resolver é o seu lado direito.
A dobradinha entre Berrío e Rodinei não vem funcionando, apesar da grande velocidade dos atletas, eles não tem muita característica para pensar o jogo. A exigiência de que eles marquem bastante também é algo que vem dificultando o setor ofensivo que sofre com o último passe.
A distância entre os pontas e Paolo Guerrero prejudica o camisa 9 que gosta de jogar com alguém do seu lado, com boa técnica, o peruano sabe como ajudar seus companheiros a balançar as redes, mais precisa que eles atuem mais próximos e sejam menos previsíveis.
Ou seja, antes de apontar a "falta de raça" como um problema, o Flamengo precisa resolver a sua organização dentro de campo para atuar de acordo com o que cada jogador pode oferecer de melhor.