Thiago Neves, das provocações sem fim à uma pressão sem igual no Atlético-MG

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Thiago Neves, das provocações sem fim à uma pressão sem igual no Atlético-MG. AFP

O meia, que fez história no Cruzeiro e colecionou polêmicas com o Galo, será jogador do Alvinegro de Belo Horizonte

Thiago Neves é aquele tipo de jogador que se acostumou a decidir jogos, conquistar grandes troféus, e também a acumular uma boa dose de polêmicas por causa de suas provocações. E nos três anos em que vestiu a camisa do Cruzeiro, sendo bicampeão da Copa do Brasil (2017, 2018) e do Campeonato Mineiro (2018, 2019), é provável que tenha feito do Atlético a sua maior vítima de gozações e ironias. Exatamente por isso que a sua surpreendente contratação pelo Galo, com vínculo até o fim desta temporada, choca e coloca uma pressão sem igual nos ombros do meia de 35 anos.

A notícia foi dada em primeira mão pela Rádio Itatiaia e pegou praticamente todo o futebol brasileiro de surpresa. Thiago Neves, vale lembrar, vive o pior momento de sua carreira: no rebaixamento do Cruzeiro à segunda divisão, deixou o clube com o rótulo de vilão pelas exibições ruins na reta final daquele Brasileirão de 2019 e com a imagem arranhada pela postura extracampo (algo que ficou imortalizado com o áudio vazado para o dirigente Zezé Perrella); Chegou ao Grêmio sob protestos da torcida, no início de 2020, e até ser dispensado pelos gaúchos vinha apresentando desempenho até mesmo pior ao de seu último ano na Toca da Raposa.

Mas nada disso chega ao nível da pressão que Thiago vai sentir com a camisa atleticana. Tão logo sua contratação foi noticiada, torcedores alvinegros fizeram questão de mostrar a revolta nas redes sociais. Até mesmo um abaixo-assinado, intitulado “Petição para Thiago Neves não ir para o Galo”, foi criado e arrebatou centenas de assinaturas em poucos minutos. O recado não poderia ser mais evidente: Thiago Neves não é bem-vindo no Atlético. Ao menos para gigante parte dos torcedores.

Histórico de provocações

Vale destacar que esta não é uma questão apenas de rivalidade. O número de grandes nomes que foram ídolos do Cruzeiro e jogaram no Atlético, e vice-versa, é enorme: passa, por exemplo, por craques como Nelinho, Toninho Cerezo e Reinaldo – imortais do futebol mineiro. Em uma era de redes sociais e vídeos viralizados, Thiago Neves não conquistou a repulsa máxima dos atleticanos por causa dos cinco gols marcados em 14 clássicos: o meia o fez pelo excesso de provocações e ironias que buscavam diminuir o Atlético Mineiro.

Em janeiro de 2019, por exemplo, dez dias após a queda de uma barragem que resultou na morte de mais de 100 pessoas em Brumadinho, Thiago Neves tirou uma foto do CT atleticano e escreveu: “Barragem que já caiu uma vez assusta moradores de Vespasiano e região. Atenção aí pessoal!”. A mensagem era uma provocação ao rebaixamento do Galo, em 2005, à Série B. Horas depois, ciente do exagero por causa da tragédia, o atleta apagou a postagem e pediu desculpas. Mas não parou de fazer suas ironias para com o Galo: em julho do mesmo ano escreveu uma mensagem no Twitter, em resposta a uma conta “fake” do diretor de futebol Alexandre Mattos, em tom provocativo aos alvinegros – posteriormente ele também apagaria a mensagem.

Pressão gigante e muito a responder

Este histórico de hostilidades e provocações acabou gerando uma grande catarse dos atleticanos na reta final de 2019, quando Thiago Neves viu sua imagem de ídolo cruzeirense ser trocada para a de vilão no rebaixamento inédito da Raposa. O que a torcida do Galo jamais imaginaria era que, menos de um ano depois, o meia chegaria para vestir a camisa alvinegra.

Thiago Neves foi um pedido do técnico argentino Jorge Sampaoli, que buscava opções criativas depois de ter tirado o equatoriano Juan Cazares de seus planos. Segundo noticiado pela Itatiaia, o jogador receberá um salário menor ao que tinha no Grêmio e o contrato terá bônus pelo cumprimento de metas. Neste roteiro impensável, contudo, Thiago Neves vai ter que jogar muita bola para conseguir a maior de todas as metas: ser aceito pela torcida atleticana.

A seu favor, a falta de público nos estádios por causa da pandemia de Covid-19. É a única razão para que, ao menos neste início, ele não seja recebido com vaias.

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