"Liverpool de Klopp é o time mais duro que já enfrentei"

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Entrevista exclusiva de Guardiola ao DAZN. EFE/ Juanjo Martín

Em entrevista exclusiva ao DAZN, Guardiola também projeta duelo contra Zidane na Champions League e fala sobre sua filosofia de jogo na Premier League.

Pep Guardiola e Jurgen Klopp são os dois melhores treinadores da atualidade, e a rivalidade entre eles está cada vez mais na história do esporte. Com filosofias de jogo e personalidades bem distintas, os dois comandantes vêm revolucionando o futebol e mostram que não existe apenas um jeito certo para se montar uma equipe. Até por isso, os embates entre os dois, por Manchester City e Liverpool, se tornam cada vez mais épicos e emblemáticos.

Ao longo de mais de uma década como treinador, Guardiola já comandou equipes incríveis, como o lendário Barcelona de 2010/11, mas também já enfrentou rivais de peso, como o Manchester United de Alex Ferguson e o Real Madrid, com José Mourinho. Contudo, em entrevista exclusiva com o DAZN, ao ser perguntado sobre qual é o adversário mais forte que já enfrentou, o espanhol não hesitou em responder: o Liverpool de Jurgen Klopp.

"Sim, de longe. O adversário mais difícil que já enfrentei na minha carreira é este Liverpool do ano passado e deste ano. Domina todos os aspectos do jogo”, contou o comandante do City. 

“Se você deixar eles dominarem, eles te trancam na área e você não sai mais. Quando você os domina, eles correm para o espaço como ninguém faz. São muito rápidos desde a defesa, são muito fortes em estratégia e os jogadores têm grande força mental”, explicou.

Enquanto Guardiola tem suas raízes na escola do Barcelona de Johan Cruyff, com o jogo de posição e o Tiki-Taka, Klopp adota um estilo muito mais agressivo e vertical, buscando sempre o ataque com muita velocidade. 

Mesmo com filosofias diferentes, Guardiola admira o trabalho de seu rival e reconhece que a qualidade do Liverpool faz com que ele procure seguir evoluindo nos Citizens. 

“Espero que sirva como experiência e que possamos fazer o que nos levou a marcar 100 pontos - algo que ninguém havia feito nesta liga -, fazer 98 na próxima e chegar a 18 vitórias na Premier League”.

O treinador também afirmou que não pretende fazer nenhuma mudança na equipe para o duelo contra o Real, que acontece dia 7 de agosto. Ele só espera que seu time jogue o futebol que está acostumado.

“Não vamos fazer uma mudança tática ou algo do tipo para surpreender o Real Madrid, eles nos conhecem. O único objetivo que tenho nessas semanas é fazer com que os jogadores cheguem lá e joguem futebol. Defender quando é para defender, pular, correr, nos animar. As coisas são mais simples. Uma equipe só precisa ter isso. É o que eu quero que minha equipe tenha”, explicou.

Por fim, o espanhol comentou sobre sua busca pela Champions League no Manchester City. O clube inglês ainda tenta conquistar seu primeiro troféu na competição e, agora, com o caminho mais curto até a final, pode ter a melhor chance dos últimos anos.

“Não sei o que vou sentir, ainda não ganhei. Tentei no primeiro ano, no segundo, no terceiro e no quarto. Se não ganhar, falharei, mas o importante é tentar. O que ganhei não me dá a autoridade moral para saber mais sobre isso. Ganhei porque tive clubes e jogadores incríveis e quero continuar ganhando”. 

“Depois, há uma pitada de sorte, ainda mais agora com o VAR, que influencia muito. A decepção é quando você vai embora sem que seu time seja aquilo que você quer. Mas o esporte continua e dá outra chance. Tentei ter calma no sucesso e não dormir mal na noite seguinte à derrota. É o melhor caminho".

Filosofia de jogo, Premier League e Marcelo Bielsa

Guardiola já falou várias vezes que não gosta de ser creditado como o inventor do Tiki-Taka ou como um treinador revolucionário, mas sua influência aos demais técnicos da geração é inegável.

Mesmo a Premier League, uma liga reconhecida mundialmente por seu estilo de jogo intenso, rápido e físico, se vê fortemente influenciada pelos conceitos de Guardiola, principalmente após sua chegada ao Manchester City.

“Minha intenção quando eu fui para a Alemanha ou para a Inglaterra não era mudar nada. Este país tem suas características que o tornaram ótimo e sua maneira de jogar”, destacou. 

Para o treinador, a evolução no futebol inglês se dá também por outros motivos, como a qualidade da liga e a grande mistura de influências, com treinadores de diferentes escolas e de diversas regiões do mundo.

“Eu acho que o jogo evoluiu porque os campos estão em melhores condições. Eu sou um grande fã de assistir a partidas da Premier League nos anos 80 e 90 e os campos estavam cheios de lama. Você vai me dizer como jogaria em um campo nessas condições”. 

“Muita coisa mudou e existem treinadores de outras culturas e influências. Isso tornou o futebol muito bonito aqui na Inglaterra”, ressaltou.

Guardiola também voltou a dizer que não acredita que tenha revolucionado o esporte, e deixou claro que a qualidade técnica dos jogadores faz a diferença em qualquer trabalho.

"Não acredito [que tenha mudado o futebol]. Aprendi muito com meus treinadores, com meus jogadores e tento ajudá-los, como todos técnicos fazem para ganhar as partidas, com um futebol que lhes agrade".

“O objetivo aqui [City], no Barcelona ou na Alemanha, era jogar como eu gosto, mas conhecendo as qualidades da equipe. O ataque funcionava de modo diferente  no Barcelona e, em Munique, tivemos muito mais finalizadores na área. A qualidade dos jogadores faz a diferença”.

O comandante do City também nunca escondeu a grande influência que teve com outros treinadores, e um desses nomes certamente é Marcelo Bielsa. Segundo o espanhol, “El loco”, que fez um trabalho histórico com o Leeds United nesta temporada, lhe ensinou, acima de tudo, a ‘ter sangue’.

“Ele que me disse: ‘eu preciso de sangue’. Todos nós precisamos ou vamos para casa. É uma profissão muito viciante. Ajuda você a viver no limite de tudo, no bem e no mal. Você precisa ter a capacidade de relaxar nos momentos de emoção e de se animar nos maus momentos”. 

“A cada três dias eles nos destroem ou nos colocam como um criador que mudou o futebol. Não é uma coisa nem outra. Gosto de esclarecer, porque não quero que Marcelo pense que roubei a frase dele. Precisamos de sangue e adrenalina”, explicou.

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