Cinco Estrelas: a importância do sócio-torcedor

Cruzeiro bem, final de campeonato chegando, torcida animada..... A fórmula está longe de ser inédita na história do clube cinco estrelas. Mas nos momentos decisivos, um problema sempre se repete. A capacidade limitada do Mineirão.
A China Azul é imensa! São mais de 8 milhões de torcedores (tem tanto tempo que falamos este número que tenho convicção que já passamos dos 10) e no Mineirão cabem menos de 60 mil. E nestas horas, não tem como colocar todo mundo dentro do estádio.
Belo Horizonte tem quase 1 milhão e meio de pessoas (fora as cidades da região metropolitana). Se 10% da cidade desejar estar no Mineirão no duelo decisivo contra o Palmeiras, quase 2/3 dos interessados ficaria de fora. E o Cruzeiro vai muito além de Belo Horizonte. Tem uma imensa torcida espalhada pelo país e que também está sedenta pela oportunidade de comparecer ao principal palco do futebol mineiro para a decisão.
Como, então, distribuir estes poucos ingressos existentes com justiça? Na era da Internet, é possível minimizar problemas eternos destes momentos como o cambismo, as longas filas e etc? Acredito que o Cruzeiro tem demonstrado que sim. E tentarei dizer o porquê.
Esqueça os sócios cativos. Desde que o sistema foi implementado, o Cruzeiro tem mantido algo entre 10 e 20 mil torcedores destas categorias. "Privilegiados" que acompanham toda a disputa por ingressos de camarote. Mas as aspas são justas. Ter todo mês um dinheiro suficiente para adquirir uma cota entre as mais caras à disposição é privilégio em um país desigual como o nosso, não resta dúvidas.
Todavia, que se faça justiça. Esta disponibilidade é a mais valiosa para o clube também. Natural que estes, que pagam para ter seu lugar garantido no Cruzeiro x Tricordiano no Mineiro, tenham este direito agora também.
Ficam restando, assim, algo em torno de 30/35 mil ingressos para as outras categorias. Mas, volto a dizer, tem gente que faz, por exemplo, o Cruzeiro Sempre simplesmente por não ter condições financeiras de ser cativo. Gente, por exemplo, que se manteve como sócio durante a má fase dos últimos dois anos. E que recebe do clube agora uma valorização em detrimento dos que se associaram recentemente.
Não há oportunismo em se associar para ir a uma final, por exemplo. Mas é necessário ser justo. Não é necessário valorizar um pouquinho mais aquele que esteve junto ao clube como sócio mesmo no momento difícil? Se for para alguém ficar de fora, me parece que o "crime" é maior de punir um sócio há 3 ou 4 anos contribuindo com o clube do que aquele que se associou semana passada para garantir a oportunidade. E que, muitas vezes, pensa em desassociar na primeira má fase da equipe.
A final da Copa do Brasil surge como um momento de ouro para valorização do programa de sócio-torcedor da Raposa, mas é necessário também valorizar aquele que contribui: o torcedor! Ninguém é mais torcedor que ninguém, é evidente. Mas, infelizmente, o Mineirão é menor do que o tamanho da nossa paixão e da nossa China Azul.
Reclamar e se sentir injustiçado é um direito e o clube tem que ouvir todos, é claro. Mas é necessário também ter senso de justiça. Teve quem se queixou, por exemplo, do clube não permitir ao sócio levar um acompanhante! Ora, cada não sócio dentro do estádio significaria um sócio a mais ausente. Mais alguém que contribuiu e não pode estar presente na hora de comer o filé.
Ao torcedor, resta entender a importância do sócio-torcedor. De se manter associado mesmo nas horas difíceis. É função do clube fazer com que isto se torne claro para aqueles que não enxergam esta importância. Em finais anteriores, vimos cambistas, filas longas e outras injustiças definirem quem iria ao estádio.
Ao valorizar o sócio-torcedor, o Cruzeiro acerta em cheio e torna mais justa a seleção de quem terá o direito de estar no Mineirão na grande decisão. Direito mesmo. Bem melhor que antigamente quando era um privilégio.
Texto por João Henrique Castro