Retrospectiva 2017: o conturbado, mas bom ano do Cruzeiro, a sucessão de erros do Atlético-MG e o show do América-MG

BeSoccer há 6 anos 991
Temporada mineira teve altos e baixos. Goal

Clubes mineiros viveram temporadas muito diferentes neste ano.

Os clubes mineiros viveram anos muito diferentes em 2017. O América-MG começou sem inspirar muita confiança, mas fechou a temporada com o bicampeonato da Série B do Campeonato Brasileiro, deixando o Internacional para trás e garantindo seu retorno à elite do futebol nacional. Já o Atlético-MG começou com tudo, mas depois cometeu um erro atrás do outro e fechou o ano de forma decepcionante. O Cruzeiro, por sua vez, começou instável, teve um momento de baixa em que a temporada parecia estar acabada de forma precoce, mas acabou tendo um 2017 de muita felicidade.

O Atlético-MG começou bem o ano. A grande contratação foi Elias, que chegou para reforçar um elenco já muito forte e cheio de estrelas. Não à toa, o 'Alvinegro' era tido como grande favorito a todos os títulos da temporada, ao lado de Flamengo e Palmeiras.

Apesar de poucas atuações empolgantes com Roger Machado no início de 2017, o time atleticano conseguiu bons resultados e, na reta final do Campeonato Mineiro e da fase de grupos da Copa Libertadores, emendou uma ótima sequência de vitórias com excelentes e convincentes exibições. O 'Galo' ainda faturou o Estadual em cima do maior rival e teve uma campanha muito boa no continente. Parecia que o melhor estava por vir.

No entanto, não foi isso que aconteceu. Com vitórias e boas atuações fora de casa, mas exibições ruins e uma série de resultados negativos no Independência, o Atlético-MG teve um início de Brasileirão muito aquém do esperado e foi ficando para trás na luta pelo título e até mesmo por uma vaga na Libertadores. Ao contrário do habitual no 'Galo', o time se mostrava um visitante temível, mas um mandante ruim, isso mesmo contra equipes, em teoria, inferiores.

A pressão sob Roger Machado foi aumentando até que, mesmo com uma situação reversível nas oitavas de final da Libertadores e com a vantagem contra o Botafogo na Copa do Brasil, o treinador foi demitido antes dos duelos de volta dos torneios já em fases mata-mata. Para o seu lugar veio Rogério Micale, campeão olímpico, mas sem experiência em um grande clube profissional. O resultado foi desastroso e o técnico rapidamente perdeu seu emprego, após as eliminações nos dois torneios eliminatórios e uma situação ainda pior no Brasileiro. Para piorar, as estrelas do time, Fred e Robinho, que já não vinham bem, caíram ainda mais de rendimento com ele.

O 'Galo', então, mudou o perfil e contratou Oswaldo de Oliveira. O experiente treinador, ao contrário das expectativas, acabou fazendo um ótimo trabalho, recuperando peças que viviam má fase como Robinho, Fred e Otero, e fazendo o Atlético-MG ter a melhor campanha do Brasileirão desde a sua chegada, além de bater o Cruzeiro no Mineirão com show do 'Rei das Pedaladas'. No entanto, após a sucessão de erros ao longo da temporada, não foi o suficiente para conseguir a vaga na Libertadores de 2018.

Para piorar, o mercado visando a próxima temporada tem sido péssimo. Sem muita grana para gastar, o 'Alvinegro' tem apostado em jogadores que estão em baixa e pouco atuaram recentemente, e ainda perdeu Fred, seu artilheiro em 2017, que rescindiu com o clube e foi para o rival Cruzeiro.

O ano do Atlético-MG foi péssimo, tendo como pontos positivos apenas o título mineiro e o sinal verde para a construção de seu estádio próprio. Por outro lado, o planejamento para a temporada não foi bem feito e executado da pior maneira possível. Roger não deveria ter sido demitido e a escolha por Micale para o seu lugar foi péssima. A diretoria parecia não saber o que queria, foi na base de tentativa e erro, mudou ideias e tomou decisões equivocadas e precipitadas. O desempenho e os resultados foram decepcionantes e, com o mercado até aqui, as esperanças de um bom ano em 2018 são cada vez menores.

