Com toque de Renato, Grêmio reencontrou equilíbrio para bater o Pachuca... e o nervosismo

BeSoccer há 6 anos 384
Análise: batalha psicológica e estratégica. Goal

Mexicanos demonstraram organização e ‘tiraram’ a bola do Tricolor, que usou bem a sua estratégia para chegar na decisão do Mundial.

 

Apenas quem não conhece a realidade do futebol mexicano poderia achar que o Grêmio passaria facilmente pelo Pachuca, na semifinal do Mundial de Clubes da FIFA.

Isso ficou claro durante boa parte do embate, disputado nesta terça-feira (12) no Hazza Bin Zayed Stadium, nos Emirados Árabes. Mas além da bela exibição do time mexicano, que taticamente conseguiu mexer com a ansiedade gremista até metade do segundo tempo, o Tricolor teve como principal adversário o nervosismo.

Se o desempenho gremista na primeira etapa pudesse ser resumido em uma frase clichê, seria que “o medo de perder tira a vontade de ganhar”.

A equipe de Renato Portaluppi sofria por não ter Arthur, e viu o seu meio-campo ser facilmente dominado pelo Pachuca. Se o Grêmio conseguiu excelentes resultados com um futebol que privilegia mais a posse de bola [média de 53%  na Libertadores e 51% no Brasileirão], os mexicanos tomaram para si o domínio da esfera: terminaram o primeiro tempo jogando melhor e com 58.5% de posse.

Pachuca dominou a posse de bola no 1º tempo Grêmio cresceu quando retomou o controle da bola, no 2º tempo

No segundo tempo a bola não foi tanto uma batata quente. Mas foi apenas com cerca de 60 minutos de jogo que o Tricolor começou, de fato, a fazer o seu jogo. Se reorganizou taticamente e tomou a posse para si; Luan cresceu e a presença de jogadores na intermediária aumentou. O perigo passou a circundar mais vezes a área do goleiro Óscar Pérez, que embora tenha demonstrado não estar em boa forma fez uma bela defesa ao desviar o chute de Luan, que ainda bateu na trave.

A melhora gremista neste período coincidiu com a entrada de Jael no lugar de Barrios. O ‘Cruel’, como o atacante é chamado, deu maior profundidade no ataque e os espaços surgiram para Luan melhorar o seu rendimento. Mas o Grêmio também não tinha vida fácil, e se não foi vazado pode agradecer especialmente à exibição monstruosa do capitão Geromel e à presença certeira de Cortez: o zagueiro foi líder em desarmes [6] e afastou mais bolas de seu campo do que qualquer outro [6 vezes]; o lateral já havia feito desarmes cirúrgicos antes de arremates de Honda no primeiro tempo.

O equilíbrio permaneceu até o final dos 90 minutos, com o empate sem gols que levou à prorrogação. Mas o Grêmio passava ter dois aliados: o cansaço do Pachuca, que há três dias também passou pelo tempo-extra, e a confiança que havia retornado aos jogadores. Apostando tudo nos pênaltis, os mexicanos recuaram e deram ainda mais espaço para o Tricolor criar.

Jael (camisa 9) deu profundidade ao ataque e abriu espaços no 4-1-4-1 mexicano.

Espaço, cansaço do adversário, confiança para a finalizar e a mão do treinador Renato. Estes quatro fatores estiveram presentes no gol que levou o Grêmio para a final. Everton, que entrou no segundo tempo no lugar do meio-campista Michel, encontrou a brecha que precisava para arrematar com categoria e fazer um belíssimo gol. O resultado mínimo permaneceu até o fim.

Everton entrou no 2º tempo e decidiu

A vitória fez o Grêmio escapar da sensação de fracasso que seria unir-se a Internacional e Atlético-MG na lista de brasileiros eliminados na semifinal. Mas o Pachuca não é Mazembe ou Raja Casablanca: ao contrário destes, disputaria um Brasileirão em pé de igualdade com nossos principais times.

O equilíbrio que existe entre os representantes sul-americanos em relação aos outros adversários é muito maior se comparado ao dos europeus, que nos últimos anos aumentaram a diferença para com  os demais campeões continentais. Por isso, o Grêmio já conseguiu o seu maior objetivo. Enfrentar o Real Madrid será um prêmio, e por isso o Tricolor deve entrar como franco-atirador em busca do segundo título mundial.

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