Se há algumas semanas alguém dissesse que a primeira vitória do Corinthians na Neo Química Arena seria sob o comando de Dyego Coelho, poucos acreditariam. Mas o futebol muitas vezes reserva boas surpresas, mesmo que inesperadas. Após a demissão de Tiago Nunes, um jogo muito ruim contra o Fluminense e protestos no aeroporto, o treinador interino reinventou o time em pouco tempo e o melhor, apostando em jogadores da base. Mesmo que não seja efetivado, o legado de sua passagem pode ser bem positivo.
Logo após a saída de Tiago Nunes, Andrés Sanchez disse que o Corinthians estava no mercado em busca de um treinador experiente para comandar a equipe nesse momento turbulento.
Coelho, que foi revelado no ‘terrão’ e participou da conquista do Brasileirão de 2005, conhece bem o Corinthians, mas certamente ainda não é um treinador experiente. Sua primeira experiência como técnico nos profissionais foi no ano passado, nas últimas oito rodadas do Campeonato Brasileiro, após a saída de Fábio Carille.
Inclusive, ele só comandou a equipe porque Tiago Nunes, que já havia acertado com o Corinthians, preferiu assumir apenas neste ano. Ele já sabia que, independentemente do trabalho, seriam apenas oito jogos no comando do Timão.
Agora, novamente ele assume e com poucas esperanças de ser efetivado, mas a vitória desta quarta-feira (16), contra o Bahia, definitivamente tem sua assinatura.
September 17, 2020
Em primeiro lugar, Coelho soube se adaptar muito bem à situação. Sem Jô e Boselli, ele foi obrigado a escalar um time sem centroavante. Para isso, mudou o esquema, entrou com Vital e Araos mais à frente e contou com muita movimentação de todo o time para incomodar o Bahia de Mano Menezes.
Treinador do time sub-20 do Corinthians, Coelho também conhece bem as categorias de base da equipe e sabe da importância do ‘terrão’ na história do clube, uma vez que passou bons tempos por lá. E para a partida contra o Bahia, o novo comandante da equipe surpreendeu ao armar a equipe titular com Roni e Xavier, dois jovens que ainda não haviam estreado entre os profissionais.
Para isso, deixou jogadores como Ramiro e Camacho no banco, mas mostrou que sabia o que estava fazendo. Os dois jovens foram os grandes destaques do meio de campo da equipe. Deram mais mobilidade ao time, se apresentaram para jogar e participaram da saída de jogo. Roni, inclusive, foi o autor do segundo gol da equipe em belo chute de fora da área .
September 17, 2020
Mas para usar os jovens, Coelho exaltou o apoio que recebeu dos demais jogadores, principalmente dos mais experientes.
“A escolha do Xavier e do Roni vem muito com a maturidade do grupo quando acontece uma escolha assim. Primeiramente quero agradecer os jogadores, por tudo que eles estão fazendo, principalmente aqueles que saíram para entrada dos mais jovens e a moral que eles deram para esses meninos”, destacou após a partida.
“Não vem só do merecimento deles, mas também da galera que está no dia a dia, a moral, a força e confiança que eles deram para esses meninos. Isso nos ajudou muito. Preciso sem dúvida agradecê-los porque não é uma mudança fácil e tive o respaldo de todos”, completou.
E Coelho realmente tem o respaldo do elenco e conhece muito bem grande parte dos jogadores que lá estão. Além de ter trabalho na equipe no ano passado, ele tem boa relação com Cássio e Gil, jogou com Jô em 2005, de quem é amigo pessoal, e conhece Fágner desde os tempos das categorias de base. Todos esses são líderes do vestiário do Timão.
Por fim, algo que o treinador interino vem repetindo desde o primeiro minuto que assumiu é a necessidade de recuperar a confiança dos jogadores. Isso é algo que só vem com o tempo, mas vitórias como essa, contra o Bahia, a primeira da equipe na Neo Química Arena, certamente contribuem muito para isso.
Coelho pode não ser efetivado e precisará de muito mais do que um jogo bom para convencer a todos de que já pode ser o treinador principal do Corinthians, mas já começa a deixar um legado que pode ser muito positivo para o futuro da equipe. Roni e Xavier que o digam.