Por que auxílio emergencial é importante, sim, para jogadores de futebol?

BeSoccer há 5 anos 142
Por que auxílio emergencial é importante, sim, para jogadores de futebol?

Veto de Bolsonaro ameaça a sobrevivência de atletas das divisões inferiores do futebol brasileiro

A primeira reação de muitas pessoas ao ler a manchete certamente será de indignação. Auxílio emergencial para jogadores de futebol, com todo o glamour e seus salários milionários do mundo da bola? Esqueça disso. A realidade do futebol brasileira é bem diferente: basta pensar em números para constatar que o auxílio é fundamental para jogadores de todo o país.

Com quase 800 clubes profissionais distribuídos entre as 27 unidades federativas do país, no Brasil existem aproximadamente 24 mil atletas que dependem do esporte para sobreviver, segundo dados divulgados pela CBF. Profissionais cuja renda, em maior parte, vêm da prática do futebol.

Destes 24 mil, 96% recebem menos de R$ 5 mil mensais, de acordo com a própria entidade que comanda o futebol no país. Além disso, menos de 20% dos clubes brasileiros tem calendário o ano inteiro: a grande parte das equipes jogam apenas os estaduais, já que só 128 times participam das Séries A, B, C e D. Esta última, por sinal, só vai até o meio do ano.

Assim, boa parte dos futebolistas do país dependem da renda de apenas três ou quatro meses do ano para sobreviverem. Poucos são os "Gabigols" e "Daniéis Alves", com salários gordos e relativa tranquilidade. Em pesquisa de 2016, a CBF divulgou que 83% dos atletas profissionais recebem vencimentos de menos de R$ 1 mil mensais.

Atletas tentam reverter veto de Bolsonaro ao auxílio emergencial para o setor https://t.co/ula7Kbma8h pic.twitter.com/DDkEMc6UPu

Com a instabilidade gerada pela pandemia do Covid-19 e a constatação óbvia de que, em um país onde, nesta sexta-feira (15), houveram mais de 800 mortes em decorrência do coronavírus, o futebol não pode ser retomado, nada mais justo que esses atletas que dependem do - pouco - salário mensal para conseguirem manter suas famílias recebessem o auxílio do governo.

No entanto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou que atletas profissionais recebam o auxílio emergencial de R$ 600. Além disso, mais de 50 categorias de trabalhadores informais de baixa-renda também não receberão o benefício, segundo informações do G1. 

O veto presidencial não afeta jogadores milionários: é muito improvável que qualquer atleta das Séries A e B do Brasileirão sequer requisitasse o auxílio, já que, para ele ser aprovado, a renda mensal da família tem que ser menor do que R$ 3.100 mil. Quem será ameaçado de verdade são os profissionais mais pobres, aqueles da parte de baixo da pirâmide.

Além deles, outros trabalhadores como fisioterapeutas e preparadores físicos também serão afetados. Não se esqueça: a mesma medida que foi aprovada indevidamente para mais de 100 mil militares foi vetada para um número menor de profissionais que terão suas profissões ameaçadas com a paralisação.

O próprio Bolsonaro, que fez coro com alguns clubes para a retomada do futebol do Brasil, justificou a opinião afirmando que muitos profissionais dependem do esporte para sobreviverem. "Muitas vezes, temos o pensamento que todo jogador ganha horrores. Não, a maior parte não ganha bem e depende do futebol para sustentar a família." declarou o presidente.

Desta maneira, segundo o próprio presidente, jogadores dependem do futebol para se sustentarem. Não há porque vetar o benefício: o auxílio emergencial é realmente importante para atletas profissionais.

O que é o auxílio emergencial?

Devido ao coronavírus, o governo criou um benefício para os trabalhadores que perderam sua renda mensal com a pandemia. Este auxílio emergencial seria de R$ 600. Para tê-lo, o requisitário precisa cumprir alguns requisitos:

Ser maior de idade. Não ser titular de um programa de benefício assistencial. Ter renda familiar mensal de até três salários mínimos (R$ 3.135). Ser trabalhador autônomo, informal ou MEI.

O projeto de lei que ampliava o benefício para outras categorias de trabalhadores de baixa renda foi proposto pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC).

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