Guilherme Santos revela arrependimentos, erros no Atlético-MG e amor pelo Bahia

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Guilherme com a camisa do Bahia. Goal

Lateral-esquerdo, atualmente no Fortaleza, se abre em entrevista à 'Goal Brasil' e fala sobre os equívocos na carreira.

Lembra dele? Guilherme Santos, revelado pelo Vasco e com passagens por Atlético Mineiro e Bahia, se reinventou em uma liga alternativa na Europa, mais precisamente no Chipre, e deixou para trás o seu lado imaturo, que acabou prejudicando a sua carreira promissora. 

Ao lado de Alan Kardec, o lateral-esquerdo subiu para os profissionais da equipe carioca em 2007 e foi um dos grandes destaques, a ponto de, no ano seguinte, assinar com o Almería, da Espanha, com apenas 20 anos. Decisão que ele não se arrepende, apesar de ter saído tão jovem para a Europa. 

"Cheguei ao Vasco em 2002, na época em que a base era muito boa, com muitos jogadores de qualidade. Até hoje eu tenho amizade com muitos que não conseguiram chegar a ser jogador profissional. Aprendi muita coisa na base e foi muito proveitoso. Consegui evoluir muito no futebol por ter subido com a base do Vasco, que era muito forte e conhecida como é até hoje", disse em entrevista à 'Goal'.

"Quando cheguei no profissional, eu tinha o sonho de jogar o Brasileirão como qualquer garoto, mas quando surgiu a oportunidade de jogar na Europa, foi indiscutível. Todos sonham em jogar na Seleção, pelo seu time de coração, mas também pensam na Europa. E na época que eu saí, muitos saíram também: Dentinho, Willian... vários outros que saíram junto comigo alcançaram um conhecimento muito grande no futebol mundial. Não me arrependo (da saída), mas deveria ter esperado mais tempo para retornar ao Brasil", completou.

Para o jogador, foi um erro ter retornado cedo para o Brasil, deixando o Almería e aceitando a proposta do Atlético Mineiro, em 2011. Ainda muito jovem e imaturo, o lateral cometeu equívocos dos quais se arrepende.

"Aprendi muita coisa no Almería durante os quatro anos, mas eu também teria que ter esperado um pouco mais para voltar, não poderia ter voltado tão rápido, até por conta do passaporte europeu. Mas não tinha muitas pessoas para me ajudar, aconselhar. Algumas coisas eu praticamente tomava decisão sozinho. A volta não foi muito legal, mesmo retornando para grandes clubes do Brasil", disse.

"Não sinto que foi um erro ter ido embora para a Espanha cedo, mas deveria ter esperado mais para voltar. Talvez voltar agora, com 28, 29 anos, que ainda está numa idade boa para conseguir fazer um trabalho bom depois de um tempo na Europa", acrescentou.

"O Atlético foi um clube que apostou muito em mim. Tinha cinco anos de contrato, mas cheguei muito novo, com mentalidade diferente. A gente pensa que já conseguiu tudo, mas na verdade não conseguiu nada. Tira um pouco os pés do chão e não pode deixar isso acontecer. Essa vida é uma roda gigante, né? Você às vezes está em cima, mas depois pode descer. Então, no 'Galo', eu poderia ter dado uma carta de visita maior", admitiu.

"Fui até bem, eleito o melhor lateral-esquerdo do Mineiro, cheguei agradando bem o pessoal. Mas depois foram acontecendo coisas, e por questão de personalidade, fui conhecendo pessoas que não adicionaram muito e acabei perdendo um pouco o foco do profissionalismo. Mas o Atlético é um clube que devo muito, mesmo com tudo o que aconteceu. Temos que saber olhar o lado bom. Abriu as portas para mim no Brasil", completou.

E realmente as coisas acabaram se perdendo. Com passagem discreta e problemas extracampo, Guilherme Santos jogou apenas 16 partidas em 2011, e acabou sendo emprestado. Figueirense, Santos, Atlético Goianiense e Bahia foram alguns dos destinos do lateral. Mas em um desses clubes, o jogador teve boa passagem e mostrou um carinho especial.

"No Bahia, por ser baiano, eu tive um compromisso maior (risos). A minha mãe é Bahia, eu sou baiano, então tinha vários compromissos. E por conta disso, acaba dando certo, porque na vida temos que ter focos e objetivos. Isso ajuda a alcançar algumas coisas quase impossíveis", disse.

Amadurecimento e destaque no Chipre

Já no Sampaio Corrêa em 2016, onde adquiriu mais responsabilidade, Guilherme Santos recebeu um telefonema que mudou a sua vida. O ex-diretor de futebol do Almería, Alberto Benito, entrou em contato para saber se haveria o interesse de jogar no futebol do Chipre. 

"Estava no Sampaio Corrêa, onde amadureci como profissional. Lá, eu fiz um bom campeonato, recomecei e cresci muito, apesar de ter encontrado algumas dificuldades. Então, um dia o Alberto me ligou  falando sobre essa proposta do Chipre. Na verdade, eu não sabia onde era (risos) e conversei com a Carol, que hoje é a minha esposa. Vimos as possibilidades que tínhamos e decidimos ir", revelou.

Mais maduro, no Anorthosis, Guilherme realizou 31 partidas e marcou um gol. E apesar da liga alternativa, o jogador avaliou a sua passagem como positiva.

"Os primeiros dias foram muito difíceis por conta da transação que não saía, questão de acordo, mas acabou que depois foi bom. Aprendi muito lá, uma forma de jogo nova, doutrina nova. Participei de vários jogos e pude fazer grandes partidas. Cheguei no início da temporada e praticamente no mesmo nível que os demais. Foi uma passagem boa. Mas só tenho que agradecer à Deus pela oportunidade de ter jogado lá, em um clube em que já passaram grandes jogadores como Sávio e Jardel", relembrou.

Atualmente no Fortaleza - foi anunciado como reforço da equipe no último mês para a disputa da Série C -, o lateral destacou a boa campanha do time, que ocupa a vice-liderança do Grupo A, a dois pontos do líder CSA.

“Quando surgiu o interesse do Fortaleza não pensei muito. É um clube grande, tradicional e com uma torcida fantástica. Estou muito feliz aqui e lutando para evoluir a cada treino. Passei por um período de readaptação desde a minha chegada, até porque a preparação no Chipre é muito diferente da nossa”, disse.

“Hoje estamos muito focados no acesso para a Série B. A equipe cresceu de produção, tem feito bons jogos e tem tudo para conquistar esse objetivo. Só depende da gente. O clube investiu muito e vai lutar bastante para levar o Fortaleza de volta para a Série B. Estamos muito motivados para isso”, finalizou.

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