Não foi só na experiência! United deu aula para o jovem Ajax e mereceu a Europa League

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Jose Mourinho Europa League

Com um futebol pragmático e efetivo, espelho de José Mourinho, equipe de Manchester entra no seu primeiro grande momento pós-Ferguson

Quando uma equipe chega em uma grande decisão, uma famosa frase de efeito para animar os atletas diz que é “a hora de separar os homens dos meninos”. Na partida final da Europa League 2016-17, essa divisão já existia antes mesmo do pontapé inicial. E a experiência teve um peso importante na hora de decidir quem ficaria com o troféu.

O Manchester United conquistou, com merecimento indiscutível, o único título europeu que faltava em suas prateleiras com uma exibição segura e pragmática. A equipe treinada por José Mourinho, com média de idade em 26 anos, enfrentou a escalação mais jovem a ter disputado uma decisão europeia em toda a história: média de 22 anos e 282 dias do Ajax treinado por Peter Bosz.

Se ao final do jogo, Michael Carrick, que ficou no banco de reservas, passou a ser o jogador mais velho a ser campeão da Europa League [35 anos], o zagueiro Matthijs de Ligt entrou para a história logo no apito inicial: com 17 anos e 285 dias o holandês tornou-se no mais jovem atleta a disputar qualquer grande decisão futebolística do Velho Continente.

A experiência maior do Manchester United se fez presente desde os minutos iniciais, e parecia ainda maior ao ser contrastada com o claro nervosismo dos meninos do Ajax. Os holandeses dominavam a posse de bola, mas isso não significou muita coisa.

José Mourinho soube explorar muito bem as deficiências do adversário, que se por um lado criou mais chances de gols ao longo da competição [183 a 169 dos ingleses], teve aproveitamento menor ao dos Red Devils [que anotaram 25 gols contra 24], que foi mais seguro na defesa: 8 gols sofridos contra 17 dos holandeses.

A estratégia dos ingleses focava na segurança defensiva, em primeiro lugar, e nos erros adversários. Um plano clássico em equipes comandadas por José Mourinho, e que funcionou à perfeição: Ander Herrera foi um leão, desarmando mais do que qualquer um em campo (7 vezes); Mata deu ritmo quando o time tinha a posse de bola. Criticados por motivos diferentes, Fellaini e Pogba desequilibraram.

O primeiro foi quem mais distribuiu passes pelo United, seja no total [39] ou no campo de ataque [29], e deu a assistência para Pogba, jogador mais caro da história, abrir o placar após erro bobo do Ajax: os ingleses recuperaram a bola nas cercanias da área, após cobrança de lateral. Livre, Pogba arriscou o chute que ainda desviou na zaga adversária antes de estufar as redes.

Mostrando sempre segurança, o United recuou mas não deu chances aos holandeses. O retrato disso está no scout final das ações ofensivas da equipe de Amsterdã: de um total de 17 arremates a gol, apenas três foram na direção certa... e nem deram muito trabalho ao goleiro argentino Sergio Romero. Dentre tais tentativas, 12 foram em chutes de fora da área e um total de 7 rechaçados pela defesa mancuniana. Uma solidez defensiva de se fazer inveja e deixar qualquer adversário louco de ansiedade antes de finalizar as jogadas.

Grande personagem do United nesta campanha de Europa League, Henrikh Mkhitaryan foi outro destaque. O armênio foi o grande jogador da campanha europeia rumo ao título, e simbolizou isso ao anotar o gol que acabou por sacramentar o troféu. No início do segundo tempo, aos 48’, o camisa 22 aproveitou nova bobeira na defesa do Ajax e, numa puxeta dentro da área ampliou: 2 a 0.

O título do Manchester United veio na experiência maior sobre um adversário extremamente jovem, mas também na força de seu meio de campo. Não à toa, os cinco homens do setor no 4-2-3-1 armado por Mourinho foram os que mais tocaram na bola [na ordem: Fellaini, Herrera, Pogba, Mata e Mkhitaryan], mais desarmaram [Herrera e Fellaini] e decidiram com gols [Pogba e Mkhitaryan].

Um troféu que marca o primeiro grande momento do clube de Old Trafford após os pouco mais de 26 anos sob o comando de Sir Alex Ferguson. O time pode ter sido pragmático, esteve longe de encantar. Mas termina a temporada apenas abaixo do Chelsea [campeão inglês], dentre os rivais domésticos, já que somou três taças [incluindo a Supercopa da Inglaterra e Copa da Liga] e a vaga para a Champions League veio com o título da Europa League. A missão de José Mourinho foi cumprida em sua primeira temporada, e com reforços – como a provável chegada de Griezmann – o United pode ter dado, nesta quarta-feira (24), o primeiro passo para voltar a ser a potência que era anos atrás.

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