O Vasco da Gama é um dos tantos clubes que faz uma temporada bastante irregular neste futebol jogado sob o contexto da pandemia de Covid, que espreme o calendário e intensifica dificuldades já existentes. Para a apreensão da torcida cruz-maltina, esta irregularidade está situada na parte de baixo da tabela. Mais uma vez o objetivo é escapar de um rebaixamento à Série B do Brasileirão. O ano de 2020 terminou de forma amarga, com derrota por 3 a 0 para o Athletico-PR e dentro da zona de rebaixamento, mas ao menos 2021 começou dando a esperança de vida nova... ainda que com nomes antigos.
A torcida vascaína passou a virada do ano sem saber quem seria seu treinador, depois da demissão de Ricardo Sá Pinto em 29 de dezembro. Tentou-se a volta de Zé Ricardo, mas quem acabou aceitando mais uma vez o desafio de tirar o Gigante da Colina da ameaça de rebaixamento foi Vanderlei Luxemburgo. O mesmo Luxemburgo cujo trabalho em 2019 lhe fez cair nos braços dos cruz-maltinos, ao tirar o time da parte de baixo da tabela para terminar aquele Brasileirão sem sustos e com uma digna – para a realidade atual do clube – vaga para a Copa Sul-Americana. Em sua nova estreia na área técnica do Vasco, Luxa teve o alívio de ter conseguido tirar a equipe do Z4.
A grande vitória do Vasco sobre o Atlético-GO, em Goiânia, na estreia de Luxemburgo, foi ter evitado a derrota. O único ponto conquistado no empate sem gols levou o Cruz-maltino a 29 pontos, um a mais em relação ao Bahia – a quem empurrou para o Z4 nesta 28ª rodada. Um dos pilares no objetivo traçado por Luxemburgo, no que ele chamou de “campeonato de 12 jogos”, é evitar ao máximo a derrota.
Em Goiânia a escalação com meio-campo reforçado deu uma segurança defensiva maior, se comparada aos tempos de Sá Pinto. Yago Pikachu, solto na ponta direita com liberdade para criar em outros setores de ataque, também apresentou bons momentos no primeiro tempo. O problema foi o desempenho na segunda etapa, quando o time não conseguiu manter o ritmo. Não fosse Henrique salvando uma bola em cima da linha, a estreia de Luxa poderia ter sido com derrota. Ainda assim, além do resultado com viés positivo o time conseguiu ter um grau de competitividade que vinha faltando anteriormente.
Some à esperança causada pela chegada de Vanderlei Luxemburgo a reviravolta que aconteceu no destino de Martín Benítez. O meio-campista argentino, ao lado de Germán Cano um dos únicos destaques do time na temporada, já havia se despedido dos companheiros de clube depois que seu contrato de empréstimo chegara ao fim, em 31 de dezembro. O Independiente, que detém os direitos econômicos do atleta, aceitava apenas vende-lo em definitivo por um preço que o Cruz-maltino não poderia pagar no momento. Entretanto, a situação esfriou e agora os argentinos aceitaram renovar o empréstimo de Benítez por mais seis meses – com opção de compra de 60% dos direitos econômicos do meia por 4 milhões de dólares. A oficialização do acordo, segundo publicado pelo GE, é apenas um detalhe.
Jogador mais criativo do Vasco nesta temporada, Benítez marcou dois gols e deu passes para outros três considerando todas as competições disputadas com a Cruz de Malta ao peito. Sem o seu camisa 10, o conjunto vascaíno sofre: venceu apenas uma vez no Brasileirão, foi derrotado cinco vezes e empatou quatro no total de dez partidas pelo Campeonato Brasileiro. O retorno de Benítez entrega mais criatividade e armas ofensivas para o Vasco tentar fugir de vez do rebaixamento. Benítez e Luxemburgo não são nomes novos, mas podem dar vida nova na missão do clube.