Ancelotti estanca a crise da Seleção, mas ainda tem trabalho pela frente

O ex-treinador do Real Madrid se disse “satisfeito” com o empate sem gols no Equador e a vitória por 1 a 0 sobre o Paraguai, que garantiram à Canarinho a classificação para o Mundial da América do Norte.
Estas são as principais chaves da estreia de Ancelotti com a Seleção:
“Sou italiano, não se esqueçam.” Foi com essas palavras que ‘Carletto’ celebrou o fato de o Brasil não ter sofrido gols em seus dois primeiros jogos sob seu comando.
A defesa vinha sendo um dos grandes problemas nas Eliminatórias. Com 16 gols sofridos em 16 rodadas, o Brasil é a pior defesa entre as seis seleções atualmente classificadas diretamente para a Copa.
Nesse novo sistema defensivo, quem se destacou foi Alexsandro Ribeiro, zagueiro do Lille e quase desconhecido do torcedor brasileiro, que foi titular nas duas partidas e, além da segurança na defesa, se destacou com passes verticais que quebraram a pressão adversária.
Ancelotti atribuiu a melhora defensiva ao fato de que todos os jogadores “ajudaram muito na marcação”, algo que ele sentiu falta em sua última temporada no Real Madrid.
O Brasil pressionou intensamente o Paraguai no primeiro tempo, praticamente ocupando todo o campo ofensivo.
“Pressionar é muito importante, mas é preciso correr”, reforçou em entrevista coletiva.
Parece que o sacrifício coletivo será uma de suas exigências. O técnico deixou claro esse recado ao mencionar que Neymar, ausente por lesão e frequentemente criticado por pouca entrega defensiva, ‘também fará isso sem nenhum problema’.
Ancelotti pacificou o ambiente interno da Seleção. O fato de ser um dos técnicos mais vitoriosos da história trouxe estabilidade e respeito ao grupo, encerrando o ciclo turbulento vivido sob Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior.
O respaldo é unânime entre os jogadores e a imprensa brasileira o vê com admiração. Prova disso é que, em apenas dois jogos no cargo, um jornalista presenteou Ancelotti — que completou 66 anos na terça-feira — com sua primeira caixa de charutos brasileiros.
No lado negativo, ‘Carletto’ ainda não encontrou uma forma de dar fluidez ao jogo da Seleção. Em Guayaquil, testou um meio-campo com Gerson, Bruno Guimarães e Casemiro, mas o time criou muito pouco.
Contra o Paraguai, tirou o meia do Flamengo e colocou Gabriel Martinelli como quarto atacante. O desempenho ofensivo melhorou, mas ainda de forma irregular, dependendo de arrancadas e lampejos das estrelas.
Além disso, os dois principais articuladores da equipe vivem momentos de incerteza: Lucas Paquetá está sob risco de suspensão por envolvimento com apostas ilegais e Neymar segue enfrentando uma sequência de lesões.
Apesar do domínio claro contra o Paraguai — com mais de 70% de posse de bola — e da escalação com quatro atacantes, o time de Ancelotti acertou apenas quatro finalizações no gol. Contra o Equador, apenas três.
Um rendimento muito baixo para uma equipe que sonha com o título mundial. Richarlison foi muito mal em Quito e Matheus Cunha atuou mais como meia do que como centroavante em São Paulo, com Vinícius Júnior jogando mais centralizado, segundo o próprio Ancelotti.
Pedro (Flamengo) e Endrick (Real Madrid) aparecem como alternativas viáveis para o comando de ataque.