O Cruzeiro, por sua vez, teve um caminho diferente em 2017. A grande contratação foi Thiago Neves, que chegou para ser a estrela de um elenco já bom e com ótimas opções para o competente técnico Mano Menezes.

O início foi animador, com uma boa sequência de vitórias e triunfos sobre o rival Atlético-MG na Primeira Liga e no Estadual. No entanto, as coisas desandaram entre maio e julho.

A Raposa perdeu a final do Campeonato Mineiro para o Galo, foi eliminada na primeira fase da Copa Sul-americana e teve um início instável no Brasileirão. Os resultados eram ruins e o desempenho ainda pior. A cobrança era enorme e a pressão sob Mano Menezes parecia ser insustentável. A torcida foi até a Toca da Raposa II protestar e pedir a saída do treinador e de alguns jogadores, como Kunty Caicedo.

O equatoriano até voltou para o seu país, mas Mano continuou no cargo, e o Cruzeiro não poderia ter feito escolha melhor ao ir contra a tosca cultura e mentalidade de resultados do futebol brasileiro e de o técnico ser sempre o culpado.

Mano fez alguns ajustes, a equipe se acertou, subiu de rendimento e conseguiu fechar a temporada em ótima forma com o pentacampeonato da Copa do Brasil e uma ótima campanha no Campeonato Brasileiro. A 'Raposa' teve Fábio e Thiago Neves como grandes figuras em 2017 e um fim de ano inesquecível.

Por outro lado, logo após a conquista nacional, o Cruzeiro teve problemas em seus bastidores. A chapa da situação, com Wagner Pires de Sá como presidente, venceu as eleições, mas ao invés da esperada tranquilidade, o clube entrou em uma grave crise política. E isso explodiu em função do anúncio de Itair Machado como homem forte do futebol celeste na próxima gestão.

O departamento de futebol que fez um bom trabalho em 2017 se desfez com as saídas de Bruno Vicintin, Klauss Câmara e Tinga. Ameaças e denúncias foram feitas, Zezé Perrella voltou ao clube como presidente do Conselho Deliberativo e além do Senador da República, outros membros do conselho foram acusados de corrupção e envolvimento em escândalos.

O maravilhoso clima após o título da Copa do Brasil deu lugar a um clima ruim e de preocupação pela crise nos bastidores. No entanto, as coisas melhoraram na reta final do ano. Apesar de polêmicas, Mano Menezes teve sua permanência garantida e segue no Cruzeiro em 2018, Hudson e Diogo Barbosa, peças importantes em 2017, saíram, mas Egídio voltou e Fred foi contratado para resolver o problema de gols no ataque celeste. A expectativa é boa para 2018 e 2017 termina com um saldo muito positivo apesar dos altos e baixos, das crises e das polêmicas e ter sido muito conturbado na Toca II.

Já o América-MG foi, talvez, o time mais regular de Minas Gerais, e viveu uma temporada inesquecível. O 'Coelhão' não convenceu nos outros torneios da temporada, mas brilhou na Série B do Campeonato Brasileiro e faturou o bicampeonato, desbancando o poderoso e favorito Internacional.

O Coelho teve a melhor defesa da Segundona com apenas 25 gols sofridos e emendou boas séries de sequências de vitórias. O time comandado pelo competente Enderson Moreira, que fez um ótimo trabalho no decacampeão mineiro, se destacou não apenas pela solidez defensiva, com ótimas temporadas do goleiro João Ricardo e do zagueiro e capitão Rafael Lima, mas também pelo talento ofensivo, especialmente de Matheusinho, camisa 10 muito talentoso e grande estrela americana, já cobiçado por clubes europeus.

Também vale destacar o ano emocionante de Rafael Lima. O capitão do América-MG fazia parte do elenco da Chapecoense em 2016 e perdeu vários de seus amigos na tragédia. Chateado por não poder participar do maior jogo da história da Chape, clube onde reescreveu sua carreira após passar por momentos difíceis, o zagueiro, que era titular do Verdão do Oeste, só não viajou por estar lesionado na época. Ele acabou não permanecendo em Santa Catarina neste ano e veio para o 'Coelho'.

E em Belo Horizonte, um ano depois da tragédia, ele não só voltou com o América-MG para a Série A do Brasileirão, como foi o capitão, ergueu a taça de campeão e marcou tanto o gol do acesso quanto o gol do título. Emocionante.

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